sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

10 RAPIDINHAS

1. Vai rolar no CINUSP mostra de SUSPENSE, de 2 a 27 de fevereiro, com os filmes: “A Vila”, “O Silêncio dos Inocentes”, “Veludo Azul”, “Um Corpo que Cai”, “O Vampiro de Dusseldorf”, “Chinatown”, “Onde Os Fracos Não Têm Vez”, “Laura” e “Os Suspeitos”. Serviço: o Cinusp é totalmente gratuito e fica na rua do Anfiteatro, 181, Colméia, favo4 - Cidade Universitária – são dois horários diários de projeções, às 16h e às 19h. Mais informações no www.usp.br/cinusp

2. Sexta e sábado, dias 30 e 31, são os últimos dias pra ver de graça os filmes NÃO POR ACASO e ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA na sala de cinema e videoteca do MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA que fica na av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda – informações no http://www.memorial.sp.gov.br/

3. Por apenas 1 real dá para assistir no Cine Olido, nos dias 30 e 31, as seguintes produções brasileiras: “Ed Morte”, “Efeito Ilha”, “Hans Staden”, “Tapete Vermelho”, “Perfume de Gardênia” e “O Cego que Gritava Luz”. Este cinema fica na Galeria Olido na av. São João, 473 – informações no http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/cultura/dia/2007/12/0011

4. No CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), de 30/01 a 05/02, com ingressos a 4 realitos, você pode ver os filmes da 1ª Retrospectiva do Cinema Paulista: “São Paulo S/A”, “O Bandido da Luz Vermelha”, “Noite Vazia”, “Floradas da Serra”, “Alma Corsária”, “Excitação”, “O Grande Momento”, “As Belas da Billings”, “A Causa Secreta”, “O Prisioneiro da Grade de Ferro”, “O Fim da Picada”, “Cidade Oculta”, “O Gosto do Pecado” e “O Vampiro da Cinemateca”. O CCBB fica na rua Álvares de Azevedo, 112, - http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr2/sp/index.jsp

5. O Grupo TEATRO DA VERTIGEM mostra gratuitamente, somente aos sábado e domingos, às 20h, até o dia 08/02, a leitura cênica da peça HISTÓRIA DE AMOR (ÚLTIMOS CAPÍTULOS), de Jean-Luc Lagarce. O teatro fica na rua Treze de Maio, 240, na Bela Vista. – Mas é aquele drama: tem que chegar uma hora antes pra tirar o ingresso.

6. No Itaú Cultural, o Grupo Giramundo de Minas Gerais, remonta AS RELAÇÕES NATURAIS, peça da obra de QORPO SANTO – a peça é encenada por 25 bonecos.
Serviço: a Sala Itaú Cultural fica na av. Paulista, 149 – quarta-feira, dia 04, às 20h, Grátis (única apresentação). Informações http://www.itaucultural.org.br/

7. Para as crianças tem a FÁBULA DA CRIAÇÃO de José Facury Heluy. Com bonecos, mímicas e números circenses, os atores Eduardo Alves, Rubinho Louzada e Cátia Pires contam a história de dois palhaços que recebem a missão de cuidar do mundo. Última apresentação é neste sábado, dia 31, às 16h30 na praça de Eventos do SESC-Vila Marina que fica na rua Pelotas, 141 – Grátis. http://www.sescsp.org.br/

8. Na próxima terça, dia 03, no SESC da av. Paulista, o violeiro Roberto Carrêa apresenta o CD “Antiquera” com a Orquestra à Base de Cordas. Grátis – Local: av. Paulista, 119, às 19h. http://www.sescsp.org.br/

9. E temos o grande sambista NELSON SARGENTO apresentando seu disco “Versátil”, somente hoje, no SESC-Vila Mariana, com ingressos de 7 a 30 pilas. http://www.sescsp.org.br/


10. Neste sábado, dia 31, a meia-noite, tem apresentação da comédia “Será Que A Gente Influência o CAETANO?”, com Alexandre Bamba e Mario Martins. Este é um dos primeiros textos teatrais de Mário Bortolotto, que foi dirigido por Henrique Strotter e Claudinei Brandão. Serviço: Espaço Parlapatões, praça Roosevelt, 158 – Consolação – ingressos 20 realitos. http://www2.uol.com.br/parlapatoes/espaco/home/index.htm

domingo, 25 de janeiro de 2009

SAMPAX


Foto minha de 2006, quase no mesmo local da av. São João em que Claude-Lévi Strauss, em 1937, também fotografou (ao fundo, o edifício Martinelli).



Em homenagem ao 455º aniversário de Sampa segue um fragmento (curto e grosso) do poema “Ode a Fernando Pessoa” do paulista Roberto Piva.

"...São Paulo, cidade minha, até quando serás o convento do Brasil?
Até teus comunistas são mais puritanos do que padres.
Pardos burocratas de São Paulo vamos fugir para as praias?
Ó cidade das sempiternas mesmices, quando te racharás ao meio?
Quero cuspir no olho do teu Governador e queimar os troncos medrosos da floresta
humana.
Ó Faculdade de Direito, antro de cavalgaduras eloqüentes da masturbação transferida!
Ó mocidade sufocada nas Igrejas, vamos ao ar puro das manhãs de setembro!
Ó maior parque industrial do Brasil, quando limparei minha bunda em ti? (...)"

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"LULINA"



Terça passada, enquanto Obama ainda era coroado rei do universo, eu passei pela Mercearia São Pedro, na Vila Madalena, porque queria ver o lançamento do curta metragem “Como Fazer Qualquer Pessoa se Apaixonar por Você”, de Edson Kumasaka, com roteiro da escritora Índigo, que utilizou o título de famoso livro de auto-ajuda, “How to Make Anyone Fall in Love with You”, de Leil Lowndes, para contar a história de uma solitária garota e sua rotina no prédio onde mora.

O filme foi realizado com humor e muita delicadeza, mas provavelmente ele só voltará a ser exibido (assim como outros que já vi de Kumasaka - como o “Projeto Ana C. Cesar”) em mostras especiais, ou nalgum outro evento cultural.
O roteiro é de fácil assimilação e a belíssima Bebel de Barros que interpreta a garota solitária parece estar totalmente à vontade na personagem; no entanto, o que me encantou mesmo foi a "quase" angelical trilha composta por uma figura encantadora chamada LULINA (não tenho certeza, mas pra mim ela é pernambucana, porque quando eu estava do seu lado percebi o sotaque gostoso de recifense).

Depois de algumas “Originais” na cabeça voltei pra casa com muita vontade de saber mais sobre a autora daquelas músicas que ficaram perfeitas no filme. O Google imediatamente me mandou pra página da cantora no My Space (http://www.myspace.com/lulina) e ali eu pude curtir na íntegra algumas canções disponíveis como “Nós”, “A Margarida”, “Criar Minhocas é um Negócio”, “Sonhar com Bebês” e a hilária e provocadora “Balada do Paulista” (que vocês podem ver e ouvir clicando aqui http://br.youtube.com/watch?v=GCFIDxjCmz4).

Ouçam lá no My Space e acompanhem aqui a quase “meiga”/“ingênua” (e “feminista”) letra da música “Meu Príncipe”.

Meu príncipe
Não vem em cavalo branco
Não tem muito dinheiro
Mas eu o amo mesmo assim
Meu príncipe arruma toda a casa
Prepara minha comida
Enquanto eu tô no botequim

Meu príncipe me dá múltiplos orgasmos
Ai meu príncipe são 13 no total
Ele limpa o banheiro
Eu trabalho o dia inteiro
Ele lava a roupa suja
E eu bebo, bebo, bebo, bebo
Ele briga com as crianças
E eu toco violão
Ele quer discutir a relação
E eu não.
Na foto: a roteirista, o produtor, a atriz e a cantora



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Crianças crescem, os brinquedos (não) mudam."

Pensem num garoto que na sua infância não soltava pipas, não rodava pião, não se importava com bolinhas de gude, não corria atrás de balão, não queria saber nem de bicicleta... Pois é! Esse ser aparentemente insociável foi “mi”. Digo “aparentemente”, mesmo, porque na verdade eu não me ligava no que era comum (já era metido a ser diferente). De toda a redondeza eu era o maior consumidor de congas, bambas e kichutes, que se extenuavam em sucessivas pelejas. Passava boi, passava boiada e a vida de Zezinho era só jogar bola; durante horas ficava longe de casa e dona Conceição, minha doce genitora, sabia que a asfaltada rua de trás tinha potente iluminação e boa “vizinhação” pra me deixar lá até altas horas.

De lamentável é meu corpinho de ex-trintão não me permitir mais correr atrás da pelota como antes; a última vez que me atrevi deu taquicardia, a vista até escureceu – também fui querer enfrentar uma molecada em pleno vigor futebolístico; e não adianta virem me importunar como seu não soubesse tratar bem a bola. Nos meus tempos de menino eu até que exibia algumas jogadas de encher os olhos - não tinha medo de entrar em divididas e me empenhava muito dentro de uma quadra (sempre curti mais Futebol de Salão - que hoje chamam de Futsal). Contudo minha “magricetude” congênita antecipou o fim do craque que havia em mim: culpa da molecada mais robusta me quebrava toda vez que eu levava perigo à pequena área.

E é por causa desse tempo que mantenho gosto pelo “esporte bretão*” - apesar de demorar décadas pra saber o que isso quer dizer. Também acompanho com interesse o desenrolar de alguns campeonatos e sou um torcedor incomum: vibro com qualquer ascensão de time pequeno e seco os tradicionais, os grandes. Cultivo paixões por times como “Sport” (de Recife), “América” (do Trajano – ops, do Rio de Janeiro), "Avaí" (de Floripa), "Marília" (de São Paulo), "Vila Nova" (de Minas), "Bangu" (do Rio), "União de Araras" (de SP), "Caxias" (do Rio Grande do Sul), "Itumbiara" ( de Goiânia), "Sampaio Correia" (do Maranhão), entre tantos.

E o que me cansa é saber que o Futebol é ainda “testosteronizado” em máxima potência; ele vive a ilusão de que o mundo masculino tudo lhe dará. Nossas meninas do Futebol deram show de bola por onde passaram; foram vice-campeãs em diversos torneios mundiais - sem me esquecer daquela sensacional final em que sapecaram 5x0 nas americanas, ficando com o ouro do Pan 2007. Nesta semana Marta foi eleita pela terceira vez a melhor do mundo e até agora eu não sei por que cargas d’água a CBF não realiza um campeonato de Futebol feminino decente.

Fiquei sabendo que a nossa seleção feminina é constantemente convidada a participar de competições na Europa e a CBF faz de conta de que não é com ela. Sabem vocês qual será o próximo compromisso de nossa seleção feminina antes da próxima copa de 2011? NENHUM!!! Nem um mísero amistoso contra uma possível seleção de freiras enclausuradas do Iêmen.
Um dia desses deixei meu nome num abaixo-assinado onde belas e aguerridas estudantes de uma universidade caça-níquel pediam a criação de turmas de Futsal feminino. Putz! Isso tudo realmente me brocha.

* Esporte Bretão: a tese mais aceita quanto à origem do Futebol é a de que o esporte foi criado pelos ingleses, e como a Inglaterra faz parte da Grã-Bretanha, o que faz supor que o esporte é “bretão” justamente porque é da Grã-Bretanha. Mas o adjetivo relativo à Grã-Bretanha não é britânico? O Aurélião diz que "bretão" é quem nasceu na Bretanha, na França. Xiii! E agora? Se o esporte é da Grã-Bretanha, como pode ser bretão, se bretão é da Bretanha, região da França?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Este post é só pra alegrar (ou complicar)...

COMO COMPREENDER AS MULHERES?

ps: surrupiei a tirinha do blog do Bortolotto (clique na imagem pra ampliá-la )

Onde está Waly Salomão?




Em julho do ano passado fui ver no SESC-Pinheiros a curtíssima temporada da exposição “Babilaques”, dedicada ao poeta Waly Salamão; logo depois, no finalzinho de novembro, o cineasta Carlos Nader lançou seu “Pan-Cinema Permanente”, também dedicado a vida desse produtor cultural, perfomer, compositor, ator e letrista. Só que agora, a menos de dois meses de estréia, o filme está aqui em Sampa em apenas uma sala de cinema ( no Unibanco ArtePlex7 do shopping Frei Caneca, popularmente conhecido como “Gay-Caneca” ou “Gay-Plex”), ou seja: corram pra ver esse – imperdível - documentário antes que saia de cartaz.

Pra quem não sabe nada de Waly, aqui vai: ele nasceu em Jequié na Bahia e é filho de pai Sírio e mãe baiana, tropicalista, amigo de Torquato Neto e Jards Macalé, dirigiu o famoso show “Fa-tal” de Gal Costa, em1972. Produziu discos de Cássia Eller e Adriana Calcanhoto, tem parcerias com Caetano Veloso (“Mel" e "Talismã"), com Lulu Santos e Herbert Viana ("Assaltaram a Gramática", grande sucesso dos Paralamas), com Cazuza e Frejat (“Balada de um Vagabundo"), com Macalé ("Mal Secreto", "Vapor Barato" e "Anjo Exterminado"), com Adriana Calcanhoto ("Pista de Dança").

Em 1972, os artistas plásticos Oscar Romano e Luciano Fiqueiredo, a pedido de Waly e do cineasta Ivan Cardoso, fizeram o painel com as letras gigantes de “Alfa Alfavela Ville” (poema de Waly) para uma performance coletiva com artistas na praia de Copacabana, cujas fotos foram publicadas na revista "Navilouca" de Torquato e Waly.
(vejam abaixo a foto da perfomance em Copacabana, de 72, com a participação de vários poetas; entre eles, Waly, Torquato e Chacal – depois vejam Zezinho [eu] também diante das mesmas letras do poema, só que em 2008.).

Por último, clique aqui http://br.youtube.com/watch?v=q8lqNLr-3c4 para ver a sensacional canção “Mal Secreto”, de Waly e Macalé, na interpretação visceral de Luiz Melodia – e com comentários do próprio autor (aviso: dá pra chorar).

Um trechinho procês de “Mal Secreto”.

Não choro
Meu segredo é que sou
Rapaz esforçado
Fico parado, calado, quieto
Não corro, não choro, não converso
Massacro meu medo, mascaro minha dor
Já sei sofrer
Não preciso de gente que me oriente
Se você me pergunta:
Como vai?
Respondo sempre igual: Tudo legal
Mas quando você vai embora
Movo meu rosto do espelho
Minha alma chora
Copacabana - 1972

Zezinho - Sesc-Pinheiros - 2008

Acima: Zezinho imita o olhar de Waly.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O que é que há?

Há um circuito de engenhos produtores de cachaça, há um povo que mantém suas festas populares (Festa do Cururuquara; Romaria de Santo Antonio do Suru; Drama da Paixão; Corpus Christi), há, como em todo antigo povoado há, um largo da matriz com delegacia e câmara municipal, há uma casa que pertenceu a um dos mais temidos (e perverso) bandeirantes - o Anhanguera -, há um pequeno e bucólico beco com um arco florido, há uma praça central com um coreto onde se reúnem até fãs do Metal, há um sobrado onde D. Pedro, o primeiro, bolinava a marquesa, há um muro que conserva pedras e uma técnica dos antigos trabalhos de cantaria.

Há um carnaval com Samba de bumbo e com dezenas de blocos que preservam a tradição das antigas marchinhas (blocos como o “Xodó do Detó", o “Alegria dos Koroas”, o “Galo do Meio Dia”, o “Cabe Mais Um”, o “Berro da Noite do Sexo Forte”, “Os Picaretas”, o “Eu e Você”, o “Folia”, o “Me Leva” e o “Grito da Noite” ), há um restaurante chamado Bartolomeu em que eu almocei e jantei e onde encontrei o Josué, um garçom que me reconheceu do tempo em que eu freqüentava o Empanadas (bar famoso da Vila Madalena ), há um encontro de músicos na praça central todo os domingos. E há, em Santana de Parnaíba, outro encontro de pessoas que, como eu, compartilham transmutadas um passeio até esse passado.

Clique para ampliar a foto


sábado, 3 de janeiro de 2009

De volta no tempo.

A primeira coisa que eu pretendia fazer em 2009 era viajar no tempo - pro passado - , e eu consegui. Escrevo agora, talvez, de mil oitocentos e alguma coisa do ano da graça, e estou numa vila cheia de casarões com flores nos beirais; nela há uma igreja ainda enfeitada com motivos natalinos. Sinto cheiro de móveis rústicos e de fechaduras e dobradiças enferrujadas (acho que sou a única pessoa do mundo sensível à ferrugem). Quem eu vejo pelas ruas caminha sossegadamente por puro deleite; não existe pressa neste tempo e lugar.

Acreditem: eu viajei, mesmo, pro passado! E não precisei de nenhuma máquina maluca e nem entrei num túnel quântico. Bastou me transportar por 40 quilômetros de Sampa pra cá estar em pleno século XIX, na pequena vila de Santana de Parnaíba, numa pousada, cuja construção se inicia em mil setecentos. Seo Emanuel, o simpático proprietário, me explica que as paredes internas do sobrado – todas de taipa de pilão e de quase um metro de grossura - são menores que as externas.
Vendo as fotos que envio pra vocês agora percebo que não escolhi corretamente o dia e a época pra essa regressão; aqui chove de manhã, de tarde e de noite (percebam o céu sempre fechado nas imagens), no entanto estou encantado em conhecer esse lugar onde a matéria foi responsável pelo congelamento do tempo. Concluo que essa cidade só manteve suas características arquitetônicas porque a ferrovia e os grandes ciclos (como a cana de açúcar e o café) não chegaram até aqui.

Bom. Agora são quase oito da noite e neste momento a chuva ainda cai. Estou com fome e acho que vou pra algum restaurante do centro histórico – volto depois a descrever melhor essa cidade. Quero desejar um excelente 2009 a todos os amigos, diretamente de um lugar do passado.

Clique nas imagens para vê-las em alta resolução