quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Leitura de Férias de Verão.


É lógico que aproveitarei o que o caderno Mais da Falha de S. Paulo fez no domingo passado quando convidou algumas pessoas - famosidades de vários setores - para criarem um guia de leitura de verão ou do que ler nas férias. Na cara dura vou até me apropriar dos títulos dos capítulos sugeridos pelo jornal, obviamente com pequenas inserções. Tentarei indicar mais de um item por capítulo, resenhado cada sugestão. É isso, meus caros amigos do blog. Boa leitura. Um 2010 bem bacana a nós todos. Menos pentelhação, mais azaração. Aquelabração e saravá!
Ps: minhas dicas são de livros que li em 2009 - e se algum leitor quiser sugerir algo, pra qualquer capítulo, deixe na caixa de Comentários que eu vou acrescentando aqui no texto, devidamente creditado.

1º. NO CARRO, NO AVIÃO, NO NAVIO, NO ÔNIBUS (ou no “busão” do dia a dia).
Primeiro. Para evitar complicações oculísticas recomendo livros cujas fontes sejam maiores que 12, porque letras miudinhas em qualquer veículo em movimento são de lascar.


“Máquina de Pimbal” (Conrad Editora) de Clarah Averbuck é de 2001 e eu cheguei a ele por causa da adaptação que o cineasta Murilo Salles fez dessa história para o cinema. Na minha opinião, a Camila, personagem central do filme “Nome Próprio”, não tem nada a ver com a “Camila” de Averbuck - aliás, o filme é outra coisa bem distante do livro. Alguns críticos “cricris” abominaram a narrativa solta adotada pela autora que parece não estar nem aí para pontuação, que prefere seguir o fluxo de pensamento do que "respeitar" alguma regra estilosa. Forma e conteúdo, pra mim, ficaram bem bacana. Segue um trecho:
“Estranho é o cara sair de maleta às 6h47 da manhã todos os dias, pegar o ônibus até o metrô e do metrô até a pequena companhia de seguros e trabalhar até às 6 em ponto e voltar para casa e comer bife com arroz na frente da TV sem falar com a mulher (que fez o bife com arroz) e nem olhar direito para os filhos (que mal sabem quem é aquele sujeito de barba que eles chamam de pai) e dormir (de pijama azul) logo depois do jornal noturno porque está cansado, muito cansado, e amanhã vai ter que fazer tudo de novo e depois também e depois vai se aposentar e olhar pra trás e achar que a vida foi digna e honesta e justa e que viveu uma rotina estúpida em que não conseguia diferenciar um dia dos outros.”

“Hotel Atlântico” (editora Francis) de João Gilberto Noll é um livro que também virou roteiro pro cinema, só que neste caso eu li o livro primeiro e vi o filme depois. Assim como Averbuck, Noll também escreveu uma história cujo personagem central está longe do seu habitat. Ele é um ator de novelas que se encheu de um monte de coisas e que, estranhamente, por onde passa alguém acaba morrendo. É um bom on the road pra se ler em movimento. Ah! O final surpreende.

2º NO ANO NOVO.
Nesses momentos de passagens as pessoas gostam de se enganar com esperanças, com promessas, com amores vãos e outros coisas. Eu, sem bobear, recomendo “Rasif” de Marcelino Freire e “Hotel Novo Mundo” de Ivana Arruda Leite. O livro de Ivana traz uma personagem que se cansa de sua vida besta e vai viver num decadente hotel onde há outras pessoas que como ela almeja um recomeço. A narrativa e os fatos que se desencadeiam são envolventes, mas eu não curti o final quase feliz da história.
Em Rasif (Record) há os contos (crônicas poéticas) que Marcelino escreve para se vingar. Personagens extraídos do universo dos excluídos e marginalizados que o autor dá a voz; “sobreviventes”, como ele diz. Marcelino até gostaria de escrever outras coisas, mas quando vê, esses seres aparecem sangrando à sua porta. Recomendo o conto “Da Paz” que és una bomba para los puristas.
Ah! Se for ler após alguma ressaca dantesca manda pra dentro dois Engovs com um suco de laranja duplo e procure um canto longe tudo e de todos, é o que eu sempre faço

3º COM CERVEJA, CAIPIRINHA OU ÁGUA DE COCO.
Sozinho, acho maneiro bebericar alguma coisa e ler. Pode ser num boteco ou num quiosque de praia, ou até mesmo debaixo de um guarda-sol com uma caixa térmica devidamente abastecida.
“O Som do Pasquim” (Desiderata) é a reunião das famosas entrevistas do histórico jornal “Pasquim” com personalidades do mundo da música como Antonio Carlos Jobim, Chico Buarque, Caetano, Luis Gonzaga, entre outros. É uma leitura divertida cuja organização é do crítico musical Tárik de Souza. Muito legal é a entrevista com o atual (e desastroso) vereador do município de São Paulo, Agnaldo Timóteo que desce a lenha em Caetano Veloso e noutros nomes da linhagem nobre da MBP tão paparicados pelos reaças e esquerdopatas da época. No final, o vereador faz um mea-culpa bem interessante. “Nos dias de hoje, eu jamais cometeria uma grosseira envolvendo Caetano Veloso (a quem sequer conhecia) por ser um colega além de talentoso, extremamente simples (...) Com relação a Chico Buarque, Milton Nascimento e Tom Jobim, a história desses personagens está acima de uma análise ignorante e preconceituosa de décadas atrás.”

“Pornopopéia” (Objetiva) de Reinaldo Moraes foi, sem dúvidas, o livro mais delicioso que li em 2009. Mas é necessário algumas doses pra deglutir os desdobramentos na vida hedonista do personagem Zeca; quanto à narrativa, quem leu o clássico “Tanto Faz” de Moraes se deleitará. Aqui no blog eu já escrevi sobre a obra. Basta clicar agora pra saber mais desse instigante livro.

4º QUANDO SE ESTÁ SÓ OU PARA ESPANTAR O TÉDIO
“Falo de Mulher”
(Ateliê Editorial) de Ivana Arruda Leite parece, pelo título, uma confortável obra dedicada às questões feministas. Mas é muito mais. É algo realmente pra espantar qualquer tédio e qualquer “ismo”. Vejam esses dois bombásticos contos.
“Certas mulheres precisam de grandes provas de amor. Sou das tais. Reconheço que minha insegurança não tem limite. Téo jamais deveria ter se casado com mulher tão destrambelhada. Vivo testando seu amor, perguntando dezenas de vezes ao dia: você me ama? Me derreto com outros homens, dou meu telefone pra qualquer um, só para atormentá-lo. Se ele liga, mando a empregada dizer que saí. Às vezes fico horas sem abrir a boca para vê-lo se remoendo: em quem ela estará pensando? Quando Téo me viu chegar no carro do rapaz do apartamento ao lado, não se conteve. Me arrastou pelos cabelos e me deu um tapa na cara. Um só, bem estalado. Depois atirou-me no sofá e trancou-se no quarto. Dormi sozinha na sala com a certeza de ser amada de verdade, tive lindos sonhos. Mas pela manhã, ao vê-lo tomando café tão silencioso, não resisti à pergunta.”

Outro mini-conto: “O que me irrita nesses rapazes com quem tenho transado é a mania de querer conversar depois do sexo. Saudade do tempo em que os homens simplesmente viravam de lado e dormiam. Eles levaram muito a sério nossas reclamações”

5º EM DIA DE CHUVA.
“Umidade”
(Companhia das Letras) é um livro contos de Reinaldo Moraes que também devorei em 2009. São tramas deliciosos com muito sexo e humor. No conto Sidenafil, o autor narra a engraçada saga de um casal que se envolve com os efeitos colaterais do Viagra. E em Privada, Moraes conta a história da garota prestes a perder o namorado pra uma séria concorrente. Os acontecimentos se desenrolam quase todo no bar Mercearia São Pedro e tem personagens reais contracenando com a protagonista, como Mário Bortolotto, Fernanda D’Umbra e Marquinhos, o dono da Mercearia. É divertidíssimo. Ótimo pra dias de dilúvio.
“Canalha” (Bertrand Brasil) de Fabrício Carpinejar ganhou o Jabuti na categoria Contos/Crônicas de 2009. Concordo com o próprio Fabrício que diz que Canalha é um “retrato poético e divertido do homem contemporâneo”. Segue um trecho de “Adorável Canalha”: “É um defeito, mas nada mais delicioso do que ouvir de uma mulher: ‘canalha!’ Ser chamado de canalha por uma voz feminina é o domingo da língua portuguesa. O som reboa redondo (...). Canalha, definitivo como um estampido, como um tapa. Não ser chamado de canalha pela maldade, mas por mérito da malícia, como virtude da insinuação, pelo atrevimento sugestivo (...). Não o canalha que deixa a mulher; o canalha que permanece junto. O canalha adorável que ultrapassou o sinal vermelho para levá-la. O canalha que é rude, nunca por falta de educação, para acentuar a violência do amor. Canalha por opção, não devido a uma infelicidade e limitação intelectual. Canalha em nome da inteligência do corpo (...).”

domingo, 27 de dezembro de 2009

Poesia Pura


Ontem fui pra assistir a um filme, mas o que vi foi poesia. E “poesia não é crime, ainda que não rime, se ela for sublime é tudo que a redime”, diz o chargista Laerte na tirinha postada aqui no blog. Numa dessas de ir pro cinema sem ter ainda decidido o que ver acabei acertando na escolha (isso nem sempre acontece; nessas condições já assisti cada “coisa” que não merece sequer ser chamado de “filme”). Poesia em forma de imagem ou cinematografia poética. O que vi projetado foi algo sublime da diretora alemã Doris Dörrie capaz de suscitar a inveja benigna em Yasujiro Ozu, Wim Wenders e Jim Jarmusch - entre outros tantos -, poetas da sétima arte.
HANAMI – Cerejeiras Em Flor (Kirschblüten - Hanami, o título original) estreou nesta sexta em Sampa e conta a inesperada mudança de rotinha na vida do casal alemão de meia idade Rudi e Trudi, que se redescobre depois que sai de um vilarejo distante na Bavária para Berlim. A sensação da proximidade da morte faz com que o casal descubra desejos reprimidos, descubra também os monstrengos que criaram, filhos chatos sem tolerância alguma à recente companhia dos pais. Tudo caminhava para a tragédia, eu me angustiava por isso, mas o que vi foi a recuperação ou o desabrochar de sentimentos que mudam o rumo da história e que comove o espectador. Como nos movimentos lentos e simples do Butô japonês, a diretora cria um elo entre paisagens rurais alemãs e o distante Monte Fuji; uma fotografia encantadora de similaridades. Uma mesma natureza também de sensações quando Rudi conhece Yu, a jovem artista de rua num jardim de belas cerejeiras floridas nas proximidades da cidade de Tóquio, no Japão. Bom. O meu critério pra dizer que um filme me marcou (que é grandioso) é quando fico rememorando cena por cena durante dias, e também quando sinto aquela comichão danada de revelar os detalhes, mas faço bem em me calar agora pra não estragar as surpresas.
HANAMI é um longa metragem alemão de 2008 que teve boa acolhida por aqui na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Resumindo: o filme trata simplesmente da eterna vontade de realizar os sonhos. Trata poeticamente as relações de amor e de desamor (de certa forma saí do cinema aliviado, saquei que não sou – e não fui – tão escroto com meus pais como os filhos de Rudi e Trudi os são).
Ah! E por falar em amor, logo depois do filme, notei que alguém andou pichando a frase “mais amor por favor” nos antigos orelhões da Avenida Paulista (as fotos seguem abaixo).



quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sobre Bortolotto II


O meu amigo Chacal foi visitar o Marião no hospital e viu que ele estava mais magro e tranqüilo. Estava sentado numa poltrona com um tubo ligado a uma máquina injetando antibiótico. O quarto do Marião tem conforto e TV a cabo. Ler ainda fica difícil com o braço quebrado. Sua filha, Isabela, acompanhando o pai direto.
Bortolotto tá ainda um pouco abatido e assustado. Tem apenas 2 semanas da pancada que levou. Das 3 balas, 2 ficam em seu corpo como num poema de Cabral. Agora é aguardar o pulmão se recuperar – fazer fisioterapia - para poder operar o braço esquerdo, que dói quando ele o movimenta. Mário vez em quando caminha pelo corredor do hospital, lentamente. Uma grande cicatriz de lado a outro do peito e uma mancha roxa no ombro esquerdo dão a ver o tamanho do prejuízo.
Mário escapou. Está se recuperando bem. E em pouco tempo, deve estar em casa.

Abaixo, o poema “Baleado” de Luis Felipe Leprevost que vi no iutube (mais abaixo o vídeo).

"Foi dar um passeio e foi baleado. Foi pro colégio e foi baleado. Foi no cinema e foi baleado. Foi ali na banca de jornal comprar a Gazeta pra saber se muita gente tinha sido baleada e foi baleado. Foi no Mac Donald´s e foi baleado. Foi na casa da Tia e foi baleado. Foi numa festinha, foi se divertir, viajou pra descansar, foi contratar um advogado, foi a uma estréia de teatro, foi participar de uma reunião, foi olhar na janela pra ver se tava chovendo e foi baleado. Foi no supermercado e foi baleado. Foi no futebol, foi andar de metrô, foi dar uma canja no show de um amigo e foi baleado. Foi no curso de dança de salão, foi no shopping, foi rezar na igreja, foi na livraria pra ficar mais inteligente e foi baleado. Foi pegar uma praia e foi... Só tava passando distraído, assobiando uma melodia bem suave e lírica, assobiando assim como quem não quer nada, como quem não quer problema na vida, só tava passando, olhando a paisagem bonita, pensando em pedir a colega de trabalho em namoro, pensando que podia levar ela pra jantar fora, depois dar uma dançada, quem sabe rolasse um motel, mas foi baleado. Até que um belo dia decidiu que também ia armado. Então foi armado, foi armado até os dentes e perdeu os dentes."


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

"MONOCROMATIZANDO-SE"

Um Yellow Zeca
E um Blue Zeca no the wall

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"ERA UM DOMINGÃO..."

Notícia boa: o Marião já tá consciente, desentubado (está até sentando) e reclamando do seu coturno que desapareceu, conclusão: Bortolotto tá de volta e "normal". Beleza! Então posso postar as fotos do meu domingão passado que foi bom demais. Primeiro; almoço no formidável CONSULADO MINEIRO – depois muita música na Praça Benedito Calixto pra comemorar os 30 anos do Lira Paulistana. Tudo isso sem essa chuvarada que já encheu o saco.

O charmoso Consulado Mineiro na praça Benedito Calixto, em Pinheiros, sem a muvuca rotineira dos sábados por causa da feira de artes.
A opção mineira "light" foi o frango com quiabo, mais porção de mandioca frita com torresminho à pururuca - sem me esquecer da caipirinha e da cerva gelada. Ê vidão, uai!!
Já de bucho cheio, pra começar, nada melhor do que Língua de Trapo, que não podia faltar nas comemorações dos 30 anos do Lira Paulistana.

Imagem do povo que ocupava a praça.

Depois foi a vez da Isca de Polícia, a primeira banda a acompanhar o Nego Dito, Itamar Assumpção - Abaixo as backing vocals Suzana Salles e Vange Milliet

O grande e talentoso Bocato (alguém já reparou de como ele se parece com Phil Collins) que acompanhou o Isca de Polícia
O Premê entrou no palco quando o sol desaparecia e fez um show cheio de ruídos, microfonias que, segundo Wandi Doratiotto, os acompanham desde a época do Lira Paulistana.

A bela Mariana Aydar e Wandi Doratiotto cantam "Fim de Semana", a canção do Premê que faz lembrar das "farofadas" de minha infância em Long Beach (Praia Grande).

E ficou pro grande Arrigo Barnabé - e sua música pra lá de heterodoxa - encerrar o meu domingão de comilança e de boa música. Depois fui pra casa pra ver as imagens do Mengão "hexacampeão" (Sorry, são-paulinos e palmerenses!).

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

SOBRE BORTOLOTTO



Fonte: blog do Ademir Pinduca Assunção

Isabela Bortolotto, filha do Mário, está em contato direto com o pai. Ela contou que ontem avisou o Marião que os amigos vão fazer o tradicional show da SACO DE RATOS (banda bluseira do Bortolotto) nesta quinta-feira, no CAFÉ AURORA. Ele balançou a cabeça em sinal afirmativo. Contou também que a peça BRUTAL vai ser apresentada na sexta-feira. Ele balançou a cabeça em sinal afirmativo novamente. Marião está consciente e respondendo aos estímulos. Só não pode falar ainda porque está com o tubo de respiração artificial, que pode ser retirado nas próximas horas.
Fábio Brum (da banda SACO DE RATOS) avisou que o show vai rolar no mesmo horário e local: 22h30, Café Aurora (rua 13 de maio, 112). Entrada: R$ 5. Com as bandas SACO DE RATOS, VELHAS VIRGENS e
FÁBRICA DE ANIMAIS.

E na sexta-feira, antes da peça Brutal, alguns artistas amigos do Mário vão fazer uma exposição. Lourenço Mutarelli, Angeli e Grampá, entre outros artistas, já confirmaram que vão doar desenhos. A renda do show, da exposição (as obras serão vendidas) e da peça vai para a família custear as despesas.

Marião está bem instalado, sendo muito bem cuidado. Mas sempre há despesas.
Foi aberta uma conta em nome da Cris, mãe da Isabela. Quem puder contribuir, eis o número: Cristiane do Carmo Viana - Banco Unibanco - Agência: 0935 - Conta poupança: 127721-6
Quem puder doar sangue também, para repor o que foi usado pelo Mário, o hemocentro da Santa Casa fica na Rua Dr. Cesáreo Motta Jr, 112. Tel. 2176-7000.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"O Teatro Resiste! Bortolotto Viverá!"


UM DEPOIMENTO:


Das peças do Marião eu já vi “Nossa Vida não Vale um Chevrolet”, “Uma Pilha de Louças Sujas”, “Brutal” e “Hotel Lancaster”. Das que ele dirigiu ou atuou eu vi “O Natimorto”, “A Noite Mais Fria do Ano”, “Aos Ossos que Tanto Doem no Inverno” e outras tantas que não lembro o nome. Alguns curtas metragens com Marião em cena: “Balaio”, “Enjaulados” e “A Calda do Dinossauro”. Até livro do cara eu possuo: “Mamãe Não Voltou do Supermercado”. Pô, com tudo isso não posso negar que sou fã da obra do Bortolotto. E é por tudo isso que fiquei chocado com a violência sofrida pelo dramaturgo – e também por eu ser freqüentador dos teatros da Praça Roosevelt; aliás: já me considero um habitante do local (aqui no blog há um enorme registro de eventos dos quais participei na Roosevelt).
E não me canso de falar pros amigos de como o Marião é talentoso: escrevendo teatro, poesia, canção - seja lá o que fizer, ele deixa sua marca, seu registro bukowskiano, abandonado, sofrido e hébrio. Em seu teatro não há heróis fáceis; não espere final feliz nos textos do cara. É aconselhável levar capacete e escudo de proteção nas peças de Bortolotto, porque vai voar pedrada para todo o lado.
Algumas vezes vi sua performance bluseira com a banda “Saco de Ratos” – sua voz rouca e potente me lembra muito Tom Waits, de quem gosto demais. E o legal é que o Marião compõe Blues da melhor qualidade em bom português. Mas cá pra nós, eu tenho mais predileção é por sua banda jazzística “Tempo Instável”, onde sua voz ressoa um pouco mais natural, como na bela canção “Teste de Farmácia” do disco “Tempo Instável” cuja capa traz ilustração de Carlos Carah (também ferido na fatídica noite).
Vivo trombando com o Marião por Sampa e, no entanto, sou daqueles que evita aproximação com os ídolos, pra não deixar que o mito se desmistifique. Mas, certa vez, tomando uma cerva comigo na Mercearia São Pedro, ele me contou que se transformou em dramaturgo porque percebeu o quanto era caro montar texto de outro autor. Daí o Marião passou a escrever seu teatro autoral com seus inesquecíveis personagens auto-destrutivos, à beira do caos. E como disse Ivana Arruda, estou curioso pra ver o que o Marião vai escrever sobre essa violência depois que sair dessa. Em breve, é lógico!

domingo, 6 de dezembro de 2009

COISAS BACANAS.

Ufa, meus amigos! Como todo final de ano exige tô na maior correria, e já sem saco pro Natal e pra tanto enfeite natalino. Alguém já viu as decorações das agências bancárias da avenida Paulista? Tá um horror! Eles têm grana pra cacete pra gastar com essas coisas, mas muito mau gosto. Se bem que, na verdade, mesmo estando menos cintilantes, eu abomino qualquer coisa que lembre Natal. Aqui no prédio onde moro as luzinhas paraguaias tomam conta de todas as árvores da entrada; botaram também alguns bambis (veadinhos) ultra-iluminados sobre a guarita (nem preciso dizer à gozação que há com os porteiros e os moradores).

Bem, mas eu quero é falar de coisas bem bacanas que presenciei nas últimas semanas. Pro encerramento da Balada Literária, o Marcelino Freire trouxe diretamente de Uberlândia a banda PORCAS BORBOLETAS, cuja energia quase punk, quase teatro, quase literatura, contaminou até os desavisados. Recomendo essa molecada mineira; eles já fizeram até trilha pra cinema (pro filme “Nome Próprio” de Murilo Salles). No recente disco “A Passeio”, a banda contou com a participação de gente graúda como Arrigo Barnabé, Paulo Barnabé, Bocato e Simone Soul.

Na semana passada, durante a segunda edição do Vira Cultura - 24 horas de atividades culturais na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na avenida Paulista - , encontrei um dos ícones do rock brasuca ARNALDO BAPTISTA, ele estava por lá para autografar o DVD do documentário “Loki”, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, sobre vida do mutante Arnaldo. No mesmo dia, no teatro Eva Hertz da Livraria Cultura, rolou mais um VOCABULÁRIO, encontro lítero-poético-teatral-musical e o escambau arquitetado e muito bem conduzido por Chacal, Marcelino Freire, Marcelo Montenegro e Paulo Scott. O evento está ficando cada vez melhor (eu participei de todas as edições anteriores); dessa vez os convidados foram: Wander Wildner, Martha Nowill, Mário Bortolotto, Ademir Assunção, André Santana. Mais tarde, pouco depois da meia-noite, foi a vez da gente babar pela confraria das sedutoras Marina De La Riva, Karine Carvalho e Nina Becker que acompanhavam os músicos do 3 NAMASSA (pretendo falar sobre esse projeto noutro post).

E por fim, digo que foi um puta barato participar do bate-papo com o escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, no SESC Pinheiros. É legal saber que o escritor que você mais admira dificilmente planeja um livro; ele diz que quando escreve “as coisas vão surgindo". João Ubaldo declarou que “Viva o Povo Brasileiro”, seu romance mais traduzido para outros idiomas, era pra ser uma simples história que se desenvolvesse em três séculos. Ele revelou que o capítulo inicial de “Sargento Getúlio” foi reescrito 17 vezes; tudo isso porque estava inseguro quanto ao seguimento da história. E pra desmitificar, pra debilitar qualquer conceito supremo do ato criador, João Ubaldo diz que o que mais o estimula é o “contracheque”.


Arnaldo Baptista autografando o clássico Long-play "LOKI" pro Zeca.

Os superbacanas urberlandenses "Porcas Borboletas"


Projeto 3 Namassa (algumas das minas e os cabras)


Marcelino Freire, Rodrigo Lacerda e João Ubaldo Ribeiro no Sesc Pinheiros
(foto: Fernanda Grigolin)

O meu clássico "Viva o Povo Brasileiro" (edição de 1989) autografado pelo autor.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

SHOW IMPERDÍVEL NA PRAÇA BENEDITO CALIXTO



Meus amigos, passo aqui para relembrá-los de que neste próximo domingão, dia 06 de dezembro, a partir das 16h00, tem show imperdível na PRAÇA BENEDITO CALIXTO, em Pinheiros, com ARRIGO BARNABÉ, BANDA ISCA DE POLÍCIA, LÍNGUA DE TRAPO, PREMÊ, NA OZZETTI, TETÊ ESPINDOLA, VIRGINIA ROSA e muito mais.
Vai ser totalmente digrátis. O evento faz parte das comemorações dos 30 anos do TEATRO LIRA PAULISTANA – local de pura experimentação onde lançou muita gente bacana e talentosa como TITÃS, ULTRAJE A RIGOR, RATOS DE PORÃO, KID VINIL, INOCENTES e outros tantos.
E pra quem não sabe, a Praça Benedito Calixto fica na rua Teodoro Sampaio na altura do número 1000, logo depois da rua Henrique Schaumann, na Vila Madá, em
Pinheiros.

Eu estarei lá com toda certeza.

Ah, e pra quem curte ARRIGO BARNABÉ, e quer ver seu show exclusivo no SESC-Consolação, corram porque há ainda poucos ingressos à venda.Vai rolar na próxima quarta-feira, dia 9/12, às 9h00, e vai custar R$ 10,00, a inteira; R$ 5,00 para usuário matriculado no SESC e dependentes (Putz, parece coisa de viciado em tóxicos!);
R$ 2,50 para trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes.