domingo, 2 de outubro de 2011

Um soneto luxurioso




Segue um soneto (traduzido por José Paulo Paes) do poeta renascentista italiano Pietro Aretino (1492-1556) do livro “Sonetos Luxuriosos” da coleção “Má Companhia” (Companhia das Letras -2011). Aretino, ídolo e inspirador de Bocage, teve seus sonetos fora do alcance do público por séculos, só republicados no fim do século 19 por Apollinaire. Obs: vejam no soneto que a preocupação do homem sobre o tamanho de seu bilau não é de hoje.


Tens-me o pau na boceta, o cu me vês;
Vejo-te o cu tal como ele foi feito
Dirás que do juízo sou suspeito
Porque nos pés eu tenho as mãos, em vez.

Mas se em tal modo de foder tu crer,
Confia em mim, assim não será feito
Porque eu na foda bem melhor me ajeito
Se o meu peito do teu somente a nudez

Ao pé da letra quero-vos foder
O cu, comadre, em fúria tão daninha
Com dedo, com caralho e com mexer,

Que vosso gozo nunca se definha
Pois não sei que é dulcíssimo prazer
Provas deusas, princesas ou rainhas?

Mas direis, escarninha, que embora
Eu seja em tal mister sublime
O ter pouco caralho me deprime.

(em italiano)

Tu m’hai il cazzo in potta, in cul mi vedi
Ed io vedo il tuo cul, com’egli è fatto,
Matu potresti dir ch’io sono un matto
Perchè tengo le man dove sta i piedi

Ma s’a cotesto modo fotter credi
Credilo a me, Che non ti verrà fatto,
Perchè assai heglio al fottere io m’adatto.
Quando col petto sul mio petto siedi.

Vi vuo, fotter per lettera, comare,
E vuo’farvi nel cult ante ruine
Colle ditta, com cazzo e col menare,

Che sentire um piacer senza fine
Io non so Che piú dolce, che gustare
Da dee, da principesse e da regine?

E mim direte alfine ch’io son un
Valent’uomo in tal mestiero,
Ma d’aver poco cazzo mi de dispero.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Juó Bananère no Bó Ritiro.




Neste último fim de semana fui ao Centro da Cultura Judaica pra ver a exposição de fotos do Mascaro sobre o (ex)bairro judaico, Bom Retiro. E foi inevitável lembrar do Juó Bananére (Alexandre Marcondes Machado 1892-1933) e seu famoso texto “O Studenti do Bó Ritiro”, por isso resolvi publicá-lo por aqui. Ps: O pequeno acervo de imagens é pertinente ao mundo familiar do fotógrafo, mas tem emoção e isso vale a visita. (Fernanda, segue o texto procê, como prometi)


O STUDENTI DO BÓ RITIRO Juó Bananère.
POISIA PATRIOTICA
(Premiata c'oa medaglia di pratina na insposiçó da
Xéca-Slovaca i c'oa medaglia di brigliantina na
sposiçó internazionale da Varzea du Carmo
).

ANTIGAMENTE a scuola éra rizogna e franga;
Du veglio professore a brutta barba branga,
Apparecia un cavagnac da relia,
Che pugna rispetto inzima a saparia.
O maestro éra um veglio bunitigno,
I a scuóla éra no Bellezigno,
Di tardi inveiz, quano cabava a scuola,
Marcáno o passo i abaténo a sola,
Tutto pissoalo iva saino in ligna,
Uguali como un bando di pombigna.
Ma assí chi a genti pigliava o portó,
Incominciava a insgugliambaçó;
Tuttos pissoalo intó adisparava,
I iva mexeno c'oa genti chi passava.
Oggi inveiz stá tutto mudado!
O maestro é um uómo indisgraziado,
Che o pissoalo stá molto chétamente
E illo giá quére dá na gente.
Inveiz um dí intrô na scuóla un rapazigno
Co typio uguali d'un intalianigno,
O perfilo inergico i o visagio bello.
Come a virgia du pittore Rafaello.
Stava vistido di lutto acarregado,
Du páio che murreu inforgado.
O maestro xamô elli un dia,
I priguntô: - Vucê sabi giograffia?
- Come nó!? Sê molto bê si signore.
- Intó mi diga – aparlô o professore - Quale é o maiore distritto di Zan Baolo?
- O maiore distritto di Zan Baolo,
O maise bello e ch'io maise dimiro
É o Bó Ritiro!
O maestro furioso di indignaçó,
Batte con nergia u pé nu chó,
I gritta tutto virmeligno:
- O migliore distritto é o Billezigno.
Ma um aguia do piqueno inveiz,
C'oa brutta carma disse otraveis:
- O distritto che io maise dimiro,
É sê duvida o Bó Ritiro!
O maestro, furioso di indignaçó,
Alivantô da mesa come un furacó,
I pigano un mappa du Braiz
Disse: Mostre o Bó Ritiro aqui si fô capaiz!
Alóra o piqueno tambê si alevantô
I baténo a mon inzima o goraçó,
Disse: - O BÓ RITIRO STÁ AQUI!


Serviço:

Exposição "Bom Retiro e Luz: Um Rotero, 1976-2011"

Centro da Cultura Judaica - Rua Oscar Freire, 2500 - Gratis.

Até 02/10.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crônicas Para Ler na Escola



Abaixo um delicioso texto de “Crônicas Para Ler na Escola” de Marcelo Rubens PaivaObjetiva. Eu recomendo.

DR

“Amor”

“Oi?”

“Fala comigo.”

“Fala...”

“Amorzinho?”

“Que?”

“Presta atenção.”

“Tô prestando.”

“Amor, pára de ler.”

“Agora?

“Conversa comigo.”

“Mas agora que estou embalado.”

“Só um pouquinho.”

“Bem no meio...”

“Toda vez é a mesma coisa.”

“Que foi?”

“Quando quero conversar, você começa a ler”

“Não é o contrário, quando começo a ler, você quer conversar?”

“Chega! Agora to mandando. Conversa comigo.”

“Tá, tá... Então, sobre o que você quer conversar?”

Pausa.

“O que você está lendo?”

sexta-feira, 24 de junho de 2011

TAMANHA DIFERENÇA




Arrepare não, mas enquanto eu engomava a calça, dona Conceição, minha mãe, se ocupava do almoço e da pule do bicho que talvez lhe premiasse com algum terno ou duque de dezena na PT (Para Todos) daquele sábado – gozado que apostar no bicho virou hábito de minha mãe e de todo o povo da terceira idade no bairro onde ela mora. Bom. Mas não é disso que quero falar... Enquanto eu passava a calça que acabara de encurtar a barra (por que será que em toda calça nova sou obrigado a mexer no comprimento? Nunca, na minha existência, teve umazinha só que ficasse perfeita), na televisão da sala rolava um programete vespertino cheio de futilidades, com celebridades novelísticas globais sendo entrevistadas por uma loira cujo marido narigudo viria, logo a seguir, entulhar mais ainda o mesmo canal de tevê com outro programete de entretenimento insignificante. Mas também não é disso que quero falar... Dona Conceição na cozinha com seus afazeres, eu na sala lidando com a calça e com o moderno ferro elétrico bom para passar até encerado de caminhão. Eu absorto em alguma coisa que não tão relevante quanto o que se passava na televisão. Porém, sou demovido da idéia anterior de desligar o aparelho de tevê porque surge na tela a mais formosa dama do lotação, a dona Flor, a Gabriela do cravo e da canela. Belíssima. Sorridente num tubinho preto, desfilando na passarela do meu coração (ops,exagerei no lirismo), do SPFW São Paulo Feshion Week. Com os cabelos negros soltos ela vai de um lado a outro, sempre sorrindo, cheio de curvas, diferentemente das magricelas, das tísicas, das defuntas que abundam (sem bundas) nesse famoso e badalado evento da moda paulistano. Sônia Braga, a mais perfeita tradução da beleza, da sensualidade brasuca (desejo masturbatório de todo nerd e cafá dos anos 70 e 80), aos 61 anos de idade, era a personalidade reportada no programete. “ Jisuis! Quanta gostosura! Que bitelão de mulé!!”, exclamei. Mi madrecita, da cozinha, ouviu meus louvores e quis saber o que se passava... “É a deusa Sônia Braga, mãe! A sexagenária mais boazuda deste país está desfilando na Feshion Week”, respondi. “Manhê, eu trocaria duas de 30 pela Sônia Braga de 61...” “Credo! Que mau-gosto”, disse minha mãe lá da cozinha. “Que isso, mãe!! Tô falando da Tigresa que até o Caetano traçou.” E dona Conceição: “Xiii! Cê gosta dessa velha sem graça?” “Ô, mãe, eu viveria o resto da minha existência só na safadeza com essa mulher”, retruquei. “Quê que deu em você? Só pode tá doente...” Intervalo no programete. Fim das imagens da musa na tevê. “Concordo que a Sônia Braga envelheceu, mãe, mas ela tá mais em cima que muitas luanas-piovanis e déboras-seccos”. Minha mãe discorda de tudo que digo da deusa, e ainda me chama de doido. “Só maluco ou intereceiro vê beleza nessa sem-graça”. As despeitadas dirão que é plástica (mais botox e silicone) que mantém sexagenárias como Sônia Braga e Vera Fischer ainda apetitosas. “Não sabia que você gostava tanto dessa velha insuportável... seu gosto me dá nojo ”. Termino de passar a calça nova e vou pra cozinha onde minha mãe está confabulando sobre em que bicho pôr sua fé. “Dona Conceição: como meu tesão pela Sônia Braga lhe causa ‘nojo’??”, pergunto já com certa irritação. “Xiii! Falha nossa, meu filho!” Rindo muito, minha mãe tenta se desculpar. “Rarará! Desculpe! Quem tá ficando velha sou eu... é que eu podia jurar que você disse ‘ANA MARIA BRAGA" e não ‘SÔNIA BRAGA'’”. “Creeeedo, mãe! Quanta diferença!!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Meia-Noite em Paris.

Indagorinha voltei do cinema donde fui ver a divertidíssima comédia-romântica “Meia-Noite em Paris”. Uma fantasia de Wood Allen falando daquele desejo que a gente tem de voltar no tempo – num tempo que gostaríamos de ter vivido (e por lá encontrar nossos ídolos). Ah, e como é bom rever a belíssima Marion Cotillard (do filme “Piaf”). Sem esquecer da refinada trilha que vai de Cole Porter à Josephine Baker, passando pelos clássicos do Charleston.

Recomendadíssimo.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Prego na Testa

Amigos: “Prego na Testa” é um monólogo bacanudo que Hugo Possolo traz de volta ao Espaço Parlapatões (em quatro únicas apresentações: somente aos sábados à meia-noite – de 18/06 a 09/07 ). Possolo dá um show interpretando 9 personagens numa afiada comédia sobre a neurose urbana. O texto é de Eric Bogosian e a adaptação e direção são de Aimar Labaki. Ingressos 30 pilas (inteira) 15 (meia).

Veja abaixo o vídeo com trechos da peça e prepare-se para ver como o palhaço-bomba faz de seu humor corrosivo uma reflexão sobre nosso dia-a-dia.

domingo, 5 de junho de 2011

Porradaria de Ibsen




Mestre Nelson Rodrigues dizia que há certas coisas que não se devem praticar pra não bulir na alma, como exemplo a psicanálise. Outra coisa, acredito eu, é ver uma peça do Ibsen. Afirmo que depois de assistir a excelente montagem de “Espectros”, que está em cartaz no Sesc Consolação, ninguém será mais o mesmo. Saí do teatro nesta sexta-feira, sem rumo, desnorteado; nunca um espetáculo teatral me abalou tanto. A gente nasce ouvindo dizer que somos os tais, donos de nossa existência, daí primeiro vem a família nos dar régua, depois igrejas, escolas fazendo outras conexões. Quando damos conta, estamos fodidos, cheios de fantasmas, “espectros” que, de algum jeito, precisam ser exorcizados. E é nessa cruzada que a dramaturgia do autor é supimpa. Imagine que todos os heróis dos romances e peças teatrais do século 19 eram vítimas de inimigos externos, então surge Henrik Ibsen inovando toda a dramaturgia do período dizendo (expondo na lata) que há um grande “inimigo” dentro de cada um. As emoções vão se desencadeando num ritmo crescente. Os personagens vão se revelando; todos são vítimas e filhosdaputa ao mesmo tempo. E eu ali, sentado na segunda fileira, embasbacado principalmente com atuação da atriz Clara Carvalho, que dá vigor a uma senhora de família, Helene Alving, que evidencia os segredos do passado do marido ao pastor Manders (Nelson Baskerville) que no seu mundo conservador e hipócrita, reage dubiamente diante dessas revelações.
Em 1879, a peça “Casa de Bonecas”, de Ibsen, causa polemica em toda a Europa com a história de uma esposa que abandona filho, marido para se entender com ela mesma. A crítica moralista da época caiu de pau porque imagine o escândalo que é uma mulher desfazer o lar por qualquer motivo. Está bem. Então, em 1881, o autor causa novo reboliço com “Espectros”, cuja história é a da esposa que revela todos os seus tormentos de mulher, por justamente “não” abandonar o casamento ou a família. Sensacional, não? Ah! E pra dar um ingrediente a mais ao texto, Ingmar Bergman traduziu e adaptou Espectros em 2003 (que foi sua última montagem no teatro, antes de sua morte em 2007). Entonces, caramigos, se acharam que dá pra encarar, corram pois Espectros, que tem direção de Francisco Medeiros, termina temporada no Sesc Consolação em 19 de junho. Os ingressos custam entre 16 e 32 realitos e o endereço é Rua Dr. Vila Nova, 245 – tel: 3234 3000. Mais informações no
http://www.sescsp.org.br/


Aquelabraço do Zeca desconfigurado depois de Ibsen.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Deixem as Putas em Paz!!



Se a própria Organização das Nações Unidas proclama o dia 2 de junho (hoje) como Dia Internacional das Prostitutas é porque há o reconhecimento do papel social digno das putas em quase todas as sociedades, certo? Certo! Entonces, tá passado da hora de certas pessoas, igrejas e ONGs darem o tempo com o papo de “recuperar, reintegrar, resgatar” as nossas educadoras/consultoras sentimentais. Deixem nossas Ana-Bolenas em paz, caraca!! Parem de ver somente abjeção e mercantilismo nessas profissionais (mulheres babilônicas se ofereciam durante o culto à Milita numa prática com fins meramente religiosos, sem a troca pelo vil metal). Nesta semana li “O Doce Veneno do Escorpião” e me decepcionei porque o desejo de Bruna Surfistinha (ou Raquel Pacheco, seu verdadeiro nome) era juntar uns trocos, virar famosidade e largar a profissão. Uma lástima. Até o grande cronista popular (e meu ídolo) Odair José já quis tirar sua quenga (por quem estava apaixonado) de la doce vida difícil. Nem toda puta sonha com um Richard Gere que a trate como pretty woman ou bonequinha de luxo. Por isso todo meu apoio a ONG Davida que mantém a grife de confecção DASPU inspirada no mundo da prostituição, sem pretender tirar ninguém da profissão.



Parabéns às damas do Baixo-Augusta, do Putusp e de outros cantos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Um de 70 outro 60

Amigos todos: corram pro www.tvcultura.com.br/rodaviva pra (re)ver o Roda Viva desta terça-feira que entrevistou o iluminado Ney Matogrosso. O cantor, que comera seus 70 anos de vida, falou abertamente sobre drogas (“só tomei 20 ácidos na vida. Cheirei muita cocaína mas nunca gostei, não era a minha”), sobre sua sexualidade (“eu transava com mulheres também com muita facilidade; eu nunca tive impedimento técnico – mas sempre temi a cabecinha delas”), sobre ser gay (“eu pedia pra Deus me matar e não me deixar ser homossexual”). Recordou a relação dolorida que manteve com o pai (“eu saí na porrada com ele. Porque ele me tratava como um escravozinho dele. Somos três homens e uma mulher e eu era o único que ele perseguia”), admitiu que foi hippie por convicção (“eu acreditava que aquilo apontava para outra direção na humanidade. Eu acreditava na solidariedade, no amor entre as pessoas”). Falou ainda sobre internet, twitter (“eu não quero ter seguidores, Deus me livre, parece seita”), sobre Aids e de como sobreviveu à doença (“eu fiz teste achando que eu estava, deu negativo. Como negativo?”). Foi uma entrevista deliciosa, com momentos doloridos, e é lógico que vai aparecer pentelhos falando isso e aquilo desse ser que é “sóbrio na vida e escandaloso no palco (ou vice-versa)”. Enfim. Confesso aqui que mi corazón bandido se viu emocionado em vário momentos da entrevista: eu que admirava o interprete, agora estou danado de carinho pela pessoa Ney Matogrosso.


Hoje completa 60 anos o marginal que profetizou que “a vida é curta pra ser pequena”, aquele poeta que ainda se pergunta “com quantas bocas se faz um beijo”. Esse tricolor inconteste, bom de bola (assim como o pai que foi campeão carioca em 1936 pelo glorioso Fluminense), que agora chega a seis dezenas de meses, se entendendo como um Lúcifer-carioca-zona-sul-defensor-amante-da-palavra-falada (“...pois a palavra escrita é uma palavra não dita/ é uma palavra maldita...), discípulo de Oswald de Andrade e Allen Ginsberg. Se nos proíbem de pisar na grama, ele assopra pra gente que o jeito é “deitar e rolar”. Não se afirma compositor, mas gosta das parcerias que fez com Fernanda Abreu (“A Lata” e “Be Sample”), com Mimi Lessa (“Vamp”), e com Moraes Moreira (“Leontina”). Conheci Chacal naquela histórica coleção “Cantadas Literárias” da Brasiliense, com o seu sucesso “Drops de Abril” de 1983. Depois, em 2010, reencontrei-o no cedê que veio encartado na Revista TRIP, onde descobri o CEP 20.000. É fácil se esbarrar no saltimbanco Ricardo Chacal que vive oficinando pela rede Sesc do país. Em fevereiro, procure-o nalgum bloco carnavalesco carioca; o folião mais histriônico na multidão com certeza é ele . Na Praça Roosevelt ou no Teatro Sérgio Porto também é possível vê-lo. No ano passado lançou suas memórias, “Uma História à Margem” (putz, isso me lembra que estou devendo algumas notas sobre o livro para ele). E não estranhe se num Vocabulário ele bradar what’s going on?? Allez, allez, tricolor!! Evoé, Chacal! Parabéns!!



terça-feira, 12 de abril de 2011

Má Companhia


Amigos: estou curioso pra ver no que vai dar o selo “Má Companhia”, nova cria da Companhia das Letras que nasce com o topete de (re)lançar somente escritores malditos. “Um lar para escritores polêmicos, banidos pela igreja, condenados à fogueira e esquecidos nestes tempos de politicamente corretos”. Começaram bem: em edição dupla, de bolso, lançam neste mês os clássicos de Reinaldo Moraes, “Tanto Faz - 1981” e “Abacaxi -1985” pela bagatela de 25 realitos (fora de catálogo desde os anos 80 – já confessei aqui que “Tanto Faz” e “Feliz Ano Velho”, de Marcelo R. Paiva, foram responsáveis por eu me voltar à literatura brasileira). Outro lançamento é “O Invasor” de Marçal Aquino, apesar de não ser tão “maldito” assim (eu tenho uma edição de 2005, fácil de encontrar nas prateleiras).

Dia 13, quarta-feira, tem bate-papo de lançamento do selo com os autores Reinaldo Moraes e Marçal Aquino na Livraria da Vila da Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena. A mediação é de Joca Reiners Terron e vai rolar a partir das 19h30 (depois, todos à Mercearia São Pedro, que pra quem não sabe fica na Rua Rodésia, 34, também na Vila Madá). Agora é esperar pelas novas edições.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Manifestação em Defesa da Fonte"


Caramigos, tô sem aparecer aqui desde fevereiro. O motivo é o de sempre: correndo contra o tempo, sem lenço, atrás de dimdim. Mas vamoquivamo. E já tô voltando com o evento-manifesto dos moradores do MORRO DO QUEROSENE que estão defendendo uma área de quase 40.000 m² de Mata Atlântica no bairro. Neste local há 3 nascentes abandonadas, uma delas jorra água pura e mineral diretamente para o bueiro. Por isso, a comunidade do Morro do Querosene e Butantã vem há 10 anos se mobilizando para preservar este espaço conhecido pelos moradores como “Chácara da Fonte”.

(E sobre o Morro já tratei carinhosamente aqui porque estudei numa das escolas do bairro e de lá eu não saía, já que as festas mais agitadas, os amigos bacanas e as minas mais interessantes desse período moravam no local. http://dicasdozeca.blogspot.com/2008/11/festa-do-boi-do-morro-do-querosene.html )

Segue parte do justo manifesto dos moradores.

“(...) Hoje, a velha Rua da Fonte está interditada por um muro que nos impede de chegar à Fonte. Esta área também guarda uma interessante história: aqui se encontravam vários caminhos que constituíam a lendária trilha indígena do Peabiru, mais tarde utilizada pelos Bandeirantes, Jesuítas e tropeiros. A efervescência cultural do Morro do Querosene deve vir desta época, quando aqueles que utilizavam esses caminhos paravam na Bica e na Fonte para descansar, matar a sede e realizar suas cantorias e danças. Hoje, com tantas atividades culturais e artísticas, não temos no Morro um espaço adequado para nossas manifestações. A Chácara da Fonte tem a vocação de Parque Cultural e Ambiental necessário à nossa cidade. Pensando nisso, na criação do Parque da Fonte e na importância de cuidar do meio ambiente, decidimos participar do Fórum Social de São Paulo realizando uma atividade autogestionada denominada "Manifestação em defesa da Fonte". O evento será realizado dia 10 de abril, das 10h às 22h, e contará com apresentações musicais intercaladas com performances e intervenções poéticas, ambientais e urbanas. Entre os músicos que já confirmaram presença estão: Peixelétrico, Planta&Raiz, Nasi, Dinho Nascimento, Tião Carvalho, Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene, Treme Terra (MC Gaspar Z´África Brasil), Ambulantes, Isca de Polícia, Poesia Maloqueirista, Henrique Menezes (Banda Bom que Dói), Grupo Cupuaçu, Manos Urbanos, Frente 3 de Fevereiro, Emerson Boy, Marquinho Mendonça e Malungo.”

Serviço: Domingo, dia 10 de Abril, a partir das 10h – Evento Gratuito (programação abaixo) Local: Rua da Fonte, s/n°, Jardim Pirajuçara (Morro do Querosene) – Butantã - São Paulo Ruas interditadas: Travessa da Fonte e Rua Padre Justino (nas imediações da Travessa da Fonte que fica a 100 metros da Av. Corifeu de Azevedo Marques). Acesso: pela Av. Corifeu de Azevedo Marques ou pela Rodovia Raposo Tavares, 1ª travessa a direita (Rua Afonso Vaz que vai encontrar a Rua Padre Justino à esquerda). Informações: 3726 8406 / 3726 5550 Realização: Associação Cultural Morro do Querosene, FEMA e Prefeitura de São Paulo Apoio: SVMA-PMSP, CET, SABESP, Ecos do Meio, PEABIRU e O AUTOR NA PRAÇA.

Programação:

10h20 – Orquestra de Berimbaus (palco) roda de capoeira/samba de roda (chão)

11h10 – Samba da Casa (chão)

11h50 – Henrique Menezes e Banda Bom que Doí (palco)

12h20 – Poesia Maloqueirista Intervenção (chão)

12h35 – Malungo (intervenção musical) (palco)

12h50 – Grupo Cupuaçu (chão)

13h30 – Ambulantes (palco)

14h10 – Manos Urbanos (palco)

14h45 – Hugo Paz (intervenção poética) (palco)

15h00 – Emerson Boy (intervenção musical) (palco)

15h15 – Marquinho Mendonça (intervenção musical) (palco)

15h25 – Treme Terra e Gaspar (Z’Africa Brasil) (palco)

16h00 – Poesia Maloqueirista (intervenção) (chão)

16h25 – Isca de Polícia (palco)

17h00 – Grupo de Teatro do Peabiru (intervenção) (chão)

17h25 – Planta e Raiz (palco)

18h05 – Frente 03 de Fevereiro (palco)

18h45 – Tião Carvalho (palco)

19h20 – Poesia Maloqueirista (intervenção) (chão)

19h45 – Dinho Nascimento (palco)

20h25 – Nasi (Palco)

21h05 – Peixe Elétrico (palco)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

2 Rapidinhas Pré-Carnavalescas.

1. Para os foliões ansiosos, a Banda Bantantã abre o calendário carnavalesco na capital paulista no dia 25 de fevereiro, hoje, com concentração para aquecimento (etílico) a partir das 18h na avenida Waldemar Ferreira com a rua Desembargador Armando Fairbanks, nos arredores do Rei das Batidas. O desfile começa as 21h. A Banda Bantantã foi fundada em 1979 e comemora neste ano seu 32º aniversário. Com a batuta do incansável "Manaus", organizador, mestre sala e de cerimônia da Bantantã. A camiseta e 3 latas de cerveja podem ser compradas por R$10,00 no Rei das Batidas, com o Osmar e na Rua Boturoca, em frente ao mercado Violeta. A participação é aberta a todos os interessados! Totalmente de grátis. Não Perda! Informações: 3726-8615 com Manaus.

2. No domingo, dia 27, a partir das 10h00 até as 13h00, será realizado mais um Sacolão Cultural na Praça Elis Regina, no Butantã . O evento acontece sempre no último domingo do mês na Praça, cujo tema neste mês é o Carnaval. Vai rolar oficina de máscaras, cantoria de marchinhas de carnaval pela praça. Vale lembrar que o evento não tem apoio financeiro, sendo organizado na raça e no gogó. O Sacolão Cultural começa com um café da manhã pontualmente as 10h00, depois apresentação de artistas e da comunidade. Leve sua contribuição para o café e seu instrumento e/ou obra para compartilhar com todos; leve a família e principalmente as crianças. O Sacolão Cultural, que termina pontualmente as 13h00, é uma realização da Rede Emancipa de Cursinhos Populares. Não perdam! Informações e contribuições: 9383.0574 (Com meu amigo Wagner Freire).
Fonte: Martha Pimenta.


Abaixo, o vídeo que fiz em 2010 da Bantantã, a banda de músicos mais velhinhos de Sampa.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Biotônicos e Mustaches

Olá, gente! Volto agora, depois da folga natalina aqui do blog, desejando um grande 2011 a todos. Ano novo, década nova, novos governantes por todo o país. Muita gente “com” esperança e outras resignadas (o que é eu meu caso): ano passado foi a primeira vez que votei totalmente descrente de idéias, propostas, políticos e partidos. Mas não tô aqui pra desanimar e desencorajar. Por outro lado, o que estimula são as novas (e velhas) amizades (para alguns, a incessante busca da companhia ideal, ou casual), o carnaval, as tão desejadas férias e etecétera e tal. E mesmo que o panorama seja nada animador é legal termos metas. Dos zilhões de projetos que formulei nesses meus quarenta anos, se realizei “meio”, já valeu à pena. Então, meus amigos, como dizem no teatro; “merda” da boa pra nós todos.

Vejam que bacana. Descobri o “Biotônico”, um programa de rádio na internê comandado por Zeca Baleiro, com informações, curiosidades, aforismos, desaforos, simpatias e outros tantos salamaleques. E muita música e poesia pra diferenciar de outros projetos semelhantes que pululam pela rede. Começou em abril de 2010 e já está no 20º. programa. Otávio Rodrigues (o Dr. Reggae) e Celso Borges também apresentam o Biotônico. Então vá lá e aprecie porque a cada edição rola homenagem a um craque da canção e da poesia (todos o programas estão disponíveis). http://www.radio.uol.com.br/#/programa/biotonico/edicao/1909461

Outra coisa bacanuda. Ontem mesmo, dentro do ônibus da linha Apiacás/Praça Ramos, conheci a divertida banda “Mustache e os Apaches” (formada por músicos gaúchos e paulistas). Deu pra escutar ao vivo dentro do busão apenas a alegre “Gigolo I Aint Got Nobody”, mas o barato é que eles desceram comigo, e lá na lanchonete “Real” vi os caras tocarem outras clássicas: depois rodaram o chapéu a busca dos trocados dos ouvintes. Num papo rápido disseram que iriam percorrer (a pé) alguns bares de Perdizes antes de se mandarem para Vilá Madá. Se alguém se interessar clique no link pra ver o som do grupo. http://www.youtube.com/watch?v=HynsAk6kOLk

E isso me faz lembrar que em 2010, o prefeito Kassab mandou retirar (com toda finesse que a PM costumeiramente destina ao cidadão) artistas e músicos de rua que circulam pela Avenida Paulista, como no caso do guitarrista Rafael Pio que violentamente foi detido quando se apresentava na esquina da Paulista com a rua Augusta (foto abaixo).

E o mais ridículo e contraditório foi o governo estadual organizar, em 2010, o seu primeiro festival “internacional” de música de metrô, patrocinado pela Red Bull, com 20 artistas de 10 cidades diferentes do mundo. Legal, né? Importante não é mesmo? Seria, se o metrô paulistano permitisse que músicos (e demais artistas) se apresentassem dentro das estações, ou até mesmo nos trens, como acontece nestes outros países convidados para o festival. Parece brincadeira de mau gosto.

(abaixo, um vídeo de uma banda Ucraniana que fiz “dentro” da estação Republique de Paris, em 2008)