sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

MEU ANIVERSÁRIO

Nesta segunda-feira, dia 1º de fevereiro, faço aniversário e alguns amigos sabem que não dou tanta importância a essa minha efeméride, ao mesmo tempo esses amigos são testemunhas de meu apreço à festas, celebrações e principalmente à bebemorações. Aliás, nos meus tempos de militância partidária, estudantil e igrejeira fiquei estigmatizado como “articulador número um” da esquerda festiva (noutro momento falo sobre isso aqui no blog). Quando me perguntam se farei festa no meu aniversário penso/repenso se tenho algo real a comemorar, e como não pinta nada significativo acaba não rolando festejo algum. Mas agora em 2010 finalmente tenho o que celebrar - no entanto é algo tão pessoal que não convém marcar encontro com os amigos. Há exatos 10 anos, no dia 1º de fevereiro de 2000, resolvi me presentear e o melhor regalo seria abandonar o cigarro, largar aquele vício filho-da-puta que me acompanhava desde os 17 anos. No meu caso, me desfazer do hábito não foi tão traumático como é comum entre os dependentes: em poucos meses não sentia mais fissura pela nicotina. Acho que fiz algo legal por mim, pois eu já estava de saco cheio dos cigarros; a grana mensal que gastava dava pra encher a cara de cinema, de livro, de discos e de outras coisas menos atentatórias a moi même. Isto é sim um fato relevante em minha vida e ponto. Não quero com isso deixar a impressão de que me tornei um militante anti-tabagista, pró-saúde - que não apareça alguém querendo me cooptar pra uma campanha antifumo, antidrogas pela Organização Mundial da Saúde. Xô! Vade retro!
Tenho a impressão de que estão tornando hiper careta o nosso cotidiano quando aprovam leis que incidem na privacidade das pessoas, como as que penalizam o fumante (quem concorda diz que são medidas ambientalmente corretas e os escambau). Sou contra quem fuma em espaços fechados (como bares, restaurantes etc.), acho isso um desrespeito: uma falha “educacional”. Mas acho também um ato extremo ter uma lei obrigando esse comportamento ao cidadão. Muito pior é o item incorporado a essa lei que estimula a delação dos estabelecimentos que não a cumprem. Ou seja: estão criando o alcagüete voluntário. Quer coisa mais careta, mais reaça?
Não vejo problema na pessoa querer fumar, cheirar, injetar, beber, se matar; não acredito ser papel do Estado coibir esses anseios do cidadão. Pra mim, perigoso é quando governo e legisladores assumem a postura de “paizão” da nação, a ponto de (re)criar regras de moral e costumes. A história demonstra que esse tipo de políticas invasivas só deu em merda, tanto em países democráticos como em governos autoritários ou comunistas.
Acho até que há um processo internacional de caretização. Vejo igrejas, presidentes, organizações pregando ainda a abstinência sexual pré-marital ou extra-marital. Lembram do jogador Kaká defendendo eloquentemente a virgindade até o matrimônio? Sendo que mais tarde ele deu declarações de que foi “nada fácil chegar ao casamento sem nunca ter estado com uma mulher”. Que triste, né!
Ultimamente defendo o direito inexpugnável de qualquer pessoa enfiar o pé na jaca quando bem entender. Meu pai, pouco antes do 60 anos, quando se deu conta da vida ridícula que levava após a aposentadoria, começou a fumar e a beber. Morreu recentemente por conseqüência de uma cirrose causada pelo consumo exagerando de álcool. Foi um fim triste para a família, mas foi realmente a opção de meu pai. Ele que sempre fora um sujeito chato e intransigente até que estava menos mala-sem-alça; a gente já até ria e cantava junto.
Não bastasse tudo estar tão patético, banal, outro dia, vi um médico, especialista nalguma coisa, numa entrevista em que dizia que comer demais, amar demais, beber demais, fumar demais são o grande mal de nosso tempo. Putz! Sacaram este meu murmúrio?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

"Como Fazer Qualquer Pessoa se Apaixonar por Você"

Foi neste belíssimo curta-metragem (que segue abaixo) de Edson Kumasaka que ouvi pela primeira vez algumas canções da Lulina, de quem já falei muito por aqui. Quando me encontrei com o Edson na Livraria Cultura no fim do ano passado ele me disse que não pôde botar seu filme no YouTube porque ali não é permitido vídeos com mais de 10 minutos. Lamentamos. Agora, depois de um ano do lançamento, Edson disponibilizou o curta no Vimeo.com na integra. Felizmente (ou não, sei lá) a internet tem sido o maior exibidor/divulgador para produtores deste gênero de arte.
Como Fazer Qualquer Pessoa se Apaixonar por Você tem argumento e roteiro da escritora ÍNDIGO, a trilha é da LULINA; no elenco estão BEBEL DE BARROS, FABIANA VAJMAN e WALTER FIGUEIREDO. A direção, fotografia e montagem é de EDSON KUMASAKA.
O curta tem 14:58 minutos e eu gosto muito. Índigo e Edson disseram que o projeto só pegou de verdade quando surgiu a doce trilha composta por Lulina.
É só conferir...
(logo no começo há um bip agudo e chato, mas passa rapidinho)

Como fazer qualquer pessoa se apaixonar por você from edson kumasaka on Vimeo.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Homenagem a Sampa

No próximo dia 25 São Paulo completa 456 anos, por isso peguei minha câmera Casio-Exilim e entrei no APIACÁS/PRAÇA RAMOS-7267 e resolvi fazer uma pequena homenagem à cidade registrando pessoas, carros, prédios e ruas. E como essa linha de ônibus é circular bastou descolar uma poltrona legal e uma única viagem ida e volta pra fotografar esse percurso que faço toda a semana desde que me mudei para Perdizes.
Achei bacana fazer todas as fotos sentadinho de dentro ônibus – em algumas imagens é possível ver os riscos e a sujeira das janelas do coletivo.
Aviso: não quis, com essas fotos, montar um discurso imagético-inteleca-superrevelador-correlacionado-espectralmente-com-alguma-pontecializável-idéia-porralouquense. É só um registro.


(Fotos: Zequinha Imagens - Clique nas fotos para ampliá-las)














quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Música Serve Pra Isso"


É, meus amigos... Quando rola alguma deprê-filhodaputa-de-ocasião lembro de como é bom tocar um instrumento e dessa bela canção do Maurício Pereira e do André Abujamra. Uma poesia metaliguística autoexplicante, sacou?


MÚSICA SERVE PRA ISSO

Se vivendo a minha vida
Sinto a falta de alguém
A saudade me levanta
Sai dizendo para mim
Na tristeza dê um fim:
Tecnologia é tanta!

Microondas, avião
Cumpra a sua função
Calme um coração que sangra
Com uma prova de carinho
Ou pedaços de lembranças
A voz de alguém num instante

E se um raio interromper
Estrondoso e casual
Essas ligações distantes
Que o fogo de um vulcão
Cuspa uma explicação
Que esclareça lentamente

Que o mundo é tão variado
Tanta exclamação que às vezes
Não se nota que é constante
Que uma banalidade
Gere uma canção gigante
Entre numa rádio e cante:

Música serve pra isso.
Música serve pra isso.
Música serve pra isso.
Música serve pra isso.

Clique
aqui para ver um vídeo do YouTube com a canção (as imagens são de uma ato em Brasília favorável às pesquisas com células troncos)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Leitura de Verão (dicas dos leitores do blog)


E a brincadeira de pedir sugestões sobre o que ler durante as férias de verão deu muito certo. Alguns leitores deixaram aqui no blog suas dicas e outros as enviaram para o meu endereço eletrônico. E o legal é que as sugestões foram interessantes, todas do meu agrado (fiquei fissurado pra ler algumas delas) e ninguém indicou títulos de auto-ajuda nem de best-seller. Então aqui vão as dicas:
Laís Lenha, leitora carioca, indicou “DEZ AJUSTADA (Bertrand) de Maria Beaumont que conta a hilária história de alguém que tenta ficar com um corpo “dez” e acaba num desajuste total. João Gabriel, leitor pernambucano, indicou “CINZAS DO NORTE (Cia. das Letras)”, um romance amargo e político de Milton Hatoum que conta a trajetória de dois amigos. Lavo, que narra tudo em primeira pessoa, é um órfão, criado por dois tios pobres, irmãos da mãe falecida, e de Mundo, ou Raimundo, nascido numa família rica e decadente.
Rogério Vieira, leitor de Santa Rita do Passa 4, interior de SP, deixou a dica de um escritor argentino que eu não conhecia - mas que muito me interessou: “ CONTOS FATAIS/AS FORÇAS ESTRANHAS” (editora Globo) dee Leopoldo Lugones; romance fantástico que fala de ciências ocultas, mitos gregos, bíblicos e lendários.
Silmara Donato, de Santos, indicou “O OLHO DA RUA” de Eliana Brum (editora Globo) – matérias jornalísticas reunidas e comentadas pela autora que revela a banalidade do cotidiano.
Luiz Kert (leitor de ?) indicou o “TEATRO DO ORNITORRINCO/ 30 ANOS” (Imprensa Oficial do Estado) – depoimentos organizados pela atriz Christiani Tricerri e Cacá Rosset sobre os 30 anos do grupo de teatro paulistano.
Marisa Godoy, do Rio de Janeiro, indicou um clássico de Machado de Assis o qual ela está encantada ao ler pela primeira vez neste verão: “O ALIENISTA” é a famosa história do médico Simão Bacamarte que funda um hospital psiquiátrico em Itaguaí, RJ, onde passa a internar todos da cidade que ele julga louco.
Rodrigo Torres, de Sampa, disse que leu nas férias de janeiro de 2009 “O FILHO ETERNO (Record)” de Cristovão Tezza, cujo romance aborda os conflitos de um homem que tem um filho com Síndrome de Down. O protagonista se mostra inseguro, medroso e envergonhado com a situação, mas aos poucos, com muito esforço, enfrenta a situação e passa a conviver amorosamente com o menino.
Alexandre, de Sampa, indica “LEITE DERRAMADO (Cia. das Letras)” de Chico Buarque que está lendo e gostando das histórias de um velho, membro de uma tradicional família brasileira, que narra os acontecimentos dos 200 anos de sua linhagem enquanto está hospitalizado.
“HOMEM NO ESCURO” (Cia. das Letras), romance do escritor norte-americano Paul Auster é a dica da Camila, de Sampa. O livro traz a história de um aposentado que imagina situações e fatos, construindo um mundo paralelo pra tentar esquecer a morte da esposa e outras coisas ruins que o cercam.
E por fim tem o Nilton (leitor de ?) que deixou a dica da fantástica biografia “VALE TUDO” (Objetiva) de Tim Maia feita pelo escritor, compositor, Nelson Motta (essa dica eu também recomendo).
É isso. Obrigado a todos pela participação. Beijabraços e saravá.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

UMA ALDEIA

Há exatos dois anos, nos dias 6 e 7 de janeiro de 2008, fui parar em São Luiz do Paraitinga pra ver as famosas festividades de Folias de Reis da cidade, e recentemente, poucos dias antes do réveillon, bateu uma vontade danada de voltar pra lá na mesma data, mas não rolou. Portanto não cabe aqui mencionar o que senti quando vi as imagens da catastrófica inundação da qual São Luiz foi vítima.
Para quem não sabe, essa cidade, por pura resistência à indústria cultural brasuca, mantém tradicional carnaval somente de Marchinhas, com dezenas de bandas carnavalescas circulando entre os antigos casarões da época do café de São Luiz - mais de 150 mil pessoas vão para esse evento. No ano passado, sob a curadoria da cantora e compositora Suzana Salles, a cidade realizou, em agosto, a terceira SEMANA DA CANÇÃO BRASILIERA, com shows, palestras, debates, festival de música e oficinas. No calendário de eventos de São Luiz do Paraitinga ainda rola a "Festa do Divino Espírito Santo", "Festa do Saci", "Festival de Inverno", "Festival de Marchinhas de Carnaval", "Festa de São Sebastião", entre outras.
Cabe aqui alguma reflexão: a merda da ocupação desordenada e galopante das margens do Rio Paraitinga foi o que possibilitou essa tragédia. Não é culpa do El Niño ou de São Pedro. Homologaram o tombamento dos centenários casarões do centro histórico, mas não fizeram o mesmo com o rio que corta a cidade - não o tratam como patrimônio. Disse Pessoa: “o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”.

Abaixo, o registro fotográfico que fiz dos casarões de São Luiz do Paraitinga em 2008 (quase todos se foram - já não existem mais).

(fotos: Zequinha Imagens - clique para ampliá-las)
Rio Paraitinga, o rio que corre por aquela aldeia.








Havia um charmoso coreto na praça central da cidade.
A igreja matriz São Luiz de Tolosa que não existe mais

Meu amigo Mario Costa e eu num bate-papo no meio da praça

Concentração para a procissão da Congada do Alto do Cruzeiro de São Luiz do Paraitinga.


A simpática e agradável pousada Caravelas e seu jardim florido que ficamos.