sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Meu presente de Natal


LULINA, aquela gracinha talentosa que transita entre ETs por Olinda e Sampa, me presenteia neste Natal com “MEUS DIAS 13”, um disco que em 2 canções (“O Baculejo” e “Dia do Rock”) sou seu parceiro em pequenos trechos das letras. Explico: durante 7 meses de 2010, Lulina solicitou aos amigos que enviassem uma frase retratando os acontecimentos do dia “13” de cada um; depois, ela e Leo Monstro (sua “alma gêmea” nos arranjos e composições) gestaram 7 canções que agora disponibilizam como presente natalino; num CD com 13 músicas inéditas (para quem quiser baixar - o link tá no http://lulilandia.wordpress.com/2010/12/24/feliz-natal/). Infelizmente, os compromissos impossibilitaram a continuidade do projeto, cabendo aos dois compor as outras 6 canções que consta no disco.

Numa recente entrevista a Jotabê Medeiros, um "respeitável" crítico do caderno de cultura do Estadão, disse Lulina que o projeto era uma “vibe dadaísta” para produzir letras coletivas através da Internet. Parece que bastou ela ler os primeiros e-mails para perceber que tinha algo muito bonito nas mãos: “Eu tinha o sentimento verdadeiro do dia das pessoas, algumas se abriam completamente comigo no e-mail”. Ela afirma que aos poucos foi pegando a manha, nas últimas Lulina conseguia compor em menos de meia hora, copiando, colando e criando novas associações quase que imediatamente. “A ideia toda é dadaísta, mas eu não queria criar canções sem sentido, tentava agrupar as letras por sentimentos e gerar um novo sentido com a soma das partes. Foi como tirar férias de mim e refletir só sobre o que os outros viveram” (a entrevista na íntegra está no
http://estadao.br.msn.com/cultura/artigo.aspx?cp-documentid=26833114 ).

Gracias Lulina pelo belo e inesperado presente.

Fui parceiro nas canções do mês de "Julho" e "Outubro".

domingo, 19 de dezembro de 2010

"Um lugar do Caralho"

Dessa vez já não havia tanto gaúcho exilado em Sampa como nos primeiros shows que vi de Júpiter Maçã no começo dos anos 2 mille (nos primeiros tinha até roqueiro dos pampas com cuia de chimarrão na fila de entrada). Agora não. O público agora, e de algum tempo, é de paulista curtindo adoidado a tropical bossa-jazz-psicodélica desse cantor, compositor, guitarrista e cineasta. Li no Wikipedia que o então “Flávio Basso” (nome que consta no RG de Maçã) participou, com a banda “TNT”, da famosa coletânea de 1985 “Rock Grande do Sul”, que reuniu grandes grupos de rock de Porto Alegre, como “Replicantes”, “Engenheiros do Hawaii” e “De Falla” (eu cheguei a escutar esse álbum na casa do meu amigo Roberto nos anos 80). Ontem, o teatro do Sesc-Consolação só não tava “do caralho” porque a acústica (ou a aparelhagem) não se entendia com a banda; o som de voz estava baixo e os instrumentos saturados - nem roadie tinha quando deu pane na guitarra de Maçã. Fora esses detalhes técnicos, público e banda estavam empolgadíssimos. Todo mundo cantando “sozinho pelas ruas de São Paulo/ eu quero achar alguém pra mim/ um alguém tipo assim/ que goste de beber e falar/ LSD queira tomar/ curta Syd Barrett e os Beatles”. E outras coisas legais como “não vais namorar ninguém/ não vais conversar com ninguém/ aonde está o remédio?/ aonde está a solução?/ ao libertar-se do alcoolismo/ síndrome de pânico” e “Doidão é apelido para a paranóia/ toda jibóia, toda bóia, toda clarabóia/ querida, que tal baixar o televisor?/ deitado no divã com Woody Allen/ eu tive um sonho com aquele estranho velho alien/ que era cabeça Bob Dylan, barba Ginsberg Allen”.

Meu, parece que o cara cheirou todas as meias que encontrou e se influenciou com tudo que ouviu desde os anos 60; Jovem Guarda, Mutantes, Beatles, Syd Barret, João Gilberto, Caetano Veloso, Tom Zé, Beach Boys, Iggy Pop, Françoise Hardy, Serge Gainsbourg e Roberto Carlos. Cá pra mim, Maçã é um mix do melhor de Nick Cave, Ney Matogrosso e Jim Morrison - imaginem todos esses talentos num só sujeito.

No hilário e sacana “Desciclopédia” (que eu chamo de “Darcyclopédia", diante de tanta besteira divertida que publica) diz que Júpiter Maçã é “ídolo de maconheiros/alternativos/gays de Porto Alegre”. Diz também que ele foi chutado da banda “TNT” por suas letras fazerem apologia ao “sexo, zoofilia, drogas e terrorismo”. Segundo o site, em 2006, “Júpiter Apple” vira “Maçã” e “solta a franga de vez” ao lançar o disco "Uma tarde na fruteira", que mostra seu lado “sensual, erótico e escatológico através de canções legitimamente brasileiras e experimentos de viadagem”. A música "Marchinha Psicótica de Dr. Soup" vira a sensação entre “os Emos enrustidos que usam calça grudada no rego e invadem o Parque da Redenção aos domingos”.

Bueno. O show de ontem tava bacana, mas minha rabugice galopante (devido à idade) me faz detestar cada vez mais essa mania que alguns artistas têm de pedir pro publico bater palmas no ritimo da música executada. Enfim, tudo acabou bem para artista e espectador. Agora, se Mr. Apple (de quem curto pacas) nos chamasse de “galera” e nos pedisse pra levantar as mãos, eu saia do teatro no mesmo instante, bradando um monte de palavrão que eu não publicaria aqui no blogue.
Pra quem se interessar escute essas músicas que estão abaixo – boa parte é possível ver e ouvir no youtube. "Um Lugar do Caralho", "Miss Lexotan 6mg Garota", "Eu e Minha Ex", "A Marchinha Psicótica de Dr.Soup", "Beatle George", "Síndrome de Pânico".

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sem Palabras.


Não só os adjetivos bacanas me escapam como, quase sempre, as boas idéias pra uma elegante narrativa idem. Digo isso porque desde domingo passado procuro na minha cachola o que escrever sobre a matéria publicada na página 4 do caderno Ilustríssima (eu gostava quando se chamava “Mais”) da Falha de S. Paulo. O enorme texto trata do reconhecimento do grande autor de PORNOPOPÉIA, Reinaldo Moraes. Já falei diversas vezes aqui desse livro e do autor. Já revelei até da importância que seu livro “Tanto Faz (de 1982)” teve em minha vida de jovem leitor. Alguns amigos se empolgaram pra ler Pornopopéia e me deram razão quanto à qualidade. E eu não achava o que escravinhar sobre esse artigo da Falha desde domingo. Entonces, para minha sorte, o Marião, o Bortolotto, em seu blog (http://atirenodramaturgo.zip.net), postou um bom resumo do que eu gostaria de dizer de Reinaldo Moraes. E é lógico que vou republicar aqui. Tá logo abaixo. Gracias, Marión.


“Depois de tanto tempo, tão enfim reconhecendo o puta escritor que o Reinaldo é. A gente já vem falando há tanto tempo isso, né? A miopia da crítica tupiniquim é digna de um Mr. Magoo. Mas a matéria me pareceu uma espécie de redenção. Enfim, né? Ficou bem bacana, o foda é ter que aguentar o Ruy Castro dizendo que o Bukowski é um farsante. Acho que ele queria morar nos Estados Unidos e escrever a biografia do Velho. E eu não entendo a razão de alguém perder tempo comparando Reinaldo com Bukowski. Na minha opinião, os dois são muito diferentes, apesar do Reinaldo ser fã do Velho, inclusive traduziu "Mulheres" para a Brasiliense. Em comum os dois tem o fato de escreverem na primeira pessoa, gostarem de mulheres e de bebida (e suas preferencias costumam ser temas de seus textos) e terem um (ou os dois pés) no wild side. Mas as comparações param por aí. Reinaldo é prolixo. Genialmente prolixo. Ele adjetiva tudo, se estende sobre um assunto, tem uma escrita elegante pra caralho. Reinaldo se aproxima muito mais de Henry Miller, se a gente analisar direito. Não estou querendo dizer que ele é o nosso Miller. Reinaldo é o Reinaldo, muito mais galhofeiro, moleque, mais próximo de Oswald nesse sentido. Não sei porque ainda tento buscar comparações. Reinaldo é original pra caralho. Já o velho Buk é seco, cínico e amargo, embora eu encontre muito humor nele, o tipo de humor que me diverte muito. Sua literatura é direta como uma porrada do Mike Tyson. Bukowski não vai lutar todos os rounds. Ele dá o golpe final logo no primeiro. E o tempo todo é poético pra caralho. E é genial porque isso não é pra qualquer um. O próprio Reinaldo escreveu um dia sobre a literatura do velho Buk : 'A literatura de Bukowski é uma chuva de cascalho, um sapato abandonado no meio de uma freeway da Califórnia'. Os dois se entendem”.

Mario Bortolotto.

"DOSE DUPLA"

Hoje, às 21h, no Sesc Consolação, começa o excelente projeto que integra música e cinema chamado DOSE DUPLA. A idéia é exibir documentário de artistas que marcaram a história da nossa música, seguido de shows de outros artistas que foram influenciados pelas obras dos retratados.

O primeiro documentário é “TIM MAIA” de Flávio R. Tambellini (de 1986) – depois show de LADY ZU com preço bem popular de 10 pilas (e meia entrada para estudantes e comerciários).
No dia 11 tem o curta "Martinho da Vila Paris 1977", de Ari Candido Fernandes. O filme registra a passagem do cantor e compositor carioca Martinho da Vila por Paris, em 1977, durante uma turnê de apresentações. Em seguida show de FABIANA COZZA.

Dia 17 tem o curta "Noel por Noel", de Rogério Sganzerla. Ensaio documental sobre a música e o tempo de Noel Rosa, com colagens de imagens de arquivo, fotografias de época e filmagens de blocos carnavalescos em Vila Isabel. Depois, show de LUIZ TATIT.

Dia 18 é a vez do curta "Mutantes", de Antonio Carlos da Fontoura. Uma brincadeira mutante improvisada por Arnaldo Baptista, Sergio Dias e Rita Lee, num dia único pelas ruas de São Paulo. Em seguida show de JUPITER MAÇÃ.

SERVIÇO:
Teatro Anchieta – SESC Consolação
. Rua Dr. Vila Nova, 245.
São Paulo. Tel. 3234-3000.
Sempre às 21h.
Ingressos: R$ 10.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Provocações


Muito bom: Antonio Abujamra provoca Marcelino Freire. É so clicar no link

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"VIRA CULTURA"


Uma boa programação para este fim de semana é a mini-virada cultural, o “VIRA CULTURA” da LIVRARIA CULTURA do CONJUNTO NACIONAL – que rola entre os dias 27 e 28, a partir das 9h de sábado até às 20h do domingo. Serão 35 horas ininterruptas de programação totalmente free, digrátis. Vão rolar mini-shows, cinema, teatro, exposições, lançamentos de livros, contação de histórias, bate-papos literários, discotecagens, comédia stand-ups, aulas de samba, concurso de Cosplay, entre outras cositas.

As atrações: Zeca Baleiro, Pato Fu, Lobão, Lázaro Ramos, Marcelo Adnet, Daniel Galera, Michel Laub, Luciana Saddi, Ronaldo Bressane, Nina Becker, Móveis Coloniais de Acaju, Claudia Assef, Paulo Tiefenthaler, Dráuzio Varella, Jairo Bouer, Marcia Tiburi, Hervé Bourhis, Mirian Goldenberg, Eucanaã Ferraz, Fabrício Corsaletti, Lourenço Mutarelli, Rafael Grampá, Nina Horta, e outros.

Serviço:
Vira Cultura – Livraria Cultura do Conjunto Nacional
Avenida Paulista, 2073. Entrada Franca (aviso: senhas serão distribuídas uma hora antes do início de cada atividade) Informações no
http://www.iracultura.com.br/

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ressacão literário e festa do livro na USP

E hoje, às 20h, tem ressaca literária. Explico: é a continuação da Balada Literária do Marcelino Freire que ainda rola nesta quarta e quinta. O convidado para o bate-papo de hoje é o cineasta e escritor Jorge Furtado, diretor de “Meu Tio Matou um Cara”, “Saneamento Básico”, “O Homem que Copiava”, “Houve Uma Vez Dois Verões” e o sensacional e premiadíssimo documentário “Ilhas das Flores”. O encontro vai ser no Centro Cultural B_arco, um agradável espaço dedicado as artes, que fica na rua Virgílio de Carvalho Pinto, 426, em Pinheiros (www.obarco.com.br ). Para chegar ao local (pra quem tá de busão ou a pé) basta subir a rua Teodoro Sampaio até segunda ponte (a primeira é da rua Matheus Grou) que cruza a rua: o B_arco fica encostado à ponte. A entrada é free.

E amanhã, dia 25, o bate-papo é com dois grandes artistas pernambucanos, Antonio Nóbrega e Siba (criador do grupo Mestre Ambrósio). A conversa vai rolar, às 20h, no Teatro Brincante (Rua Purpurina, 428, em Pinheiros – www.teatrobrincante.com.br).

Outra dica imperdível é a 12º Festa do Livro da USP que rola no saguão do prédio de Geografia e História, a famosa FFLCH. Vai ser entre os dias 24 e 26 de novembro, das 9h às 21h, com 99 editoras vendendo livros com no mínimo 50% de descontos. O endereço é Rua Professor Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária. É bom ir logo porque os bons títulos acabam rapidinho. A novidade desse ano é a participação da Companhia da Letras.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eita, baladeiro!

Reed ou McCartney?
Declino.
The Best é a balada do Marcelino.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Alameda Santos da Ivana

Indagorinha passei na Livraria da Vila (a da Fradique) pra assuntar o “delicioso” livro de estréia do cantor/compositor maranhense Zeca Baleiro, “Bala na Agulha – Reflexões De Boteco, Pastéis De Memória E Outras Frituras”, e me diverti um tantão com o que li (noutro momento falo aqui sobre esse livro). Depois fui tomar um carioca decente que servem no Santo Grão (a cafeteria da livraria) – e usar no celuleca a conexão wi-fi que ali funciona que é uma beleza. Ah, o quintal onde está a cafeteria é bem agradável; quando chega dezembro/janeiro há uma jabuticabeira carregada de frutos de encher os olhos (e a boca também). Minutos mais tarde chega a escritora Ivana Arruda Leite que estava na companhia da bela Andrea Del Fuego (Del Fuego, que além de escravinhar coisas muito legais é dona de um sobrenome très intéressant - ó mi god!). Dei um “oi” pra Ivana, abracei-a, mas me faltou adjetivos inteligentes e concisos (eles sempre fogem de mim quando mais preciso, oh raios!) pra descrever a compulsão que seu segundo romance, o “Alameda Santos”, me causou (devo tê-lo devorado em dois dias). Ivana gerou uma personagem (que dividia um apê com gay na Alameda Santos no início da década de 80) insegura, neurótica, em desespero constante (mulher mal-amada e à beira da aflição generalizada é especialidade da autora), que de 1984 a 1992, entre o natal e o revéillion, narra solitariamente ao seu gravador os acontecimentos do ano. A gente chora (porque retratar a própria solidão é um treco doloroso) e até ri com os relatos dessa mulher que ameaça se atirar da janela do prédio onde mora, que torra todos os bens devido à obsessão por um cara hesitante total (bissexual), vagaba, que vive à custa da grana da esposa. Uma personagem que, independente de gênero, se expõe, escolhe a forma mais complexa (a que não dará certo, obviamente), mas que convive com as agruras, sem auto-piedade, sem rendição; que levantará de ressaca no dia seguinte e ao notar a besteirada que fez bradara um sonoro e respeitável “foda-se”.
Alguns dizem que o livro é autobiográfico, que as fitas gravadas existem. Podem ser. Mas a ficção que Ivana cria não tem nada de feminista ou feminina como alguns resenhistas afirmam. O que vi (e li) em “Falo de Mulher”, “Hotel Novo Mundo” e “Alameda Santos” é literatura” e ponto. Alguém já viu acusarem Dostoiévski, Hemingway e Machado de Assis de fazerem literatura “masculina” (ou machista) por causa de seus célebres personagens masculinos?
Ah, e um lance bem bacana em Alameda Santos é a lembrança dos acontecimentos que marcaram os anos 80 e começo dos 90 (como as Diretas Já, a morte de Trancredo, o Plano Cruzado, a hiper inflação, o seriado Malú Mulher, o embate entre Collor e Lula, o assassinato da atriz Daniella Perez, a novela Pantanal, o impicha do Collorido).
Bueno. Alameda Santos tá dito e recomendado.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Balada da Boa

Anotem na agenda, meus amigos, porque temos balada da boa começando nesta quinta-feira, a partir do dia 18. Falo da quinta Balada Literária muito bem bolada e organizada por Marcelino Freire. Enquanto vestígios de preconceito contra nordestinos ainda rolam via twitter, orkut, facebook e noutros meios, temos em Sampa um incansável Marcelino, pernambucano de Sertânia, pra gestar um puta evento literário que anualmente agita a Vila Madalena. Sem patrocinador oficial, a Balada rola com a colaboração da Livraria da Vila, da Biblioteca Alceu Amoroso Lima, do Instituto Goethe, do Espaço Cultural Barco, do Itaú Cultural, do Sesc Pinheiros, da Mercearia São Pedro (na edição de 2009, o escritor Mario Prata revelou que ele e muita gente vêm, sem cachê, pra Balada, só por causa do carisma de Marcelino).

Lygia Fagundes Telles é a homenageada da Balada deste ano que vai de 18 a 21 de novembro; os destaques são Antonio Nóbrega, Antonio Cícero, Alberto Manguel, Alice Ruiz, Augusto de Campos, Beth Goulart, Botika, Cid Campos, Emicida, Eunice Arruda, Jorge Furtado, José Castello, Fabiana Cozza, Luiz Antonio de Assis Brasil (que também coordenará uma oficina de criação), Marcelo Rubens Paiva, Mona Dorf, Leandro Leal, Siba e Vitor Ramil, entre outros.
A novidade desta edição é que vai ter evento destacando os trabalhos do editor Massao Ohno, do poeta Roberto Piva e do escritor e ator Alberto Guzik, mortos neste ano.

Confira aqui a programação completa porque tá bom demais. Vai ter muita música, teatro e poesia.



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Bafômetro Digital - Estamos Salvos.

Êba, êba! Finalmente inventaram um BAFÔMETRO DIGITAL que me impede de enviar mensagens comprometedoras quando volto bêbado pra casa. Explico: O “Social Media Sobriety Test” (da Webroot) é um programa que impede o usuário manguaçado de publicar qualquer mensagem no Facebook ou no Twitter, por exemplo. Quem nunca fez uma merda dessa e não se arrependeu no day after, hein?!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"Os Famosos e os Duendes da Morte"

Minha lista de títulos de livros destinada a jovens leitores (jovens, no sentido de iniciantes) anda crescendo. É sempre bom contar com várias opções porque, dependendo do perfil do iniciante, a gente pode acertar na indicação, e quem sabe assim gerar um futuro leitor. E não arrogo vaidade neste meu ato. Pelo contrário. Acho fundamental esse tipo de preocupação em quem curte leitura. Uma de minhas aporrinhações contra algumas feiras de livros (Flip, Bienal do Livro, etc.) é a indiferença quanto à formação do leitor. Os organizadores desses eventos juntam um monte de editoras, vão atrás de Leis de fomento pra descolar grana, encontram um local paradisíaco que lhes dão aval (Paraty, Porto de Galinhas, São Francisco Xavier, etc.), depois se sentem uma grife social de relevância. Puro artifício. Retórica.

Mas voltando. “Os Famosos e os Duendes da Morte” é segundo romance de Ismael Caneppele (Iluminuras - 2010), e o que me chamou a atenção nele foi o filme homônimo dirigido por Esmir Filho (vencedor do Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2009) que conta a história de um adolescente e seu universo numa pequena vila afastada do Rio Grande do Sul. Mesmo com o roteiro bem costurado (e tecnicamente perfeito), senti uma comichão danada pra ler esse livro de Caneppele. E logo de cara fui atraído por sua narrativa poética e deliciosamente melancólica; pelas frases incompletas, por uma certa sensibilidade - mórbida até – diante do conflito de quem esta entre partir ou ficar. Enfim, é um livro de inquietações de um adolescente (que podemos ler ouvindo Bob Dylan), que como todos nós, tem mais perguntas do que respostas.

Abaixo seguem alguns trechos saborosos de
“Os Famosos e os Duendes da Morte”.

Vivemos naquele lugar onde todos dormiam a mesma hora para acordar o mesmo dia. Lá, se lá ainda existisse, seria assim. É. As estações, por mais definidas, pouco influenciam na intensidade real dos acontecimentos e nada contribuíam para que alguma mudança real operasse sobre as pessoas e seus destinos. As vidas precisando se parecer para nenhuma chamar a atenção. Alguns partiam e, quando voltavam, se surpreendiam com a incapacidade de mudança que a cidade conservava. Prédios antigos davam lugar a construções utilitárias, árvores eram arrancadas para não sujar os carros e as gramas cresciam entre os paralelepípedos sufocavam sob grossas camadas de asfalto, mas, por dentro, todos continuavam exatamente iguais, mas mães perdendo os filhos. As meninas engravidando. Os idosos apodrecendo. Tudo tão depressa. Não é preciso ser velho para sentir o tempo. (...)
Não gosto de adormecer no começo da noite. É perigoso acordar no meio dela e não conseguir mais dormir. Quando tem aula na manhã seguinte, mais ainda. Todos os dias da minha vida tem aula na manhã seguinte, e todos os dias serão piores enquanto eu continuar aqui, vivendo uma vida que não é a minha. Dormi e acordei na hora errada. No lugar errado. Acordei quando o sono acabou, mas ainda faltava tempo para a manhã chegar. Liguei o computador e fiquei pegando no meu pau que estava duro. Ele costuma ficar bem duro quando acordo. Não é duro de tesão. Quando bato punheta nessas horas, nunca tem muita graça e acabo desistindo de gozar. É sempre cansativo ter que limpar a sujeira ou dormir com a cueca molhada. É como se a coisa fosse e não fosse.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"A Morte de Bunny Munro"

Há alguns tipos de livros que despertam em mim a vontade de esbofetear seus protagonistas. A sequência de besteiras (tolices) cometidas pelos personagens principais me tira a paciência. Se pensassem, se tivessem um momento apenas de lucidez evitariam desventuras e desgraças de todo tipo. Mas não. E tome infortúnios. Tenho até a impressão de que alguns autores sádicos adoram rechear suas histórias de outsiders desmiolados, inconseqüentes, só para nos ver xingando, fulos de raiva. E essa sensação sinto também lendo biografias de personagens reais, como Tim Maia (“Vale Tudo: Tim Maia” de Nelson Motta), Garrincha (“Estrela Solitária: Um Brasileiro Chamado Garrincha” de Ruy Castro), Cássia Eller (“Apenas Uma Garotinha: A história de Cássia Eller” de Ana Claudia Landi) e Paulo Leminski (“O Bandido que Sabia Latin” de Toninho Vaz). Bem. Mas não quero dizer com isso que são ruins esses livros. Muito pelo contrário. Como é o caso do excelente A MORTE DE BUNNY MUNRO do Nick Cave que acabo de ler. Em seu segundo romance, Cave criou um outsider vendedor de cosméticos cuja esposa se suicidara. Sozinho, sem nada na cabeça, Bunny resolve levar o filho de nove anos consigo em seu automóvel Punto pela Inglaterra, enquanto oferece seus produtos a clientes das quais, de alguma forma, busca resolver sua tara, sua sede por sexo. Um drama que me fez rir, chorar e xingar, xingar em demasia.


A Morte De Bunny Munro, que está fresquinho nas livrarias (a editora Record não fez ainda algum evento de lançamento), começa com uma narrativa simples, sem rebuscamentos, sem fluxos emocionais, sem frescuras para agradar, mas na sequência final, Cave esbanja arrojo literário ao descrever os últimos momentos do personagem principal. Dizem que o primeiro romance do autor, “And the Ass Saw the Angel (1989)”, nunca lançado no Brasil (em Portugal recebeu o nome de “E o Burro Viu o Anjo”), envolvia religião e muita violência, temas comuns à obra de Cave. Durante a leitura achei parecido o “Bunny” de Cave com o “Zeca” do romance "Pornopopéia (2008)" de Reinaldo Moraes; ambos hedonistas, autodestrutivos e doces filhos das putas por natureza.
E por falar em Nick Cave, há um tempão escrevi sobre o cara quando descobri que ele morou em Sampa no início dos anos 90. O texto segue abaixo.


WIM WENDERS E APRENDENDERS [eu sempre quis escrever um texto com esse título)

Amigos, desde que me tornei assíduo na Mercearia São Pedro – boteco decano ao lado do Fórum de Pinheiros -, o Nick Cave, aquele compositor das trilhas de “Asas do Desejo” e de “Tão Longe, Tão Perto” de Wim Wenders, me olha enviesado quando vou ao banheiro. Ator, roteirista, escritor e músico, Cave está há um tempão fixado na parede da Mercearia. Não entendo o que vai manuscrito em inglês no pôster, não pelo idioma, mas pelos garranchos – talvez disformados por alcoolemia, dado a vida etílica de Cave.

Nesta quinta, pós carnaval, mesmo de tarde, o bar estava lotado. Procurei então me ajeitar à beira do balcão. “Tá difícil descolar mesa hoje”, disse o rapaz que me servia a primeira Original. Cave, de óculos escuros estava ali percebendo a muvuca da Mercearia. Não sou fã do cara, sei pouco sobre ele. Já li artigo na Falha de S.Paulo que o comparava a Lou Reed. - qualquer dia desses consultarei o Step (Marcelo Steponkevicius), meu amigo da Vila Ema especialista em pop/rock de todos os cantos.

Sei que Cave é australiano e que nos anos 80 chegou ao reconhecimento do público e da crítica com a banda Nick Cave and The Bad Seeds, com letras violentas, que beiravam o sadismo. É dito que ele lê a Bíblia e consome altas doses de álcool antes de escrever suas músicas. Agora, o mais interessante sobre Cave descobri com o balconista da Mercearia. Acreditem: o músico chegou a morar ali pertinho, na Vila Madá, nos anos 90, onde conheceu Viviane Carneiro com que teve seu primeiro filho, Luke. Segundo o rapaz, Cave, que freqüentava a Mercearia, tomava seu uísque no mesmo lugar do balcão onde eu bebia minha Original. Lógico que não acreditei naquele papo, mas afirmou o balconista dizendo pra eu procurar entre as imagens de Cave no You Tube uma em que ele está na Mercearia. [infelizmente retiraram o vídeo do youtube]
http://www.youtube.com/watch?v=VAIGeETmk90

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

"Mirisola é legal"


Caramba, faz mais de três semanas que não apareço por aqui! São os compromissos depois de minhas nada prosaicas e inolvidáveis viagens a Paraty e ao Rio de Janeiro. Mas vâmo lá. Pra reiniciar as conversas quero falar de Marcelo Mirisola, o polêmico, o mito “MM”. Conheço, aos borbotões, muita gente que não curte o cara. Adjetivos até agressivos dirigidos ao escritor são comuns. Alguns amigos não entendem por que menciono sempre os textos de Mirisola, por que faço elogios à sua narrativa, à sua verve. É porque eu acho que resenhistas e críticos confundem a acidez dos textos de MM com o próprio. Eu já li e já ouvi dizer que toda essa aura de mal-humorado, de irritadiço com a própria sombra, é falsa impressão, uma invenção (talvez do próprio MM). Na verdade dizem que o cara é fino, educado, uma lady com amigos e admiradores. Mario Bortolotto diz que estamos diante de um grande escritor, dono de uma literatura violenta, mas que tem ternura e poesia de montão; “aquela cota de dor necessária para que não passemos por esta vida anestesiados”. Bom. Mas da intimidade do cara não posso garantir; não sou amigo do autor (infelizmente). O que posso assegurar é quanto à qualidade da obra de Mirisola, que me agrada cada vez mais. Como não faz muito tempo que descobri MM (acho que foi em 2005, num “Desconcertos” do meu amigo Claudinei Vieira na Casa das Rosas) estou ainda lendo parte do que ele escreveu. O impacto que a excelente narrativa de Mirisola causou em mim comparo com a que Marcelo Rubens Paiva, Reinaldo Moraes e Caio Fernando Abreu me proporcionaram nos anos 80. Então transcrevo aqui trechos do conto “Basta Um Verniz Para ser Feliz” do livro “Herói Devolvido”/2000 – editora 34 (que acabo de ler) pra vocês tirarem suas próprias impressões.

BASTA UM VERNIZ PARA SER FELIZ

O que eu gosto nele é a vida minúscula e bem-sucedida que leva. O medo de mostrar o rabo, sujar a gravata. Duarte jamais vai cagar em cima do bolo de aniversário. É do tipo que freqüenta sauna finlandesa às terças-feiras e reputa uma ‘personalidade vitoriosa’ por conta e obra da colônia importada que usa depois da barba: “gasto mil dólares por mês com a educação das crianças”, para ele a vida é barbear rente, hipócrita e macio, “outros tantos em pet-shop, treinador”; e tudo, desde o nome (ou marca, tanto faz) do “Colégio” das crianças até a conta do veterinário, absolutamente tudo, poderíamos incluir plano e saúde e câncer no cu, é uma sinopse deste sentimento comprado de vitória e frescura, depois da barba. Duarte é um babaca.
O melhor é que me empresta dinheiro. Fica todo pimpão quando lhe peço dinheiro – empresta, o babaca. O mérito é meu, tenho talento pressas coisas. A mulher dele é baixinha e tem as tetas grandes. Eu e ele parecemos irmãos (nossa bunda é grande). Qualquer dia chupo as tetas dela. O babaca confia em mim. Eles são rotarianos. Um dia chamei ela num canto e disse: “você gosta de mulher, não gosta?”. O problema é que ela não tem coragem de enfiar o dedo no cu dele: “enfia! Enfia que vai salvar seu casamento”. O casamento deles tá em crise. Eu vivo falando para ela enfiar o dedo no cu dele. Mas ela não tem coragem. Ela tem raiva da filha. E protege o veadinho do filho. Casou na capela de São José. O padre disse: “você, fulana de tal, baixinha das tetas grandes, promete (...) na alegria e na tristeza e etc, enfiar o dedo no cu dele quando for necessário...?” (...) Mas ela não tem coragem. Às vezes pelo dinheiro para ela e o babaca nem fica sabendo. Ainda chupo aqueles peitões. “Enfia! Enfia que vai salvar seu casamento!”. Ela tem uma loja de “conveniência” na Gabriel Monteiro, perto da Brunella. Ele é executivo da Ultrafértil (e pelo jeito, deve roubar). A loja é a cara deles.
Outro dia fomos ao karaoquê. Eu sou um cara simpático. Capaz de cantar “Feelings” inteirinha e desafinar no momento adequado somente para agradá-los. Não me envolvo em polêmicas, nem fudendo. Quando solicitado lanço mão do meu repertório ‘excêntrico e divertido’ e até sou um pouco efeminado sob este aspecto e, entre outras coisas, faço questão de ressaltar a importância do pensamento positivo, de sonegar impostos e de estar sempre com o corpinho malhado; minha falsa modéstia, em conluio, digamos assim, com a civilidade de direita, bom-mocismo, aversão disfarçada por nordestinos e demais babaquices para consumo da classe média alta (isso não tem explicação, mas eu faturo, e faturo em cima), tem o poder de aplacar a conscienciazinha pesada do casal Duarte e ainda por cima ensejar uma atmosfera “night and day” para boi dormir. Uso de má-fé e cores modernas. (...) Também tenho algumas frases de efeito em inglês e francês. Além de pronúncia e desconhecimento impecáveis em ambos os idiomas. Basta um verniz para ser feliz. (...) Sou o tipo do alcoviteiro, filho da puta, puxa-saco e ótima companhia. Um “entertainment”, como dizem por aí.
Geralmente depois do sushi o casal Duarte vai para casa tentar um foda. Ela pensando na Marilise. E ele á cinco, seis, ou no máximo sete bombadas, e goza. Aí vira para o lado do abajur, solta uns peidos e dorme. Ela tem vontade de assassiná-lo e sente nostalgia furiosa do grelo da Marilise. Mas os desejos de grelo e de assassiná-lo logo são acumulados durante dezoito anos dentro da alma. Sempre a mesma coisa. Os dois usam pijama de seda. Alma é um treco que fede.
Uso de cerimônia com Duarte. Faz a cabecinha dele. Eu não me arrisco. A coisa é calculada. Com ela já dá para falar umas baixarias. O brasão do pijama deles foi confeccionado sob minha orientação. Presente de quinze anos de casamento (...) Com ela, ou com ele. Ou com “o casal” que é uma invenção deles, sou falso de qualquer jeito. Eles gostam, e me emprestam dinheiro.
Eu com ele: - escuta, Duarte, -(pego no braço dele e desempenho o bookmaker ao pé-do-ouvido) – nós somos amigos faz um bom tempo. Você sabe que pode confiar em mim... não sabe? - claro, claro, quanto é que você precisa?
Eu com ela: - enfia que ele vai gostar! (...)
Os filhos deles, Thiago e Fernanda, me chamam de tio. Thiago tem dezessete, Fernandinha, quinze anos. O garoto é bicha e que fazer ESPM. A menina é uma biscate. Ele me chamam de “tio”, os cínicos. O uísque da casa deles é dos bons. A empregada é de confiança. Eu batizei o cachorro de Elton John. Eta familiazinha de merda. Eu me dou muitíssimo bem com todos eles. Eles me adoram. Eu os odeio.
-- Sabia que sua mãe não suporta você, Fernandinha?
Aí o arremedo de piranha chora. Se descabela, e eu lhe dou uns conselhos:
-- Mas eu falo com ela, vai se divertir que eu garanto.
-- Jura, tio?
Juro, é claro que eu juro. A mãe se queixa da filha. Eu digo para não se preocupar com a piranha:
-- Fernandinha é um anjo.
Puta que pariu! A mãe prefere o Thiaguinho! Duarte não quer nem saber. E faz muito bem. Quando mãe e filha brigam eu aproveito para pedir mais dinheiro. Quero que se fodam. Aí a mulher de Duarte descobriu a pólvora:
-- Ele tem um amante. Um homem!
-- Eu não disse pra “você enfiar do dedo no cu dele”?
-- E agora, meu Deus! E agora?
-- Pede dum Honda Civic pra ele. Ele adora você. E você adora o Duarte, não é assim?
Aí eu falei que a família dela era maravilhosa. Recomendei o grelo de Marilise e...
-- Não vai ser um macho que come a bunda de Duarte que vai mudar alguma coisa na vida de vocês... etc.
Dois beijinhos. Ela vai dar uma recauchutada nas tetas. Um veado que fazer ESPM. Outro veado provavelmente vai pagar a conta. Uma putinha desperdiçada na família. Um encoxada na empregada de confiança. Um pontapé no Elton John (é praxe). E, em suma, vou faturar uma grana preta com toda essa bandalha.
Ao fundo o pessoal do Buffet, barulho de louça, talheres. Hoje tem festa no apartamento dos Duarte. O endereço é Dr. Mario Ferraz, 56, ap.91, quase esquina com a Tucumã. Pertinho da Bell’s Beach. É fácil chegar lá. basta enfiar o dedo no cu de alguém. Ou enfiá-lo no próprio rabo, e não olhar para trás. Um pouco de vaselina. Outro tanto de verniz para ser feliz.

E pra quem quiser, o melhor portal de literatura Cronópio disponibilizou uma entrevista com Mirisola, realizado na loja da Fnac na Paulista (comigo na platéia). É só clicar aqui pra ver os vídeoshttp://www.tvcronopios.com.br/bitniks05/

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um Musical Silencioso (Imperdível)


Amigos, passo rápido pra deixar a dica imperdível do próximo fim de semana aqui em Sampa. É a peça O NATIMORTO – UM MUSICAL SILENCIOSO de Lourenço Mutarelli, que fará parte da “V” Mostra Cemitério de Automóveis, no CCSP (Centro Cultural São Paulo, o “Vergueiro”, como é mais conhecido). Eu já vi essa montagem quando estava sendo encenada no Espaço Parlapatões, em 2008. Se não me engano, o livro fora adaptado para o teatro por Mario Bortolotto, que também assina a direção. A partir daquelas imagens bizarras estampadas nos maços de cigarros, Mutarelli criou uma insólita história de amor entre um agente musical e uma cantora que não sabe cantar. Trancados em um quarto de hotel, os personagens são confrontados com a própria solidão. Garanto que é um texto imperdível.

E é bom mesmo ver essa montagem porque logo logo esta história estará nas telas de cinema. Dirigido e adaptado por Paulo Machline, o filme terá o próprio Mutarelli (que emagreceu sete quilos em três semanas e se mudou para o set de filmagens que foi construído num estúdio na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo) no papel do agente musical – a cantora será a belíssima atriz Simone Spoladore. Para quem não se lembra, Mutarelli era o segurança de Selton Mello no filme O Cheiro do Ralo. Ele também teve pequena participação em É Proibido Fumar.
Os ingressos para as peças dessa “V Mostra Cemitério de Automóveis” custam 10 realitos, uma bagatela, preço pra lá popular. Ah, e geralmente, depois das apresentações, o Marião Bortolotto e os outros atores convidam o público para bebericar no boteco em frente ao CCSP.
SERVIÇO:
O NATIMORTO – Um Musical Silencioso. Texto: Lourenço Mutarelli. Direção: Mario Bortolotto. Com Nilton Bicudo, Maria Manoella e Martha Nowill. Dias 17, 18 e 19 de setembro, no Centro Cultural São Paulo - sala Jardel Filho – R$ 10 – Rua Vergueiro, 1000 (ao lado da estação Vergueiro do metrô). A programação completa está aqui http://www.centrocultural.sp.gov.br/programacao_teatro.asp

Vejam as dicas da mostra com a belíssima produtora e atriz Wanessa Rudmer.




sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma semana in Rio de Janeiro.

Minhas primeiras idas ao Rio de Janeiro eu ainda era office-boy e ia a trabalho. Eram viagens vapt-vupt (bate-volta), sem tempo sequer para molhar os pés nalguma praia. Depois de grande fui outras vezes, mas esta de agora foi para fazer o circuito turista. E até que foi bacana. Então deixo aqui alguns registros fotográficos dessa viagem.


O belo Teatro Municipal do Rio, que dizem parecer com L'opera de Paris, é 2 anos mais velho que nosso aqui de Sampa (o do Rio é de 1909 e o de SP, 1911). Também em estilo eclético, ou seja: uma mistureba (renacentista, barroco, art nouveau entre outros)

(fotos: Zequinha imagens)

Havia uma concentração lulo-dilmista na frente do teatro.


Visitar a Biblioteca Nacional era o número um na lista de prioridade - só que acabou sendo frustrante, porque o visitante tem pouco acesso às salas importantes, as de restauros e obras raras eram impossíveis (no fundo a gente até compreende essas limitações).


Além da Biblioteca Nacional, outro lugar que estava na lista de prioridades pra conhecer era a Confeitaria Colombo. Um dos melhores retratos da belle époque, um local frequentado por artistas e pela elite carioca desde 1894.


Incrível. Os preços não são de assustar. Para os paulistanos dá pra pedir cochinha ou croquete baratinho.




Outro lugar que muito me emocionou foi o Real Gabinete Português de Leitura. Outra viagem no tempo, só que agora no mundo dos livros. Um belíssimo prédio de estilo "neo-manuelino" de 1887, escondindo na rua Camões, no centro histórico do Rio de Janeiro. Um ambiente pra amante de livro (e fãs do castelo-escola do filme Harry Porter) não achar defeito.


O estilo interno, como na lindíssima clarabóia, também segue o padrão neo-manuelino.

Detalhes das colunas que sustentam os mezaninos.

Os estimulantes e pedagógicos orelhões eróticos do Rio de Janeiro.



Passeio pelos centenários Arcos da Lapa.

No meio da praça dos Arcos havia uma manifestação de médicos residentes.


O lendário Circo Voador ao lado dos Arcos da Lapa.

Fundição Progresso, uma antiga fábrica de fogões e cofres, que fora salva da demolição se transformando em espaço cultural.

Os Arcos vistos do alto de Santa Teresa.
"Menina eu te conheço não sei de onde/ não sei se foi no bonde de Santa Teresa..."

Há recantos em Santa Teresa que me lembram Olinda.
Uma pose "meio" gay no alto de Santa Teresa (com vista pro Pão de Açúcar)
A famosa ecadaria do Selaron em Santa Teresa.

Eu e o chileno Selaron, o criador

Uma pausa para uma merecida breja.
As centenárias palmeiras imperiais do Jardim Botânico.

Abaixo: o ser (Jaborandi) e o nada (eu).
 Um chafariz entre as enormes palmeiras.
Chegando para papear com Otto Lara Resende.
 Dentro do palacete do Parque Lage que serviu de cenário para o filme "Terra em Transe" e para o velório de seu diretor, Glauber Rocha.
Nesta piscina foi rodada a cena final do filme Macunaíma de Joaquim Pedro de Andrade, em 1969.
O Cristo visto do Parque Lage.
Me emocionei ao ver a torre do castelo do Parque Lage tantas vezes usada em filmes dos Trapalhões.
O sol pairando sobre Ipanema beach.
Havia uma bandeira rubro-verde como a da Lusinha nas areias de Ipanema.
Sobre as pedras do Arpoador.
Cabelo ao vento, e pose suspeita.
 Morro Dois Irmãos.
Drummond e eu reparando nalguma bela dona de Copacabana. Transformaram Caymmi num mostro de assustar criançinhas.