domingo, 2 de outubro de 2011

Um soneto luxurioso




Segue um soneto (traduzido por José Paulo Paes) do poeta renascentista italiano Pietro Aretino (1492-1556) do livro “Sonetos Luxuriosos” da coleção “Má Companhia” (Companhia das Letras -2011). Aretino, ídolo e inspirador de Bocage, teve seus sonetos fora do alcance do público por séculos, só republicados no fim do século 19 por Apollinaire. Obs: vejam no soneto que a preocupação do homem sobre o tamanho de seu bilau não é de hoje.


Tens-me o pau na boceta, o cu me vês;
Vejo-te o cu tal como ele foi feito
Dirás que do juízo sou suspeito
Porque nos pés eu tenho as mãos, em vez.

Mas se em tal modo de foder tu crer,
Confia em mim, assim não será feito
Porque eu na foda bem melhor me ajeito
Se o meu peito do teu somente a nudez

Ao pé da letra quero-vos foder
O cu, comadre, em fúria tão daninha
Com dedo, com caralho e com mexer,

Que vosso gozo nunca se definha
Pois não sei que é dulcíssimo prazer
Provas deusas, princesas ou rainhas?

Mas direis, escarninha, que embora
Eu seja em tal mister sublime
O ter pouco caralho me deprime.

(em italiano)

Tu m’hai il cazzo in potta, in cul mi vedi
Ed io vedo il tuo cul, com’egli è fatto,
Matu potresti dir ch’io sono un matto
Perchè tengo le man dove sta i piedi

Ma s’a cotesto modo fotter credi
Credilo a me, Che non ti verrà fatto,
Perchè assai heglio al fottere io m’adatto.
Quando col petto sul mio petto siedi.

Vi vuo, fotter per lettera, comare,
E vuo’farvi nel cult ante ruine
Colle ditta, com cazzo e col menare,

Che sentire um piacer senza fine
Io non so Che piú dolce, che gustare
Da dee, da principesse e da regine?

E mim direte alfine ch’io son un
Valent’uomo in tal mestiero,
Ma d’aver poco cazzo mi de dispero.