quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"SATYRIANAS 2009"


Já comentei em outro post por aqui que a vinda das diversas trupes teatrais que se instalaram na Praça Roosevelt me incluiu na condição de “público de teatro” - devido a acessibilidade a espetáculos teatrais de qualidade (por preços não excludentes) deixei de ser apenas um “freqüentador casual”. Comentei também que graças a esse agito cultural/teatral muita gente voltou (começou) a freqüentar o antigo centro sem neura, apesar de o projeto de revitalização da praça Roosevelt (que é mal iluminada e anda caindo aos pedaços) não deixar de ser promessa dos administradores da cidade.

E um dos eventos culturais mais legal que rola na praça e que já entrou pro calendário oficial do Estado de São Paulo é a “Maratona Cultural Satyrianas – Uma Saudação à Primavera”, a festa teatral com duração de 78 horas ininterruptas. Nesta oitava edição (que este ano vai da próxima sexta-feira, dia 30, até segunda, dia 02) rola uma extensa programação de peças, debates, cafés literários, oficinas, shows musicais e jam sessions que podem ser conferidas nos teatros e em tendas montadas na praça e noutros 31 espaços que se tornaram parceiros do evento. Além do Satyros há também o
Espaço Parlapatões, Miniteatro, Casarão Belvedere, N.Ex.T., Instituto Cultural Capobianco, Casa das Rosas, Teatro do Centro da Terra, Teatro da Vila, Teatro do Ator, Studio 184, Teatro Artur Azevedo, Teatro Paulo Eiró, Espaço Maquinaria, Teatro dos Arcos, Espaço Pyndorama, Casa Café e Teatro, Teatro Gil Vicente, Arte Gullik, Teatro Brigadeiro e Centro Cultural Rio Verde.

Ivan Cabral, coordenador do Satyros, conta que o evento teve início em 1991, quando ele e Fauze El Kadre começaram a passar trote por telefone para uma lista de nomes de artistas. Uma das vítimas foi a cantora Vanusa que caiu no conto e topou participar do falso evento. A partir de então, Ivam e Fauze decidem levar a história a sério, e já na primeira edição da Satyrianas, o evento teve a participação de Antonio Fagundes, Débora Bloch, Diogo Vilela, Aguillar, Nelson de Sá, Moacyr Góes, Celso Nunes, Eliane Robert Moraes e Dib Carneiro Neto.
E como desde as primeiras edições a forma de pagamento é chamada de “ingresso consciente”, onde o espectador define o valor do ingresso, com contribuição mínima de R$2,00 em todas as peças que incluem a programação dos teatros. Já a programação das tendas será totalmente gratuita.
Bueno. A programação e longa e eu pretendo aproveitar o feriadão pra ver o máximo espetáculo possível.

Confira a programação completa
aqui

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um Blues de Caio Fernando Abreu


Por causa da correria durante a semana ando com pouco tempo pra escrever no blog, mas pra não dizer que não falei de flores, passo correndo por aqui pra dizer que, relendo hoje (no banheiro) a minha edição de 1988 de “Os Dragões Não Conhecem o Paraíso” de Caio Fernando Abreu, me deparei – lá no capítulo “Sem Ana, Blues” – com um delicioso (porém sofrido) parágrafo (que segue abaixo) todo moldado em metalinguagem. Vejam como Caio elegantemente se utiliza de uma artimanha lingüística para expor um doloroso infortúnio, como obrigatoriamente é a letra de um Blues.

"SEM ANA, BLUES"

"Quando Ana me deixou – essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos – e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou – e essa não-continuação era a única espécie de continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo – esse espaço branco sem Ana – de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela. (...)"

Ps: logo logo publico aqui a programação das SATYRIANAS -2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

"PERNAMBAS INVADERS"


A coisa é mais ou menos assim: toda semana entro no site do StúdioSP (uma casa de show da rua Augusta onde tocam bandas de todos os gêneros) pra conferir a programação e tenho notado, já faz um tempão, que sempre há algum grupo pernambucano se apresentando: até o fim deste mês baixam lá as bandas EDDIE (dia 24) e SEU CHICO (dia 30). E se procurarmos noutros lugares de show como o Grazie a Dio, o Sarajevo Club ou a rede SESC, vamos encontrar algum pernamba dentro da programação. Já fiz até uma lista com esses grupos que sempre estão em Sampa: MOMBOJÓ, MONJOLO, EDDIE, QUEROSENE JACARÉ, DIZ MAIA, NUDA, 3 NAMASSA, GUADALOOP, ASTRONAUTAS, JORGE CABELEIRA, CHINA, SEU CHICO, ZECA VIANA, OTTO, ORQUESTRA CONTEMPORÂNEA DE OLINDA - isso sem falar das badaladas NAÇÃO ZUMBI e MUNDO LIVRE S.A. No último feriadão, eu mesmo fui ver no MIS, Museu da Imagem e do Som, o lançamento do excelente disco de estréia, "CRISTALINA", da pernamba LULINA.
E essa invasão pernambucana não só rola no mundo da música. Na literatura temos o multimídia e agitador cultural MARCELINO FREIRE (radicado em Sampa), que sempre que pode traz outro pernamba de talento dentro da mala (em novembro tem a 4ª edição da Balada Literária, organizada por Marcelino, cujo homenageado será o grande JOÃO SILVÉRIO TREVISAN). Na mesma praia das letras há os poetas LIRINHA, MIRÓ, FREDERICO BARBOSA, BRUNO MAFERDINI que são sucesso nos saraus literários dos quais participam. Tem também o XICO SÁ que fala de futebol, de modos de macho e de modinhas de fêmea e que agora é meu vizinho aqui em Perdizes.
Nas artes cênicas/musicais já chegou há algum tempo (e se instalou na Vila Madá) ANTONIO NOBREGA – tem também o meu amigo DINHO LIMA FLOR que me encantou com seu espetáculo “CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ” que estava em cartaz no SESC-Paulista. E por aqui onde moro tenho me esbarrado (seja na fila do banco Itaú ou na praça Rusvel) com CLAUDIO ASSIS, um cineasta criativo; diretor autoral de dois excelentes filmes que gosto muito: “AMARELO MANGA” e “BAIXIO DAS BESTAS” - já vi o cara sugerir a Hector Babenco e à organização de um festival de cinema que tomassem em seus respectivos ânus. E por Sampa também a gente pode encontrar o cineasta LÍRIO FERREIRA que dirigiu o os cultuados “BAILE PERFUMADO” e “ÁRIDO MOVIE”.
E como eu já disse noutro texto aqui no blog; o que me impressiona é que Pernambuco tem muito mais armas a sacar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Manias e Provocações.

Nunca soube o que é um “olhar 43” como naquela canção oitentista (o restante da letra não me ajuda entender que raios o compositor queria dizer). Sei que existe o olhar de “soslaio” de “esguelha” que parecem ser la même chose. Meu avô Guilherme diria “espichar d’ôio”. Bom. O que eu quero dizer com isso é que tenho a mania de ficar de “butuca” – esse vocábulo é de “mano” – no que as outras pessoas estão lendo. Virou vício até. Estico o pescoço, mudo de banco, forço realmente a barra pra assuntar a leitura alheia. Pouco importa se é livro, bula, receituário ou apostila de cursinho. Só sossego quando descubro o título ou o conteúdo do que o vizinho lê. Tamanha insanidade, né mesmo. É, mas essa minha excentricidade, ou esquisitice, já me rendeu dicas inestimáveis. Foi por cima do ombro de uma passageira da linha 775N Rio Pequeno/Vila Mariana que, na primeira metade dos anos 80, li alguns trechos do clássico “Feliz Ano Velho” de Marcelo Rubens Paiva. O livro ainda não era o sucesso que viria a ser e eu fiquei fascinado pela forma solta e ágil da narrativa, tanto que comprei o livro na mesma semana. E aconteceu o mesmo com o “Olga” de Fernando Morais e “Queda Para o Alto” de Herzer. De certo que a decepção com títulos e autores que as pessoas geralmente lêem é mais constante; é muito auto-ajuda de baixo nível, best-sellers da moda (os tops do momento são as edições de auto-ajuda direcionadas a executivos), entre outras publicações esotéricas de conteúdo duvidoso.
Acho ônibus e metrô bons lugares pra leitura, pena estarem tão desconfortáveis e saturados. Às vezes até lamento quando um conhecido entra no ônibus e estou compenetrado nalgum livro - por outro lado, já travei papo bacana com gente que lia algo que muito me interessava.
Coisas entranhas e engraçadas também acontecem: minha amiga Solange , certa vez, lia “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” de José Saramago quando uma senhora que sentava ao lado a parabenizou pela leitura “cristã/religiosa”. Coitada. Mal sabia a senhora do conteúdo ateu do livro e do autor. Acho que foi em março deste ano quando, ao me sentar num banco de ônibus, vi que havia um rapaz compenetrado num livro de capa escura. A princípio não dei atenção ao vizinho; sentei ao seu lado, tirei “Os Demônios” de Dostoievski de dentro da mochila e me concentrei no livro. Só mais tarde me toquei que o cara ao lado lia a Bíblia. Por pura provocação reposicionei a capa de “Os Demônios” para que o carola se assustasse com o título. Recentemente repeti a dose – só que fui mais insolente dessa vez. Depois de atravessar a rua Augusta, já na calçada em frente ao Conjunto Nacional, na avenida Paulista, fui abordado por um Krishna que queria me vender um livro cujo conteúdo defendia alguma filosofia vegeta e outros valores saudáveis. Não teve jeito. Radicalizei: puxei o “Junky” (Drogado) de William Burroughs e mostrei pro teimoso careca afirmando ter predileção por gêneros literários mais “transcendentes”. É isso. Às vezes acordo de pavio curto.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Direto da "LULILÂNDIA" (ou seria da "TREZELÂNDIA"?)


Pois então: sabem aquela pernamba de voz suave, aquela que foi abduzida e que curtiu, aquela que tem um príncipe que lhe dá múltiplos orgasmos, aquela que invés de MPB prefere “CPM” - Canção Popular Melodramática, aquela criadora de minhocas, aquela que sabe cozer um miojo anti-desgosto, aquela que, “puta, meu”, sacou legal a balada do paulistano? Pois então, aquela menina, LULINA, me enviou e-mail avisando do lançamento de seu recente álbum "CRISTALINA" pela gravadora Yb (?). Vai ser no dia 9 de outubro, sexta-feira, no MIS (Museu da Imagem e do Som), às 21h13.
Ela diz que, no dia, a top bielo-russa Alexia Schimmermmann, vai vender os discos de Lulina pelo preço promocional de 13 pilas.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rapidinhas Pra Semana

Uma excelente dica de cinema para este fim de semana prolongado: "DEIXA ELA ENTRAR" (Let the right one in) de Tomas Alfredson. Não tenho dúvidas ao afirmar que esse longa sueco é o mais belo filme sobre vampiro que já vi. Que ainda trata de amizade e carinho de forma delicada. NÃO DEIXEM DE VER!!!
É amanhã, terça, dia 06, a partir das 18h30, na Livraria da Vila Madalena, o lançamento de “MIGUEL E OS DEMÔNIOS” de Lourenço Mutarelli. Para quem não conhece, Mutarelli é um ex-quadrinista cultuado que abandonou o desenho pra se dedicar a prosa. Escreveu “O Cheiro do Ralo” (que virou filme), “O Natimorto” (que virou peça teatral de sucesso e que também será lançado no cinema, talvez, no começo de 2010), “Jesus Kid” , “A Arte de Produzir Efeito Sem Causa”, entre outros. Neste “Miguel e os Demônios”, o autor criou um “antirromance” policial com possessão, múmias mexicanas, seitas bizarras, pedofilia e travestis sedutores. Ah! Na FLIP deste ano, Chico Buarque confessou ser um entusiasmado leitor de Mutarelli (e eu também).
E corra pra comprar ingressos para o show de lançamento do disco de Arnaldo Antunes, “IÊ, IÊ, IÊ”, que será entre os dias 15 e 17 da próxima semana no SESC-Pompéia (vai de 7,50 a 30 realitos – vamos nessa Carolina Martins?). Compre ingressos também pra ver o cantor-ator curitibano, Carlos Careqa interpretando canções do mito TOM WAITS no SESC-Santana, no próximo sábado, dia 10. Pra quem ainda não viu o excelente documentário “NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI”, sobre a vida e obra de Wilson Simonal, o Sesc-Pinheiros distribui, gratuitamente, a partir do dia 10, ingressos para o filme. Sei que está adiantado, mas já vão marcando na agenda que dia 27 deste mês tem show imperdível e totalmente digrátis da diva ANGELA MARIA no Centro de Eventos Pedro Bartolosso, em Osasco (depois dou mais detalhes)
E dia 7, quarta-feira, às 20h, tem bate-papo com Décio Pignatari, no SESC-Vila Mariana. Apesar de sua rabugice vale prestar atenção nalgumas dicas do velho poeta concreto.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Na Rua"

Ufa! Esta semana foi bem agitada. Segunda-feira fui à Livraria Cultura do Conjunto Nacional para o lançamento de "MEU PEQUENO SÃO-PAULINO", escrito pelo ex-titã Nando Reis. Não torço para esse time, mas estava lá porque acho legal essa coleção MEU TIME DO CORAÇÃO, da editora Belas Letras que já consta com mais de sete títulos (“Meu Pequeno Corintiano”, “Meu Pequeno Palmeirense”, “Meu Pequeno Colorado”, “Meu Pequeno Gremista”, “Meu Pequeno Vascaíno” e outros). São livros infantis feitos pra conquistar leitores e torcedores e estão bem bacanas. Segue um trechinho: “Nasci branco, com os olhos pretos e cabelo vermelho; um perfeito tricolor. E esse sentimento só cresceu ano após ano, desde minha primeira lembrança como torcedor indo a um jogo em um domingo à tarde, no Morumbi contra o Corinthians até as grandes conquistas de hoje”

(Fotos: Zequinha imagens)



OCUPAÇÃO LEMINSKI é o nome da exposição inaugurada na quarta passada no Itaú Cultural da Avenida Paulista. Eu estive lá. Muita famosidade presente ao evento. Mas o legal foi ver Alice Ruiz e Áurea Leminsk, esposa e filha interpretando poesias e prosas do poeta. Tão marcados alguns shows pra este mês de outubro no teatro do Itaú: vai ter Moraes Moreira, Miriam Maria, Edvaldo Santana,Vitor Ramil e mais participação especial de Estrela Ruiz Leminski, que é também filha de Paulo Leminski.
Eu recomendo a visita, pois se trata de uma exposição sob a curadoria de outro excelente poeta, Ademir Assunção (chega de tecnocratas ou burocratas organizando eventos sem a menor afinidade com o tema). É curta a temporada da exposição. Vai de 01/10 a 08/11 de 2009 – e o Itaú Cultural fica Avenida Paulista 149. Para mais informações clique aqui



E na mesma quarta-feira fui ver a escritora Paula Dip falar sobre seu novo livro “PARA SEMPRE TEU, CAIO F” que é sobre a vida de CAIO FERNANDO ABREU (tem post logo abaixo sobre o livro). O bate-papo rolou legal na charmosa sala de leitura do SESC-Consolação – o chato é que as pessoas que ocupavam o local não gostaram nada de ter que abandonar suas leituras por causa do evento. Alguns até jogaram jornais, livros e revistas, com certa violência, sobre as mesas e os puffs. Ué! Mas o encontro não era pra falar de literatura? Por que o desagrado então? Vá saber...



E também não posso deixar de comentar que fui ver meu amigo, o ator Dinho Lima Flor no espetáculo-teatral-musical-sociológico-carismático "CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ", em comemoração ao centenário do poeta Patativa do Assaré. Dinho arquitetou esse projeto com seu grupo Cia. do Tijolo que, contando com excelentes atores-cantores e músicos, utiliza a vida e obra do poeta como inspiração para refletir os destinos da poesia popular na formação do povo brasileiro. Tem momentos do espetáculo que dá vontade de largar a condição de platéia calada/sentada e cair na dança e entrar na cantoria. Eu recomendo e aviso que Concerto de Ispinho e Fulô fica somente até o dia 11 de outubro, de sexta a domingo, sempre às 21h. Informações aqui.


Ah! E hoje, sexta-feira, a meia-noite, vou a estréia de "BRUTAL" no ESPAÇO PARLAPATÕES, na famosa e agitada praça rusvel. O Texto e direção é do Marião (o Bortolotto) que apresenta a história de Estevão, um homem que lidera uma seita que prega o ódio racial. A peça conta com as belíssimas atrizes Maria Manoella, Carolina Manica, Martha Nowill, Luciana Caruso, Érika Puga, e com os atores Laerte Melo e Walter Figueiredo. Depois conto aqui como foi a montagem. O ingresso custa 30 pilas e rola sempre as sextas, estranhamente às 23h59.

(a foto acima não pertence a Zequinha imagens)