terça-feira, 29 de julho de 2008

O Chevrolet do Marião


O blogue ATIRE NO DRAMATURGO do Bortolotto avisa que tem reestréia - em curtíssima temporada (apenas 4 apresentações) – de NOSSA VIDA NÃO VALE UM CHEVROLET nesta próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, a meia-noite. O texto é do próprio Marião e ganhou prêmio Shell em 2000 – na verdade ele tá aproveitando a estréia do dia 11 de agosto de Nossa Vida Não Cabe Num Opala (adaptação de sua peça para o cinema, dirigido por Reinaldo Pinheiro), pra permitir que façam “comparações” com sua montagem.

Serviço:
Texto, Direção, Sonoplastia e Iluminação : Mário Bortolotto
Elenco : Fernanda D´Umbra, Laerte Mello (Nelson Peres), Mário Bortolotto, Gabriel Pinheiro, Francisco Eldo Mendes, Paulo Jordão, Thiago Pinheiro e Helena Cerello
Operação Técnica : Marcelo Montenegro
Direção Técnica : Régis Santos
Produção : Dani Angelotti

No Espaço dos Parlapatões - Praça Roosevelt, 158
Ingressos : R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

FLAP 2008 - Encontro Literário em Sampa


É agora, nesta próxima sexta, que começa a 4ª edição da FLAP - veja programação completa de São Paulo que vai de 1 a 8 de agosto no http://docs.google.com/View?docid=ddbwjx84_116fsfn3gjm

domingo, 27 de julho de 2008

Uma Diva pra ser vista



A platéia ainda estava se aquecendo. Numa parada pra ajeitar o som do cavaquinho ouvimos aquele brandir vindo do público que lotava o teatro Eva Herz; “Diiiiva!”, conclamou alguém em alto e bom som; e eis que a “diva” responde: “como é bom convidar os amigos!”. O público ri. Outro se empolga: “maravilhoooosa!” E a réplica da diva: “tá vendo, eu não disse!” Pronto. Desse momento em diante instalou-se a amálgama feliz que conduziria aquele espetáculo do Samba até o último instante.

Pocket-show, a tradução disso talvez seja “show de bolso”. Na verdade isso quer dizer que o show será diminuto; meio espetáculo, meio show, metade do prazer. Mas não foi o que aconteceu nesta última quinta no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Eu, que costumo freqüentar o local, nunca vi tanta procura por um ingresso que daria direito a menos de 30 minutos de FABIANA COZZA. E a diva não decepcionou.

E veio tudo de uma só vez: Senhora Tentação, Não Sai de Mim, Saudação à Iemanjá, Malandro Sou Eu, e muitas outras. Numa das canções, a diva abandona o microfone e continua à capela. Cutuco perplexado o amigo Valmir que está ao lado e assevero: “a mulher não precisa de microfone, cara!” De certo que não danço nada, mas minha vontade era a de arrancar a luxuosa poltrona e me sacudir, no entanto foi uma das senhoras da velha guarda da Camisa Verde que se levantou pra Sambar - a diva imediatamente a puxou para o palco. E assim se deu o êxtase.

Nesse dia, a diva Fabiana Cozza relançava “Quando o Céu Clarear”. O CD é bom; tem Samba autêntico – de raiz. Mas eu concordo com o que eu ouvi de alguém logo após o show: a diva “vira mostro quando sobe no palco (...) é um cantora pra ser vista”

Afago na "diva" logo após o show.



sexta-feira, 25 de julho de 2008

Homenagem a Geraldo Filme

Esta dica também foi enviada pelo amigo Edson Lima: Osvaldinho da Cuíca homenageando o grande compositor paulistano GERALDO FILME. Vai rolar neste domingo, dia 27, a partir das 14h e é digrátis, no TREME TERRA, rua Padre Justino, 653, ali no Morro do Querosene.



Vaca de Nariz Sutil

“PAGO A PENSÃO COM A PENSÃO QUE O ESTADO ME PAGA PELO MEU ESTADO”.



E hoje, meus carosamigos, vou assistir VACA DE NARIZ SUTIL no Espaço Parlapatões da Praça Roosevelt. O texto é do romance do mineiro CAMPOS DE CARVALHO, que foi adaptado por Hugo Possolo. Um dos capítulos desse livro, publicado em 1961, começa com a frase aí de cima; daí dá pra se ter uma idéia do humor que autor utilizou pra contar a história de um homem que, após ser flagrado seduzindo uma menor sobre a lápide de um cemitério, alega ser um perturbado herói de guerra para fugir às prováveis punições.
Na verdade, Vaca de Nariz Sutil é o relato niilista de um cara que lutou na guerra e perdeu totalmente a fé na humanidade

Serviço: Teatro Espaço Parlapatões. Praça Roosevelt, 158, às 21h30 – a peça vai até o dia 24 de agosto, e nas sextas rola promoção e todos pagam módica quantia de 10 realitos.



Ps: esta edição eu comprei em 1986





Roberto Piva



O fato é assim: o meu amigo Edson Lima pediu pra avisar que o poeta Roberto Piva vai estar neste sábado, dia 26, a partir da 14h, no projeto Autor na Praça da “Praça” Benedito Calixto, em Pinheiros. Bueno. Mas este é o tipo de dica que faço (e farei sempre) com contentamento, pois divulgar Roberto Piva é um puta barato e uma honra. Como diz Jotabê Medeiros, “ninguém foi mais rápido no gatilho do que Roberto Piva: no início dos anos 60, quando ele escreveu 'Paranóia', um dos retratos poéticos definitivos da metrópole paulistana que emergia e de sua paisagem de morfina, seus arranha-céus de carniça, seus arcanjos de enxofre."

Não vou bancar o crítico especializado no poeta porque não sou. Só direi o seguinte: eu não conhecia nada do cara quando vi pela primeira vez aquele livro cujo título era PARANÓIA – 20 POEMAS COM BRÓCOLI E PIZZAS (a primeira edição é de 1963). Achei esse nome muito louco e quando comecei a folhar o livro não parei mais. Me lembro que na época eu tinha pouca grana (assim como hoje também), por isso acabei lendo todo livro ali na Fnac de Pinheiros – quando ainda se chamava Ática Shopping. O que li no Paranóia me lembrou muito os textos do Mario de Andrade, só que com muito mais sangue. Segue um trecho de Ode a Fernando Pessoa

(...) São Paulo, cidade minha, até quando serás o convento do Brasil?
Até teus comunistas são mais puritanos do que padres.
Pardos burocratas de São Paulo, vamos fugir para as praias?
Ó cidade das sempiternas mesmices, quando te racharás ao meio?
Quero cuspir no olho do teu Governador e queimar os troncos medrosos da floresta
humana.
Ó Faculdade de Direito, antro de cavalgaduras eloqüentes da masturbação transferida!
Ó mocidade sufocada nas Igrejas, vamos ao ar puro das manhãs de setembro!
Ó maior parque industrial do Brasil, quando limparei minha bunda em ti? (...)

Ah! Quem também vai estar por lá neste sábado é o maluco JOSÉ ROBERTO AGUILAR. Deste eu não preciso comentar muito.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

4ª FLAP

Zona Franca - Viva Lá Conexión!

Ual! A programação da FLAP 2008 internacionalizou: o título é ZONA FRANCA -VILA LÁ CONEXIÓN!, com gente de toda a América Latina. Dessa vez a FLAP tambem se "institucionalizou" e tem patrocínio da Secretaria do Estado da Cultura, da APAA - Associação Paulista dos Amigos da Arte e do Programa VAI – Secretaria Municipal de Cultura. Além do apoio dos Departamentos de Letras e de Direito da USP, do Bar do Binho, da Biblioteca Temática de Poesia Alceu Amoroso Lima, da Casa Amarela, da Casa das Rosas, do Cursinho da Poli, do blog Desconcertos, do Espaço B_arco, do Espaço Zero, do Satyros e do Sebo do Bac.
Para trazer os escritores do México e outros países da AL tiveram apoio financeiro de entidades mexicanas: AEM - Associação de Escritores do México AC; CONACULTA e Centro Cultural La Pirâmide.

A programação de São Paulo (lembrando que a Flap também acontece no Rio de Janeiro) é extensa e vai do dia a 8 de agosto. Debates, Saraus, Free-shopping de Dramaturgia, Leituras, confraternizações, neste ano vão rolar em lugares diferentes: Espaço Satyros (como sempre), Casa das Rosas, Biblioteca Alceu Amoroso Lima, B_arco Virgílio, Bar do Binho, FFLCH-USP, Cursinho da Poli – Lapa, PUC, entre outros lugares.

Pra ser sincero eu não fico muito contente quando a coisa se institucionaliza – fico com a impressão de que o evento pode perder a espontaneidade (descaracterizar-se) e sofrer (in)gerencias de quem nunca teve nada a ver com o peixe.

Bueno. Por ser grande demais clique no link pra ver a programação completa de São Paulo.
http://docs.google.com/View?docid=ddbwjx84_116fsfn3gjm

terça-feira, 22 de julho de 2008

Júpiter Maçã


Das velhas e novas safras de pops-rocks-stars gaúchos tenho dedicado meu tempo a escutar dois malucos talentosos: Wander Wildner e Júpiter Maçã - sobre o Wildner, que foi vocalista da lendária banda punk Replicantes, falarei depois num post só pro cara. Pra quem não conhece Júpiter Maçã eu recomendo que veja seu talk-show que a MTV Overdrive leva ao ar somente na Internê – se tem uma coisa de louvável nos Civitas (proprietários da Editora Abril, donos da MTV) é que eles não se intrometem na programação do canal (da forma que o Silvio Santos faz em sua emissora); assim, seus produtores têm liberdade pra chamar malucos (como João Gordo, Marcelo Adnet, Paulo Bonfá e Marco Bianchi) cujos talentos se revelam na tela.

Classificar o som de Júpiter Maçã é missão quase impossível e eu não farei isso aqui – e nem vou ficar falando dos discos e das músicas do cara. A melhor coisa é descobrir o artista sozinho, sem os conceitos dos amigos ou dos críticos. E pra ser sincero, eu não gosto destes fazedores de resenha de bandas e coisas do gênero: tudo me parece chavão de gravadora. Mas como esse blog se destina a dar dicas, recomendo que assistam Júpiter Maçã entrevistando outros dois malucos em seu programa: Rogério Skylab e Thunderbird.

O papo que ele leva com os convidados é insolitamente anormal; geralmente dura menos de 10 minutos (tem edição, é lógico). Pra tirar um sarro dos clichês dos talks-shows, o programa tem músicos fazendo abertura, e o apresentador também toca (muito mal) um bongô (à la Jô Soares). Garanto que é diferente de tudo que tem por aí: tenho a impressão que Júpiter Maçã faz o programa totalmente aditivado – porém, seus amigos afirmam que o cara é assim mesmo.

Segue clip de Marchinha Psicótica de Dr. Soup e as entrevistas do MTV Overdrive.


Canção: Marchinha Psicótica
http://br.youtube.com/watch?v=Tz5ZRPd2dX8

Entrevista Rogério Skylab
http://www.youtube.com/watch?v=405JaOyds7I

Entrevista: Thunderbird
http://www.youtube.com/watch?v=tXjEjtM3vwc

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O Natimorto

Lourenço Mutarelli e Simone Spoladore no set




E por falar da última semana de O NATIMORTO no Teatro da Aliança Francesa (segue mais informações nas “Rapidinhas” do post logo abaixo) fiquei sabendo que Paulo Machline adaptou e está dirigindo esse mesmo texto de Lourenço Mutarelli para o cinema. E o louco é que o próprio Mutarelli vai atuar ao lado de Simone Spoladore no filme (pra quem não se lembra, Mutarelli era o segurança de Selton Mello no O Cheiro do Ralo). A previsão é de que o filme entre em cartaz em 2009.

O Natimorto foi criado por Mutarelli a partir das imagens bizarras estampadas nos maços de cigarro. É a insólita história de amor entre um agente musical (vivido agora pelo próprio criador) e uma cantora que não sabe cantar. Trancados em um quarto de hotel, os personagens são confrontados com a própria solidão. Mutarelli emagreceu sete quilos em três semanas e se mudou para o set de filmagens que foi construído num estúdio na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo.
Eu já vi a peça quando esteve em cartaz no Espaço Parlapatões e achei a montagem de Bortolotto estupenda. Não tenho a menor idéia de como ficará O Natimorto na telona, mas sempre achei cinematográficos os livros e os quadrinhos de Mutarelli.






7 Rapidinhas

1º. E hoje começa a oficina de Haicai da poeta ALICE RUIZ, às 19h30, no Centro Cultural Barco, que fica na rua Virgílio de Carvalho Pinto, 422 – o curso custa 300 pilas (pra quem não conhece: Alice é ex-esposa de Paulo Leminski.); mais informações clique http://www.obarco.com.br/cursos/literatura/ferias-hai-kai/view

2º. No SESC da 24 de Maio rola hoje, às 17h, o show da histórica banda de rock TUTTI FRUTTI, que acompanhou a tia Rita Lee em seus primeiros discos solos pós Mutantes. É DIGRÁTIS - Rua rua Dom José de Barros, 178 [esquina com a Rua 24 de Maio]

3º. Os escritores Fabrício Carpinejar e Luiz Ruffato se encontram no SESC Pinheiros e analisam DOM CASMURRO de Machado de Assis, nesta quinta, dia 24, às 20h. E na mesma programação rola show com os cantores Mona Gadelha e Fernando Chuí
Local: Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros.

4º. Quinta e sexta, agora, são os últimos dias pra ver a excelente peça O NATIMORTO no Teatro da Aliança Francesa. O texto de Lourenço Mutarelli (autor de o Cheiro do Ralo) que foi dirigido e adaptado por Mário Bortolotto. Local: rua General Jardim, 182 – Vila Buarque. Entrada: 20 paus.

5º. Com texto de Domingos de Oliveira, Fernanda D’Umbra dirige CONFISSÕES DAS MULHERES DE 30. Com as belas e talentosíssimas Juliana Araripe, Camila Raffanti e Milissa Vettore. A peça está no Teatro da Folha que fica no Shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618. Entrada: 30 mangos.

6º. E, as sextas, sábados e domingos, às 21h30, os PARLAPATÕES apresentam VACA DE NARIZ SUTIL – o excelente texto de Campos de Carvalho foi adaptado por Hugo Passolo. Local: Espaço Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158 (promoção: sexta-feira todo mundo paga 10 pilas).

7º. Essa não dá pra perder. Nesta quinta, dia 24, às 19h30, tem FABIANA COZZA se apresentando com os cubanos Julio Padrón e Yaniel Matos – com a participação especial de DONA IVONE LARA. Vai ser rapidinho – é pockt-show no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Só que tem que chegar mais cedo porque é digrátis e são apenas 166 lugares.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Coincidência



“Santa coincidência, Batman!” Sim. Foi pura coincidência, mesmo. Antes de embarcar pra Paris deixei um post aqui informando que ficaria hospedado no Le Quartier Republique Hotel, localizado no charmoso bairro do Marais (que se pronuncia “marré”), a poucos minutos de caminhada da Île de La Cité (o lugar mais central da cidade). No começo do século XIX, logo após a Revolução de 1889, a França ainda passava por um período de escassez. Na época o Marais estava abandonado e por lá habitava muita gente miserável que vinha de regiões da frança (também miseráveis) tentar algo que trouxesse melhores condições. A Bastilha, antiga prisão parisiense (que ficava no Marais), fora destruída pelos insurgentes, deixando o bairro todo esburacado e abandonado (bueno, mas pra qualquer um que estude um pouco da história da França vai saber que o país passou por vários períodos de fome braba, devido às tantas guerras que se envolveu desde o tempo da ocupação romana).

Voltando. A “coincidência” de que me referi é que, nos dias que passeei pelo Marais, cantarolei dezenas de vezes aquela musiquinha infantil que todo brasileiro sabe de cor: “eu sou pobre, pobre, pobre de marré, marré/ eu sou pobre, pobre, pobre de marré de ci”. E para minha surpresa, enquanto lia a excelente biografia de Oswald de Andrade feita pela Maria Augusta Fonseca, descubro que a “musiquinha” deriva, sim, da transposição de uma canção francesa: "je suis pauvre (se pronuncia “puvre”) de Marais de Ici”

(tradução: “eu sou pobre do Marais aqui”) , e assim também repetindo a segunda parte que diz, “eu sou rica, rica = je suis richa, richa (...)”.

E quem afirma tudo isso, não é o Oswald nem a biógrafa; o responsável por essa informação foi o crítico e também modernista Menotti Del Picchia, que pesquisou as reminiscências infantis utilizadas por Oswald em seu livro de ficção OS CONDENADOS.
O certo é que hoje o Marais não tem nada que lembre esses períodos de miséria. Muito pelo contrário: no bairro mora muita celebridade e muito judeu com grana. Lá também tem excelentes bares. E por falar nisso, na rua de nosso hotel encontramos um barzinho onde se servia “caipirinia”.




segunda-feira, 14 de julho de 2008

Nome Próprio contra Batman



O caso é assim: nesta próxima sexta, dia 18, entra em cartaz o filme BATMAN- O CAVALHEIRO DAS TREVAS e, pelo que sei, deve ser lançamento simultâneo em todo mundo. O jabá que tá rolando há algum tempo com sua publicidade já me faz supor a quantidade de salas que o exibirá e a exata dimensão do público que deverá assisti-lo (ainda mais depois que aquele ator do broquebéque-montain, Healt Leadger, morreu).

Por outro lado, neste mesmo dia estréia também (depois de 4 anos de produção, gravação, montagem) o NOME PRÓPRIO de Murilo Salles, em exibição nas pouquíssimas salas destinadas aos filmes nacionais. Só que se o público NÃO for assistir NOME PRÓPRIO nos três primeiros dias, o filme será esquecido e provavelmente saíra de cartaz rapidinho
Como dizem os produtores: “se as pessoas forem ao cinema e o filme cumprir a ‘renda média’ ele continua em cartaz por mais uma semana. Se isso não acontecer, o filme será substituído por outro. Serão 4 anos de trabalho apaixonado entregues ao esquecimento”.

Aproveitando a deixa: nesta quarta, às 19 horas, na FNAC Pinheiros, rola debate sobre o filme NOME PRÓPRIO. Em pauta: Cinema, Literatura e Internet – estarão presentes: o diretor Murilo Salles, Xico Sá, Marcelino Freire e Clarah Averbuck que é autora do texto em que o filme foi baseado.
Ps: A lamentar: somente a não presença no debate da bela e talentosíssima protagonista do filme, Leandra Leal.

Clip de NOME PRÓPRIO no YouTube.
http://www.youtube.com/nomepropriofilme





Um Mundo Novo

Adão Iturrusgarai na "Falha" de hoje




quinta-feira, 10 de julho de 2008

Lira Paulistana


É mais ou menos assim: com 15 anos eu convivia com amigos e namorada bem mais velhos – igual a quase todo adolescente, eu não queria me relacionar com os pivetes da minha idade, por isso busquei, assim que me mudei pra grande Little River, me aproximar dos acima de 20 (os que me interessavam naquela época). Com sorte encontrei gente muito legal - Álvaro, Ricardo, Otacílio, Murival, Pedro, Filó, Jorge, Mariana, Gustavo, Daniela, Paulinha, Wilson – que deu um upgrade incomensurável a minha formação política e principalmente cultural.

Conduzidos por alguns desses amigos foi que, por volta de 1983, conheci o insurgente porão do teatro LIRA PAULISTANA, que funcionava na Teodoro Sampaio ao lado da praça Benedito Calixto, em frente ao Bradesco. O local era “exíguo e diminuto”, tinha uma pequena arquibancada de madeira totalmente desconfortável, mas por esse lugar passaram – praticamente pela primeira vez - ITAMAR ASSUMPÇÃO, PREMÊ, LÍNGUA, ARRIGO BARNABÉ, RATOS DE PORÃO, VÂNIA BASTOS, GRUPO RUMO, SUSSEGA LEÃO, TITÂS DO IÊ-IÊ, ULTRAGE A RIGOR, TETÊ ESPÍNDOLA, ELIETE NEGREIROS, VIRGÍNIA ROSA, SUSANA SALLES, CIDA MOREIRA, EDUARDO GODIN entre outros.

Bueno. À época, eu já era um garoto que amava o Caetano e principalmente o Gilberto Gil e não tinha a menor idéia de quem era essa turma que se apresentava no Lira. - confesso que fui pela primeira vez por causa da namorada. Lá, vi um monte de gente estranha com roupas esquisitas cantando, dançando, declamando, se masturbando e fazendo maluquices. Não entendia nada porque todo mundo se apresentava numa mesma noite e a organização era a mais anárquica possível.

Mas por que estou contando essa historinha? É que por coincidência, recentemente, tenho freqüentado o ponto de ônibus localizado em frente de onde funcionava o Lira. Olho para a porta de aço que está quase sempre abaixada e me pego lembrando da pequena e desorganizada fila que se formava na calçada, das vezes que meus amigos iam até o bar da esquina comprar uma garrafa de vinho Natal pra gente tomar no gargalo (nessa época eu ainda não havia me tornado manguaceiro). Dá uma saudade legal.

Por ser ainda um pirralho, à época eu não sabia que o Lira mantinha jornal (segue foto) e um selo fonográfico por onde foi gravado o excelente e histórico Long Play BELELÉU E ISCA DE POLÍCIA do negodito ITAMAR ASSUMPÇÃO, além dos discos de estréia do Rumo, Premê, Cida Moreira, Eduardo Godin. Após tomar consciência da dimensão do que foi o Lira, esta semana comecei a ler alguns trechos de EM UM PORÃO DE SÃO PAULO – O LIRA PAULISTANA E A PRODUÇÃO AUTERNATIVA, de Laerte Fernandes de Oliveira, lançado pela editora Annablume. Por alguma razão fiquei contente comigo mesmo.






segunda-feira, 7 de julho de 2008

Boquete e Bouquet


Se você procurar um lugar para dançar em Paris certamente encontrará inúmeras casas de dança na Avenue Félix Faure. É muito fácil chegar lá: pegue qualquer uma das 15 linhas de metrô e faça conexão com a linha 8 e siga no sentido Balard; depois é só descer na estação Félix Faure (ficávamos tão cansados de andar por Paris que mesmo se fossemos convidados pra alguma balada dançante nós declinaríamos, brocharíamos; mas a dica vale pra quem queira).

Bueno. O que eu pretendo mesmo é falar sobre Félix Faure que foi presidente francês de 1895 a 1899 e que morreu de um calípso cardáico num prostíbulo parisiense enquanto famosa prostituta fazia-lhe um boquete; e, hoje, quem vê sua estátua sobre seu túmulo vestida com casaca de gala no cemitério Père-Lachaise (segue foto que tirei do túmulo), não sabe que Faure deixou este mundo peladinho da silva – pra não pegar mal, a imprensa da época anunciou que o presidente havia morrido após encontro oficial com Marguerite Steinheil (a prostituta) no Palais Elysée (Palácio Eliseu), sede do governo francês.

Posteriormente descobri que Faure, assim como boa parte de seu governo, esteve envolvido na trama que levou à prisão o judeu e oficial do exército francês Alfred Dreyfus (lê-se, dreifi) acusado e condenado injustamente por alta traição durante o conflito entre a França e a Alemanha, resultando na perda, pelos franceses, das regiões da Alsácia e Lorena.

Pelo que se sabe hoje, Dreyfus serviu de bode expiatório, já que era filho de uma opulenta família de judeus da Alsácia, estabelecida, há algum tempo em Paris, e pertencente à alta sociedade. A trama toda foi revelada numa carta aberta de Émile Zola – intitulada J’ccuse (Acuso) - publicada na primeira página do jornal parisiense L’Aurore de janeiro de 1898. No texto, Zola acusou o governo francês de anti-semitismo e de julgar e condenar Dreyfus precipitadamente com documentos falsos.

O que eu queria também com essa história era passar a dica de dois livros: ACUSO - O CASO DREYFUS, de Émile Zola (encontra-se facilmente em sebo – já traduzido), que conta a trama que envolveu Dreyfus (o livro revela sobre tudo a onda de nacionalismo e xenofobia que invadiu a Europa no fim do século XIX) e outro, SEXUS POLITICUS – LIGAÇÕES PERIGOSAS, de Christophe Deloire (de 2006, também já traduzido) que revela (desnuda) a vida amorosa dos líderes franceses. Pode até parecer um livro de fofocas do mundo das celebridades, mas é mais que isso; Sexus Politicus conta, por exemplo, que existem leis de “censura prévia”, com multas e condenações pesadas pra quem revelar, sem autorização, qualquer detalhe da vida íntima de seus governantes.






sexta-feira, 4 de julho de 2008

Cemitério no Rio de Janeiro


Vai aqui uma dica aos amigos do Rio de Janeiro (Ioda, Aires, Úrsula, Félix, Cláudio Somma, Claudinho, Jaime, Rafa, Paulinha e Laís, Celso, Jane – a maluca mais linda e maravilhosa que conheço e que não vejo desde 1991 do século passado): é que vai rolar, a partir de sexta agora, dia 4, a mostra CEMITÉRIO DE AUTOMÓVEIS com quatro peças inéditas de MÁRIO BORTOLOTTO no TEATRO MUNICIPAL ZIEMBINSKI, na Tijuca.

São elas: CHAPA QUENTE (dias 4, 5 e 6 de julho), EFEITO URTIGÃO (dias 11, 12 e 13), KEROUAC (18,19 e 20) e À QUEIMA ROUPA (25, 26 e 27).

Bundas & cofrinhos - Parte IV




quarta-feira, 2 de julho de 2008

A BANDA


Pensei que fosse outra película sobre o eterno (e insolúvel) conflito árabe-israelense, mas o que eu assisti (no recém-reformado Espaço Unibanco da Augusta) nesta agradável noite de terça-feira me embasbacou: o que vi foi um filme brilhantemente roteirizado, editado, sem discurso tendencioso. A BANDA, do diretor israelense Eran Kolirin, durou apenas 87 minutos e é o melhor filme que assisti neste ano (acho difícil aparecer outro filme pra desbancar este, e olha que eu gostei muito do sensacional A CULPA É DE FIDEL). A BANDA é um “drama-comédia” sobre uma pequena banda da polícia egípcia que chegou a Israel pra tocar numa cerimônia de inauguração de um centro cultural, mas devido a questões burocráticas, à má sorte e a qualquer outra razão, ficou esquecida no aeroporto, e, tentando arranjar-se, acabou se deslocando equivocadamente a uma quase esquecida cidade israelita. Apesar das diferenças culturais, os moradores dessa cidade se abrem aos forasteiros da banda e, durante 24 horas, a música cria entre eles uma conexão muito bonita.

Recomendo A BANDA, pois há muito tempo eu não me emocionava com um filme na telona.


A Banda (The Band’s Visit) é o primeiro longa de Eran Kolirin e recebeu prêmio especial no Festival de Cannes em 2007; venceu também a edição de 2007 do Jerusalem International Film Festival nas categorias (filme, roteiro, diretor, ator, atriz, ator coadjuvante, musica e figurino).