quinta-feira, 29 de maio de 2008

Leitura no Brasil

“Vá fazer alguma coisa de útil, menino!”, era o que eu escutava de meus pais quando me viam prostrado na cama ou na poltrona da sala lendo algum livro. Durante uma festa Junina em família, um tio meu me viu compenetrado numa leitura, enquanto os outros adolescentes de minha idade se entretinham com a fogueira no quintal. Aos meus pais vaticinou este meu tio: “esse moleque tem algum problema”.

Pesquisa publicada na Falha de S.Paulo de hoje aponta que 77% dos brasileiros preferem assistir televisão quando tem tempo livre. 53% gostam de ouvir música. 39% optam pelo rádio e somente 35% lêem. No balanço, 45% dos entrevistados dizem que não gostam de ler – 4,7 é a quantidade de livros lidos por cada brasileiro em média por ano; comprando apenas 1,2 exemplares a cada 12 meses.
Dos que lêem, 27% preferem revistas; 20%, jornais. Livros: apenas 14%. Se você leu algum livro nos últimos 3 meses considere-se um “leitor”, isso segundo o IBGE.

Na contramão desses números temos festas: muitas festas, bienais e festivais literários. Neste final de semana começa mais um: em São Francisco Xavier, distrito próximo a São José dos Campos, rola a primeira edição do Festival da Mantiqueira – Diálogos com a Literatura. E temos também “prêmios”. A secretaria da Cultura do Estado divulgou seu novo projeto de incentivo a cultura: o mais bem pago prêmio literário brasileiro. Uma módica quantia de R$ 200 mil para o melhor livro de ficção do ano e mais duzentinhos pra livro de escritor estreante, também de ficção.

E meus pais? Bueno. Cristãos praticantes, eles deram um tempo quando me viram apegado à bíblia - li apaixonadamente o antigo testamento como um emocionante livro de aventuras (mais um como Mobi-Dick, A Volta ao Mundo, Vinte Mil Léguas, Corcunda de Notre-Dame, Reinações de Narizinho e etecétera). Com exceção do Apocalipse, o novo testamento é chato demais.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Orgulho GLBT


Não deu mesmo pra ver a Parada Gay deste ano – compromissos anteriormente assumidos me fizeram ficar em casa. Sou simpatizante da “causa” e procuro freqüentar o evento desde sua primeira edição, por isso faço críticas à organização e a essa estúpida mania de ter que deter recordes de tudo – “a maior Parada Gay do planeta”. Tenho registro fotográfico (feito por mim) de quando a gente podia caminhar pela Av. Paulista sem perder os detalhes da Parada. Pode ser que o grande contingente atual cause maior impacto midiático e o escambau... mas é inconveniente (uma bosta!) pra quem gosta do evento.

Pra não dizer que perdi esse encontro de diversidades, no sábado, presenciei uma mini-Parada Gay. Explico: pra quem conhece a agitada praça Benedito Calixto (em Pinheiros) sabe que todo sábado rola encontro gay em frente ao bar Consulado Mineiro (Mas que coisa, hein, Julinha! De certa forma você não pode reclamar da falta de evento gay em “solo” mineiro). O barato dessa vez é que, em virtude da Parada no domingo, a estreita rua entre a praça e o Consulado foi tomada por GLBTs do mundo todo – aliás, turistas gays ocuparam todas as redes hoteleiras de Sampa na semana passada.

ATRASOS. E mesmo falando disso tudo fico sabendo que a desconexa e moralista direção da Rede Globo evita (gravar e) levar ao ar beijo gay na novela “Duas Caras” – do “padrão Globo” já sabemos há muito tempo que é preconceituosamente atrasado. E no caso recente que envolveu o jogador Ronaldo somente Zé Simão usou corretamente o gênero devido: “a” travesti.

Ensaio Sobre a Cegueira (Uma Comovente Cena)


Pode ser que eu venha a me decepcionar com o filme. Pode ser até que, como alguns gostam de dizer, Fernando Meirelles não seja a pessoa certa pra transpor pra telona alguma obra do Saramago. Mas prefiro ser otimista. Quero crer na sinceridade e não quero ser cego (!). Alguma coisa me faz acreditar nessas imagens comoventes obtidas (a lá big-brother) de um momento (in)comum a dois criadores.

Ensaio Sobre a Cegueira é soberbo. Pessoas sem nomes – cegueira coletiva. “Uma alegoria sobre a espécie humana”, diria o prof. Elias Saliba.
Seguinte: o livro me emociona e ver Meirelles e Saramago nesse vídeo foi o ca-ra-lho!
Obs: o vídeo mostra José Saramago logo depois ver pela primeira vez o filme de Meirelles.

NÃO DEIXE DE VER!!!!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Fernando Gonsales (Níquel Náusea)


Duas Rapidinhas

1º. Hoje é o último dia para ver HOITES SUJAS: HILDA HILST NOVICIADA DA PAIXÃO, às 20h, no SESC-POMPÉIA, dentro da programação VIDA LOUCA, LOUCA VIDA, VIDA INTENSA – UMA VIAGEM PELA CONTRACULTURA. A peça tem direção de José Antônio de Souza e é um monólogo que “traça o perfil literário e pessoal da escritora”. É totalmente digrátis.

E por falar em Hilda Hilst encontrei três pequenos textos eróticos da autora. Clique no link pra ler http://www.germinaliteratura.com.br/erot_abrhh.htm

2º. BIBBA CHUQUI – essa moça é cantora, compositora e arranjadora. Eu já vi a mulher em espetáculo solo e com a ORQUESTRA PAULISTA DE SOUL e recomendo. Sabe tudo de Blues e Soul. Está acompanhada de banda e vai se apresentar hoje, às 13h30, inteiramente DIGRÁTIS no SESC-VILA MARIANA.
Clique no link pra ver um clipping de imagens da cantora
http://br.youtube.com/watch?v=DpMtFOeZs7k

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Vocabulário




Marcelino Freire avisa que a primeira edição do VOCABULÁRIO (“Circo Poético Lingüístico”) – que vai rolar neste sábado, dia 24, das 17h às 23h, no B_ARCO seguirá assim: vários artistas farão leituras e performances. Mostrarão as várias caras e sotaques da palavra falada e musicada. Entre os convidados — sob a batuta de Chacal, Marcelo Montenegro, Paulo Scott e Marcelino Freire — estarão Amarildo Anzolin, Andréa Del Fuego, André Sant'Anna, Bruna Beber, Daniel Galera, Daniel Minchoni, Fernanda D'Umbra, Gero Camilo, Lirinha, Mário Bortolotto, Tainá Muller e Tony Monti.

Eu vou, com cerveja! É digrátis.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Domingo-Feira




No domingo que passou acordei tarde e de bode – ressaca a pino. Bebi pouco no aniversário do cinqüentão Laert Sarrumor no sábado, mas extrapolei na “batatada” que rolou mais à noite no meu apê. Faustão comemorava seu milésimo programa e eu os meus não sei quantos domingos ininterruptos de indisposição pós-ethílic-style-of life - “nossos bosques têm mais vida/ nossos hematomas são mais roxos/ e nossas ressacas são mais flÓridas...”

Quando deu pé fui pra Feira da Pompéia que rola perto de casa. Pra minha salvação, um tiozinho vendia água-de-coco numa esquina. Já se passavam das 16h e, como de costume, esse é o pior horário pra ir à Feira. A gente não vê mais as barracas de artesanato devido ao contingente que tumultua as ruas apertadas do bairro – sem contar a movuca de adolescentes que chateia.

Melhor seria ver os eventos musicais, pensei. Logo de cara descubro que todos os shows programados para o palco MUNDO TRIBAL foram cancelados; alguém me diz que foi por problemas técnicos. Ouço um dos organizadores se queixando da relação que a Prefeitura tem com o Centro Cultural Pompéia – além de diminuir o horário da feira, ela ainda impõe centenas de condições pra realização do evento; e mesmo assim não se dá por satisfeita. Eu pensava que o pior problema da organização seria com os moradores de classe média-alta da Pompéia, mas fico sabendo que a associação de moradores sempre colabora.

A Feira da Pompéia é um evento cover da Feira da Vila Madalena; dizem até que é uma dissidência. Pouco importa o que seja. O barato desses acontecimentos é que eles são iniciativas de moradores do bairro - não são eventos criados por tecnocratas de paletó de alguma secretaria de governo. Sendo assim, não são de interesse das administrações regionais: não dá pra utilizá-los como propaganda de governo. Por isso criam empecilhos... Vejam se a prefeitura tem algum problema quando realiza sua VIRADA CULTURAL?

Enfim... Deu pra ver no palco ATITUDES a banda brasuca New Orleans Jazz Band – alguns velhinhos tocando o bom som dessa cidade que foi destruída pelo furacão Katrina. Fui acometido de uma descarga de testosterona e fiquei algum tempo no palco RAÍZES apreciando as belas moçoilas de Dança Cigana (Solange e Dadiquim: discordo de vossas considerações jocosas sobre as barriguinhas das dançarinas), por isso tive que correr até o palco do ROCK pra ver os “tiozões” da histórica banda TUTTI-FRUTTI, na verdade era Luiz Carlini and Friends. Carlini, pra quem não conhece, entra pra coleção dos excelentes guitarristas brasileiros. Ele tem o solo de guitarra mais famoso entre os roqueiros: o da canção Ovelha Negra da tia Rita. Bueno. O bom e velho rock and roll caiu bem pra um ressacoso como eu.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Vida de Chacal



Ufa!! Já falei muito do Chacal nas Dicas do Zeca. Figura adorável e porralouquense dos bons - ganhou com todo mérito o APCA-2007 de Literatura (categoria: poesia) pelo belíssimo livro BELVEDERE, lançado pela Cosaq Naif.
Poeta-beat da contra-cultura brasuca, Chacal é apaixonado militante das letras: semana passada, dia 13 de maio, estava em BH participando do OFÍCIO DA PALAVRA, organizado MAO (Museu de Artes e Ofício). Na próxima quarta, dia 21, estará em Niterói para o POEMÁTICA – A INDISCIPLINA DA POESIA.

Já no dia 24 vem pra Sampa dar início ao VOCABULÁRIO – com ele estão Paulo Scott e Marcelino Freire. Das 17h às 23h montarão um “circo poético lingüístico” com convidados como Marcelo Montenegro, Tânia Muller, Beto Brant entre outros. O evento vai rolar no B_ARCO ARTE CONTEMPORÂNEA, que fica na rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, em Pinheiros.

E pensam que Chacal pára por aí?! Que nada. Logo na segunda, dia 26, volta a sua cidade pra comemorar a maioridade do projeto CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética), que neste ano vai rolar no teatro do Jockey Club do Rio de Janeiro.

Seguem: link pro vídeo que fiz com Chacal aqui no Sesc-Pompéia (ele estava me contando – do seu jeito – como Uri Geller consertou seu relógio e o salvou) e biografia do poeta.

Ps: estarei no B_arco, no sábado, pro VOCABULÁRIO.

(filminho: by Zeca) http://br.youtube.com/watch?v=HknFBwBSXeE&feature=related


ChACoALha

Aos 20 anos, Chacal descobriu a poesia antropofágica de Oswald de Andrade e percebeu que realmente gostava desse gênero. Incentivado pela leitura de Oswald, publicou seu primeiro livro, Muito prazer, Ricardo (1971), do qual foram distribuídos cem exemplares mimeografados, o que o colocou como representante oficial da chamada Geração Mimeógrafo, que tirou a poesia das estantes das livrarias para cair no mundo.

Depois vieram O preço da passagem (1972), América (1975) e Quampérios (1977) - esta considerada pelos críticos uma das melhores obras do autor - e a participação no grupo Nuvem Cigana, formado pelos poetas Bernardo Vilhena, Charles Peixoto, Guilherme Mandaro e Ronaldo Santos. Graduado em Comunicação pela UFRJ em 77, Chacal também exerceu a palavra poética no teatro, sendo co-autor da peça Aquela coisa toda, do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, e Recordações do Futuro, do grupo Manhas & Manias.

Compôs para grupos como Blitz e Barão Vermelho, entre outros artistas. Trabalhou ainda como cronista do Correio Brasiliense e da Folha de São Paulo e foi roteirista da Rede Globo na década de 80. Editou a revista O Carioca entre 96 e 98 e, desde 90, produz e apresenta o projeto CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética), evento multimídia realizado mensalmente no Rio de Janeiro.
"A palavra 'lúdico' é a chave para a poesia de Chacal", definiu Paulo Leminski.

domingo, 18 de maio de 2008

Zé e os cara


Éramos sanguinários assassinos. Conosco não havia perdão. Os facínoras: eu, Morto (Edu), Chicão, Wagner e Edson. As vítimas: lojas de conveniência (as que funcionam 24h, principalmente as de postos de gasolina) No começo dos anos 90 cometíamos esse tipo de atrocidade. Os meliantes tinham por hábito, antes ou após as baladas, passarem em alguma loja dessas e fazer um pit stop. Primeiro travávamos um canal de comunicação com os funcionários, principalmente as atendentes, é claro. Daí não demorava e a vítima findava-se agonizante. Sepultamos aproximadamente quatro lojas 24horas.

Que sina estranha - uruca brabíssima. Contamos isso e as pessoas custam a acreditar. E aconteceu, mesmo. Não sei por que cargas d’água vitimávamos esse tipo de comércio – não tínhamos nada contra, até dependíamos deles como alternativa derradeira pra uma larica nas madrugadas. Há até um caso em que predestinamos (à bela gerente) o fim daquela nova loja que abrira no começo da rodovia Raposo Tavares – 6 meses durou o ponto.

Dizem que o criminoso sempre volta ao local do crime – e isso rola de verdade. No sábado passado me vi, depois de muitos anos, defronte a uma de nossas vítimas. A loja reabriu e está com nova direção, funcionado no mesmo posto de gasolina, e tendo agora como vizinha a 51ª DP. Eu que não sou besta, não me atrevi entrar, vá que alguém me reconheça...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

5 RAPIDINHAS

1º. Hoje, no Colégio Miguel de Cervantes, tem FEIRA DO LIVRO com 32 editoras; e rola bate-papo com os escritores Milton Hatoum, Ana Miranda e Daniel Piza – detalhes no http://www.cmc.com.br/

2º. A livraria Saraiva do Shopping Pátio Paulista apresenta hoje, às 19h30, o grupo vocal BANDA DE BOCA – eu já os assisti na Fnac-Paulista e recomendo; são todos baianos de Salvador e reproduzem sons de instrumentos com o uso da voz. http://www.bandadeboca.kit.net/

3º. Neste domingo, dia 18, rola a 21ª FEIRA DE ARTE DA VILA POMPÉIA, das 10h às 18h. Segundo a organização 120 bandas se apresentarão em 7 palcos, 40 grupos de dança, teatro, circo, capoeira estão e confirmados; e mais de 800 expositores espalhados pelas ruas da Vila Pompéia. O evento comemora os 50 anos de Bossa Nova e é aqui ao ladinho de casa – dá até pra fazerem uma visitinha no meu mocó. http://www.centroculturalpompeia.org.br/

4º. E não perDam O NATIMORTO no Espaço Parlapatões, porque a temporada termina no dia 28 de maio. O texto é de Lourenço Mutarelli (o mesmo autor de O CHEIRO DO RALO) adaptado e dirigido por Mario Bortolotto – eu já vi e também recomendo: a história é muito louca e é pra segurar a respiração e somente soltar ao final da peça. O foda é que só são às terças e quartas.
http://www2.uol.com.br/parlapatoes/espaco/home/index.htm

5º. E na próxima terça, à 19h, rola debate com Zuenir Ventura, Roberto D’Ávila e Renato Janine Ribeiro, sobre MAIO DE 68. Vai ser no auditório da Falha de S. Paulo, só que tem que fazer reservas pro evento no e-mail eventofolha@folhasp.com.br

quinta-feira, 15 de maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Minha Pequana Eva ...Eva!

Putz, que merda!!! Acabo de saber da morte do guitarrista Wander Taffo. Quem viveu nos 80 conheceu a banda em que ele tocava, RÁDIO TAXI. Eu adorava cantar e tocar a canção ecatômbica EVA.

Deu na Falha On line: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u401806.shtml

FLIP 2008: de 2 a 6 de Julho.



A gente (digo, eu) adora desdizer e até achincalhar o status conferido à Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), isso porque sabemos da Política Cultural do Jabá (PCJ) praticado em larga escala pelas grandes editoras em Paraty – sem contar a farta distribuição de convites VIPs à personalidades totalmente desvinculada do mundo literário, provocando escassez de ingressos para os pobres mortais. E nem vou entrar no assunto da Lei Rouanet (que em última análise é dinheiro público bancando toda essa festança).

Porém, mesmo com tudo isso, quando chega esta época do ano, ficamos aguardando a organização confirmar os nomes dos participantes da Feira. Por enquanto sabemos apenas de alguns estrangeiros: de Portugal vem a romancista Inês Pedrosa. Da Argentina, Lucrecia Martel, diretora, roteirista e produtora de cinema - em 2001 dirigiu seu primeiro longa La Ciénaga , vencedor do Urso de Ouro de Berlim.

Sabemos que Neil Gaiman, autor inglês de quadrinhos comporá mesa com o escritor colombiano Fernando Vallejo. Alguns apostam que entre as atrações internacionais estarão os nobelizados recentemente (vencedores do Prêmio Nobel): Orhan Pamuk e Doris Lessing, e o argentino Tomás Eloy Martinez.

Bueno, conforme forem divulgados os nomes publicarei por aqui. Ah! Antes que eu me esqueça, por conta do centenário de sua morte, o homenageado do ano será MACHADO DE ASSIS - foram citados alguns especialistas na obra do Bruxo que participarão de conferências na FLIP: o acadêmico Alberto da Costa e o inglês John Gledson.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Linguarudos e Matraqueiros


“Boa tarde maluquinhos, atardalhados, taradinhos e abilolados em geral. Está entrando no ar a sua Rádio Matraca Ltda, uma rádio BEM limitada!”

É, meus caros, percebo que estou ficando velho quando descubro que o programa de rádio que gosto completa 23 anos de existência; durante esse tempo todo tenho escutado o Laert Sarrumor fazendo essa mesma chamada aí de cima pela USP FM (93,7 MHz).
A RÁDIO MATRACA foi ao ar pela primeira vez em 1985 – durante curto período foi transmitido pela antiga Rádio Rock, 97 MHz (lembram?), mas logo regressou à universidade, e eu sempre acompanhado esse périplo.

Me lembro que na década de 80 houve uma agradável onda de programas humorísticos; Matraca, na USPFM; Djalma Jorge Show, na Jovem Pan; Oscar Pardini e grupo, na Transamérica (turma que mais tarde produziu o Café Com Bobagem), entre outros. No Rio de Janeiro, o pessoal do Planeta Diário (humoristas que formam o atual Casseta & Planeta) tinha programa na Radio Fluminense.

O interessante é que esses programas se baseavam no mesmo formato; esquetes humorísticos com muita música e informação. No caso da Rádio Matraca, o grupo Língua de Trapo, que era a turma que produzia o programa, utilizava alguns esquetes que também funcionava nos shows.
RARIDADE RARA: vejam o vídeo de 1985 que é a reprodução de um esquete do programa Rádio Matraca apresentado nos shows. É uma crônica contra o sorumbático-macambúzio-filhodaputense Afanazio Jazadji.

http://br.youtube.com/watch?v=CSgOs1xgPmg


E por falar em velhice, o senhor Laert completa MEIO-SÉCULO de existência nesta semana e convida os amigos pra comemorar seu jubileu no próximo sábado, dia 17 de maio, no FAZENDINHA BUTANTÃ http://www.fazendinhabutanta.com.br/

Sarruma diz que o lugar é agradável, cercado de verde (a mata da USP e do Instituto Butantã), com boa cozinha e cerveja de garrafa (raridade hoje em dia!)
Vai rolar música ao vivo, com o Sergio Gama Trio e mini-show do Língua de Trapo. Além de dançarinas do ventre, dancing e outras surpresas.
A festa começa cedo, a partir das 20h00 e o endereço é: Rua Barroso Neto, 200 - Butantã - essa rua (onde também fica a 51-DP) é o primeiro farol da Av. Corifeu de Azevedo Marques, à direita, no posto Shell. Dá pra fazer reservas pelo 3727-1052; tem couvert artístico de R$ 7,00 e estacionamento próprio

Um Príncipe, um Gênio e o Mercado Cultural.

Neste último final de semana friorento passou na tevê paga O Príncipe de Ugo Giorgetti. O filme é de 2002 e, à época, fiz alguns comentários que republico aqui pros amigos.

Assisti na segunda-feira passada, dia 2/09, O Príncipe de Ugo Giorgetti. Saí do cinema entendendo o descaso dos críticos paulistas - principalmente os da Falha e do Estadão - em relação ao filme.
De acordo com o guia da Falha, o filme é apenas a história de um homem, “que depois de viver muitos anos em Paris volta a São Paulo e reencontra velhos amigos” (nenhum comentário a mais). Tal descaso parece ser coerente quando isso é por força (ou por imposição?) do tal espírito corporativo. Explico: Giorgetti mexeu com vespeiro; brandiu sobre o “Mercado Cultural”.

No filme, Giorgetti refere-se à exploração por meio de agentes culturais, os promoters executivos de grandes marcas e demais produtores culturais que intermedeiam recursos obtidos via Lei Rouanet nas grandes metrópoles. Gioegetti até debocha da grande imprensa e de articulistas dos suplementos culturais que, em conjunto com esses “fomentadores”, formam o grande “corpo”. Vejam a cômica e irônica participação do maestro Júlio Medalha.

O Príncipe é diferente de tudo o que Giorgetti produziu, pode até ser considerado um filme totalmente invendável. O conteúdo é de certa forma sutil – não se apegue aos personagens ou à trama. Pra mim, Giorgetti tirou um grande barato do “mercadão cultural”.

Aqui vai o último parágrafo do texto da coluna da Marilene Felinto*, publicado no caderno Cotidiano da Falha, nesta terça, dia 3/09. “Em comparação com outros domínios da cultura (arte, ciência, religião), a economia é, sem dúvida, a mais inferior em valor e dignidade. Mas no governo dos ricos para os ricos, no modelo capitalista neoliberal, a economia se desembaraça dos laços sociais e, prolongando sua influência, desarticula e desagrega a ordem social: só serve para embrutecer as pessoas, da dona-de-casa ao assassino, ao ladrão. Foi só para isso que serviram esses oito anos de governo FHC”.


A Falha divulgou, também nesta terça, o decreto do secretário de cultura do Município de São Paulo, Marco Aurélio Garcia, que corta em 50% os projetos e atividades culturais da Prefeitura no 2º semestre (em comparação com o primeiro). De acordo com o jornal, de julho a dezembro, em vez de gastar R$ 32,8 milhões, a secretaria só colocará à disposição R$ 16,4 milhões. No primeiro semestre foram usados R$ 35,2 milhões.

* Marilene Felinto deixou o jornal há muito tempo, prometendo não mais voltar àquela redação – colabora atualmente com a revista Caro Amigos.

Por que, raios, mais um blog, Zeca?

Digo que a culpa por esta minha estréia na blogosfera é dos amigos. Há algum tempo tenho recheado as caixas de mensagem dos queridamigos com as Dicas do Zeca – quase sempre são realmente dicas culturais interessantes; às vezes não resisto e comento sobre assuntos que penso entender – viajar (na maionese) é preciso, né?!

Posso prever que alguns amigos blogueiros me cobrarão coerência. Pô, Zeca! Não é você que pedia pelamor-de-deus pra não enviarem novos endereços de blog, cara-pálida? É vero... Por mais que seleciono os blogs realmente interessantes sempre aparece outro muito bom, e isso faz com que eu me torne escravo da blogosfera – dedicando muito tempo a comentários ou em visitas obrigatórias nalgum blog bom da porra.

Bueno. Mas são os queridamigos que me cobram um blog, e tão somente por eles é que estréio agora no blogspot. Não tenho muito a dizer e nenhuma pretensão de levantar bandeiras – reflexões profundas, tô fora! Quero me divertir, busco sempre me divertir - se isso aqui ficar chato caio fora.
Moro em local privilegiado, perto de tudo, por isso, vocês terão aqui dicas de teatro, shows, livros, discos, conferências, viagens etecétera e tal. E vai alguém me dizer que não é legal compartilhar com os amigos esses eventos que rolam em Sampa!!