quinta-feira, 29 de maio de 2008

Leitura no Brasil

“Vá fazer alguma coisa de útil, menino!”, era o que eu escutava de meus pais quando me viam prostrado na cama ou na poltrona da sala lendo algum livro. Durante uma festa Junina em família, um tio meu me viu compenetrado numa leitura, enquanto os outros adolescentes de minha idade se entretinham com a fogueira no quintal. Aos meus pais vaticinou este meu tio: “esse moleque tem algum problema”.

Pesquisa publicada na Falha de S.Paulo de hoje aponta que 77% dos brasileiros preferem assistir televisão quando tem tempo livre. 53% gostam de ouvir música. 39% optam pelo rádio e somente 35% lêem. No balanço, 45% dos entrevistados dizem que não gostam de ler – 4,7 é a quantidade de livros lidos por cada brasileiro em média por ano; comprando apenas 1,2 exemplares a cada 12 meses.
Dos que lêem, 27% preferem revistas; 20%, jornais. Livros: apenas 14%. Se você leu algum livro nos últimos 3 meses considere-se um “leitor”, isso segundo o IBGE.

Na contramão desses números temos festas: muitas festas, bienais e festivais literários. Neste final de semana começa mais um: em São Francisco Xavier, distrito próximo a São José dos Campos, rola a primeira edição do Festival da Mantiqueira – Diálogos com a Literatura. E temos também “prêmios”. A secretaria da Cultura do Estado divulgou seu novo projeto de incentivo a cultura: o mais bem pago prêmio literário brasileiro. Uma módica quantia de R$ 200 mil para o melhor livro de ficção do ano e mais duzentinhos pra livro de escritor estreante, também de ficção.

E meus pais? Bueno. Cristãos praticantes, eles deram um tempo quando me viram apegado à bíblia - li apaixonadamente o antigo testamento como um emocionante livro de aventuras (mais um como Mobi-Dick, A Volta ao Mundo, Vinte Mil Léguas, Corcunda de Notre-Dame, Reinações de Narizinho e etecétera). Com exceção do Apocalipse, o novo testamento é chato demais.

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