terça-feira, 13 de maio de 2008

Um Príncipe, um Gênio e o Mercado Cultural.

Neste último final de semana friorento passou na tevê paga O Príncipe de Ugo Giorgetti. O filme é de 2002 e, à época, fiz alguns comentários que republico aqui pros amigos.

Assisti na segunda-feira passada, dia 2/09, O Príncipe de Ugo Giorgetti. Saí do cinema entendendo o descaso dos críticos paulistas - principalmente os da Falha e do Estadão - em relação ao filme.
De acordo com o guia da Falha, o filme é apenas a história de um homem, “que depois de viver muitos anos em Paris volta a São Paulo e reencontra velhos amigos” (nenhum comentário a mais). Tal descaso parece ser coerente quando isso é por força (ou por imposição?) do tal espírito corporativo. Explico: Giorgetti mexeu com vespeiro; brandiu sobre o “Mercado Cultural”.

No filme, Giorgetti refere-se à exploração por meio de agentes culturais, os promoters executivos de grandes marcas e demais produtores culturais que intermedeiam recursos obtidos via Lei Rouanet nas grandes metrópoles. Gioegetti até debocha da grande imprensa e de articulistas dos suplementos culturais que, em conjunto com esses “fomentadores”, formam o grande “corpo”. Vejam a cômica e irônica participação do maestro Júlio Medalha.

O Príncipe é diferente de tudo o que Giorgetti produziu, pode até ser considerado um filme totalmente invendável. O conteúdo é de certa forma sutil – não se apegue aos personagens ou à trama. Pra mim, Giorgetti tirou um grande barato do “mercadão cultural”.

Aqui vai o último parágrafo do texto da coluna da Marilene Felinto*, publicado no caderno Cotidiano da Falha, nesta terça, dia 3/09. “Em comparação com outros domínios da cultura (arte, ciência, religião), a economia é, sem dúvida, a mais inferior em valor e dignidade. Mas no governo dos ricos para os ricos, no modelo capitalista neoliberal, a economia se desembaraça dos laços sociais e, prolongando sua influência, desarticula e desagrega a ordem social: só serve para embrutecer as pessoas, da dona-de-casa ao assassino, ao ladrão. Foi só para isso que serviram esses oito anos de governo FHC”.


A Falha divulgou, também nesta terça, o decreto do secretário de cultura do Município de São Paulo, Marco Aurélio Garcia, que corta em 50% os projetos e atividades culturais da Prefeitura no 2º semestre (em comparação com o primeiro). De acordo com o jornal, de julho a dezembro, em vez de gastar R$ 32,8 milhões, a secretaria só colocará à disposição R$ 16,4 milhões. No primeiro semestre foram usados R$ 35,2 milhões.

* Marilene Felinto deixou o jornal há muito tempo, prometendo não mais voltar àquela redação – colabora atualmente com a revista Caro Amigos.

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