sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Meu presente de Natal


LULINA, aquela gracinha talentosa que transita entre ETs por Olinda e Sampa, me presenteia neste Natal com “MEUS DIAS 13”, um disco que em 2 canções (“O Baculejo” e “Dia do Rock”) sou seu parceiro em pequenos trechos das letras. Explico: durante 7 meses de 2010, Lulina solicitou aos amigos que enviassem uma frase retratando os acontecimentos do dia “13” de cada um; depois, ela e Leo Monstro (sua “alma gêmea” nos arranjos e composições) gestaram 7 canções que agora disponibilizam como presente natalino; num CD com 13 músicas inéditas (para quem quiser baixar - o link tá no http://lulilandia.wordpress.com/2010/12/24/feliz-natal/). Infelizmente, os compromissos impossibilitaram a continuidade do projeto, cabendo aos dois compor as outras 6 canções que consta no disco.

Numa recente entrevista a Jotabê Medeiros, um "respeitável" crítico do caderno de cultura do Estadão, disse Lulina que o projeto era uma “vibe dadaísta” para produzir letras coletivas através da Internet. Parece que bastou ela ler os primeiros e-mails para perceber que tinha algo muito bonito nas mãos: “Eu tinha o sentimento verdadeiro do dia das pessoas, algumas se abriam completamente comigo no e-mail”. Ela afirma que aos poucos foi pegando a manha, nas últimas Lulina conseguia compor em menos de meia hora, copiando, colando e criando novas associações quase que imediatamente. “A ideia toda é dadaísta, mas eu não queria criar canções sem sentido, tentava agrupar as letras por sentimentos e gerar um novo sentido com a soma das partes. Foi como tirar férias de mim e refletir só sobre o que os outros viveram” (a entrevista na íntegra está no
http://estadao.br.msn.com/cultura/artigo.aspx?cp-documentid=26833114 ).

Gracias Lulina pelo belo e inesperado presente.

Fui parceiro nas canções do mês de "Julho" e "Outubro".

domingo, 19 de dezembro de 2010

"Um lugar do Caralho"

Dessa vez já não havia tanto gaúcho exilado em Sampa como nos primeiros shows que vi de Júpiter Maçã no começo dos anos 2 mille (nos primeiros tinha até roqueiro dos pampas com cuia de chimarrão na fila de entrada). Agora não. O público agora, e de algum tempo, é de paulista curtindo adoidado a tropical bossa-jazz-psicodélica desse cantor, compositor, guitarrista e cineasta. Li no Wikipedia que o então “Flávio Basso” (nome que consta no RG de Maçã) participou, com a banda “TNT”, da famosa coletânea de 1985 “Rock Grande do Sul”, que reuniu grandes grupos de rock de Porto Alegre, como “Replicantes”, “Engenheiros do Hawaii” e “De Falla” (eu cheguei a escutar esse álbum na casa do meu amigo Roberto nos anos 80). Ontem, o teatro do Sesc-Consolação só não tava “do caralho” porque a acústica (ou a aparelhagem) não se entendia com a banda; o som de voz estava baixo e os instrumentos saturados - nem roadie tinha quando deu pane na guitarra de Maçã. Fora esses detalhes técnicos, público e banda estavam empolgadíssimos. Todo mundo cantando “sozinho pelas ruas de São Paulo/ eu quero achar alguém pra mim/ um alguém tipo assim/ que goste de beber e falar/ LSD queira tomar/ curta Syd Barrett e os Beatles”. E outras coisas legais como “não vais namorar ninguém/ não vais conversar com ninguém/ aonde está o remédio?/ aonde está a solução?/ ao libertar-se do alcoolismo/ síndrome de pânico” e “Doidão é apelido para a paranóia/ toda jibóia, toda bóia, toda clarabóia/ querida, que tal baixar o televisor?/ deitado no divã com Woody Allen/ eu tive um sonho com aquele estranho velho alien/ que era cabeça Bob Dylan, barba Ginsberg Allen”.

Meu, parece que o cara cheirou todas as meias que encontrou e se influenciou com tudo que ouviu desde os anos 60; Jovem Guarda, Mutantes, Beatles, Syd Barret, João Gilberto, Caetano Veloso, Tom Zé, Beach Boys, Iggy Pop, Françoise Hardy, Serge Gainsbourg e Roberto Carlos. Cá pra mim, Maçã é um mix do melhor de Nick Cave, Ney Matogrosso e Jim Morrison - imaginem todos esses talentos num só sujeito.

No hilário e sacana “Desciclopédia” (que eu chamo de “Darcyclopédia", diante de tanta besteira divertida que publica) diz que Júpiter Maçã é “ídolo de maconheiros/alternativos/gays de Porto Alegre”. Diz também que ele foi chutado da banda “TNT” por suas letras fazerem apologia ao “sexo, zoofilia, drogas e terrorismo”. Segundo o site, em 2006, “Júpiter Apple” vira “Maçã” e “solta a franga de vez” ao lançar o disco "Uma tarde na fruteira", que mostra seu lado “sensual, erótico e escatológico através de canções legitimamente brasileiras e experimentos de viadagem”. A música "Marchinha Psicótica de Dr. Soup" vira a sensação entre “os Emos enrustidos que usam calça grudada no rego e invadem o Parque da Redenção aos domingos”.

Bueno. O show de ontem tava bacana, mas minha rabugice galopante (devido à idade) me faz detestar cada vez mais essa mania que alguns artistas têm de pedir pro publico bater palmas no ritimo da música executada. Enfim, tudo acabou bem para artista e espectador. Agora, se Mr. Apple (de quem curto pacas) nos chamasse de “galera” e nos pedisse pra levantar as mãos, eu saia do teatro no mesmo instante, bradando um monte de palavrão que eu não publicaria aqui no blogue.
Pra quem se interessar escute essas músicas que estão abaixo – boa parte é possível ver e ouvir no youtube. "Um Lugar do Caralho", "Miss Lexotan 6mg Garota", "Eu e Minha Ex", "A Marchinha Psicótica de Dr.Soup", "Beatle George", "Síndrome de Pânico".

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sem Palabras.


Não só os adjetivos bacanas me escapam como, quase sempre, as boas idéias pra uma elegante narrativa idem. Digo isso porque desde domingo passado procuro na minha cachola o que escrever sobre a matéria publicada na página 4 do caderno Ilustríssima (eu gostava quando se chamava “Mais”) da Falha de S. Paulo. O enorme texto trata do reconhecimento do grande autor de PORNOPOPÉIA, Reinaldo Moraes. Já falei diversas vezes aqui desse livro e do autor. Já revelei até da importância que seu livro “Tanto Faz (de 1982)” teve em minha vida de jovem leitor. Alguns amigos se empolgaram pra ler Pornopopéia e me deram razão quanto à qualidade. E eu não achava o que escravinhar sobre esse artigo da Falha desde domingo. Entonces, para minha sorte, o Marião, o Bortolotto, em seu blog (http://atirenodramaturgo.zip.net), postou um bom resumo do que eu gostaria de dizer de Reinaldo Moraes. E é lógico que vou republicar aqui. Tá logo abaixo. Gracias, Marión.


“Depois de tanto tempo, tão enfim reconhecendo o puta escritor que o Reinaldo é. A gente já vem falando há tanto tempo isso, né? A miopia da crítica tupiniquim é digna de um Mr. Magoo. Mas a matéria me pareceu uma espécie de redenção. Enfim, né? Ficou bem bacana, o foda é ter que aguentar o Ruy Castro dizendo que o Bukowski é um farsante. Acho que ele queria morar nos Estados Unidos e escrever a biografia do Velho. E eu não entendo a razão de alguém perder tempo comparando Reinaldo com Bukowski. Na minha opinião, os dois são muito diferentes, apesar do Reinaldo ser fã do Velho, inclusive traduziu "Mulheres" para a Brasiliense. Em comum os dois tem o fato de escreverem na primeira pessoa, gostarem de mulheres e de bebida (e suas preferencias costumam ser temas de seus textos) e terem um (ou os dois pés) no wild side. Mas as comparações param por aí. Reinaldo é prolixo. Genialmente prolixo. Ele adjetiva tudo, se estende sobre um assunto, tem uma escrita elegante pra caralho. Reinaldo se aproxima muito mais de Henry Miller, se a gente analisar direito. Não estou querendo dizer que ele é o nosso Miller. Reinaldo é o Reinaldo, muito mais galhofeiro, moleque, mais próximo de Oswald nesse sentido. Não sei porque ainda tento buscar comparações. Reinaldo é original pra caralho. Já o velho Buk é seco, cínico e amargo, embora eu encontre muito humor nele, o tipo de humor que me diverte muito. Sua literatura é direta como uma porrada do Mike Tyson. Bukowski não vai lutar todos os rounds. Ele dá o golpe final logo no primeiro. E o tempo todo é poético pra caralho. E é genial porque isso não é pra qualquer um. O próprio Reinaldo escreveu um dia sobre a literatura do velho Buk : 'A literatura de Bukowski é uma chuva de cascalho, um sapato abandonado no meio de uma freeway da Califórnia'. Os dois se entendem”.

Mario Bortolotto.

"DOSE DUPLA"

Hoje, às 21h, no Sesc Consolação, começa o excelente projeto que integra música e cinema chamado DOSE DUPLA. A idéia é exibir documentário de artistas que marcaram a história da nossa música, seguido de shows de outros artistas que foram influenciados pelas obras dos retratados.

O primeiro documentário é “TIM MAIA” de Flávio R. Tambellini (de 1986) – depois show de LADY ZU com preço bem popular de 10 pilas (e meia entrada para estudantes e comerciários).
No dia 11 tem o curta "Martinho da Vila Paris 1977", de Ari Candido Fernandes. O filme registra a passagem do cantor e compositor carioca Martinho da Vila por Paris, em 1977, durante uma turnê de apresentações. Em seguida show de FABIANA COZZA.

Dia 17 tem o curta "Noel por Noel", de Rogério Sganzerla. Ensaio documental sobre a música e o tempo de Noel Rosa, com colagens de imagens de arquivo, fotografias de época e filmagens de blocos carnavalescos em Vila Isabel. Depois, show de LUIZ TATIT.

Dia 18 é a vez do curta "Mutantes", de Antonio Carlos da Fontoura. Uma brincadeira mutante improvisada por Arnaldo Baptista, Sergio Dias e Rita Lee, num dia único pelas ruas de São Paulo. Em seguida show de JUPITER MAÇÃ.

SERVIÇO:
Teatro Anchieta – SESC Consolação
. Rua Dr. Vila Nova, 245.
São Paulo. Tel. 3234-3000.
Sempre às 21h.
Ingressos: R$ 10.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Provocações


Muito bom: Antonio Abujamra provoca Marcelino Freire. É so clicar no link

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes