
Bueno. Estas minhas reminiscências que botei acima servem pra eu comentar sobre o que ocorreu nesta semana no centro velho daqui de Sampa; a reinauguração do cine MARABÁ, um dos cinemas mais antigos da cidade - de 1945. Lembro que em meados de 2007, alguns resistentes amantes dos cinemas da região, convocaram - via internê – imprensa e cinéfilos para a última sessão de cinema do MARABÁ antes de seu definitivo fechamento. O filme era o “Duro de Matar 4” e eu não fui porque o horário não me permitia. A tristeza se dava pois o MARABÁ era a última, entre as dezenas de salas de cinema que já existiram no centro, a fechar literalmente suas cortinas. Todos temiam o pior: que ela se tornasse, como outras, em templos de Deus.
E desde o início de 2008, quando surgiu o boato de que a sala seria restaurada, aguardamos – na maior torcida - que o MARABÁ e outras antigas salas, como os cines PARIS, NORMANDIE, MARROCOS, ART PALÁCIO, DOM JOSÉ e IPIRANGA, tenham o mesmo destino.
Falo exclusivamente dessas seis pois são elas as únicas com condição de restauro e de revitalização, porque seus projetos arquitetônicos foram tombados pelo conselho do patrimônio histórico estadual.
Só pra vocês terem uma idéia da importância histórica dessas salas, o cine MARROCOS, que foi o cinema mais luxuoso da América Latina, abrigou o 1º FESTIVAL INTENACIONAL DE CINEMA DO BRASIL em 1954, dois anos depois de sua inauguração. Olhem só quem veio pra este festival: Vitorio de Sica, Giulietta Massina, Gina Lollobrigida, Roberto Rossellini, Virginia Mayo, Tony Curtiz, Kim Novak, Igmar Bergmam (estreou seu “Noite de Circo” aqui). Walter Hugo Khouri também lançou seu “Gigante de Pedra” neste festival.
E foi nesta sexta-feira, dia 29, que o arquiteto responsável pela restauração, Ruy Otake, e os diretores da PLAYARTE entregaram, na presença de um público VIP (do qual eu não fazia parte), as 4 salas primeiras salas de cinema do cine MARABÁ, que juntas consumiram mais de R$ 8 mijones na reforma. O barato desse dia foi ouvir das pessoas que passavam em frente ao cinema na avenida Ipiranga (quase na famosa esquina com a avenida São João) suas histórias vividas à época do glamouroso centro paulistano.
Bom. E o que resta agora é torcer para que o cine MARABÁ dê certo e sirva de exemplo.
Vejam alguns documentários com o professor da FAAP, Maximo Barros, especialista no assunto.
http://www.youtube.com/watch?v=S1DDJoX9Rfo&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=eGv4cY7ttSw&feature=related
Abaixo outros cines não tão tradicionais que existiram no centro velho:
Cine REPÚBLICA (na Praça da República). RITZ (Avenida São João), BROADWAY (Avenida São João), OÁSIS (Avenida São João), SANTA HELENA (Praça da Sé), ALHAMBA (Rua Direita), METRO (Avenida São João), JUSSARA (Praça Dom José de Barros), METRÓPOLIS (Praça Dom José Gaspar), PAISSANDU (Largo do Paissandu), OLIDO (Avenida São João - reformado pela Secretaria Municipal da Cultura), SACI (Avenida São João), ÉDEN (Avenida São João), APOLO (Rua Conselheiro Nébias), CORAL (Rua 7 de Abril).
Fotos: Zezim imagens - clique para ampliá-las.
