quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"A ORIGEM DO MUNDO"

No domingo passado adquiri o livro “7” da coleção Grandes Museus da "Falha" de S. Paulo, que dessa vez trata do Museu D’Orsay de Paris, conhecido como o museu dos Impressionistas. Já aviso logo de cara que tá fraca a seleção das obras retratadas e seus textos descritivos também (possuo os livros do museu do Prado, do Cairo e da National Galery de Londres e não pretendo comprar o restante). Quem tiver numas de conhecer (pesquisar) de verdade esses famosos museus que estão na coleção – e que não tem grana pra ir a esses lugares – recomendo a Internet que possui imagens e informações “suficientemente” precisas. Têm museus no Google Maps e Earth, como o do Prado, com boa parte de suas obras digitalizadas (em 3D de alta tecnologia) disponíveis para qualquer um observar milimétricos detalhes de telas, esculturas, etecétera e tal.

Bom. Mas o que eu queria mesmo dizer é que esse sétimo livro da coleção trouxe “A Origem do Mundo” (L’Origine du Monde), tela muito louca do pintor francês, pra lá de realista, Gustave Courbet, que está “perturbadoramente” exposta no D’Orsay em Paris; e isso me fez lembrar de que me diverti muito quando estive nesse museu em junho do ano passado. Foi um puta barato ficar na surdina observando as reações dos visitantes quando davam de cara com aquela grande vagina peluda em destaque na parede do Orsay. Alguns passavam batidos, fingindo não ver. Outros ficavam em silêncio. Uma turma de adolescentes fazia piadinhas. Acreditem: teve um cara que ameaçou vomitar (cliquem aqui pra ver outras engraçadas reações).

O legal é tentar entender essas reações perturbadoras nas pessoas. O que será que choca o visitante, hein? Em pleno século da hiper exposição por que a intimidade feminina (ou masculina) ainda causa desconforto? Será vergonha, pudor? Fiquei sabendo que, em fevereiro deste ano, durante uma tradicional feira de livros em Braga, em Portugal, a PSP, Polícia de Segurança Pública, apreendeu todos os exemplares de um livro sobre pintura cuja capa era a reprodução da Origem do Mundo por considerá-la pornográfica.
Parece que o quadro foi uma encomenda do diplomata turco, Khalil Bey, em 1866, que também ficara espantado com o resultado (e olha que o diplomata, colecionador de arte erótica, já havia comprado outras obras de Courbet). Tanto que A Origem do Mundo ficou desaparecida por longo período e só foi descoberta, atrás de outra tela menos impactante, quando o diplomata vendeu toda sua coleção para saudar dívidas de jogo. Dizem que seu último dono foi o famoso psicanalista Jacques Lacan que a doou ao museu após sua morte, e dizem também que a obra permaneceu censurada à exposição pública até o final dos anos 80 do século XX.
Enfim. O mais legal é saber que Courbet - que se divertia ao incomodar a moral burguesa da época – deve ainda se deleitar com todas essas manifestações à sua obra.


Abaixo: a "Origem" de Portugal.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

BANDIDAGEM SELETIVA

Vá entender essa nossa bandidagem brasuca. Explico: é que eu soube pelo blog do Marião, o Bortolotto (pra quem não conhece, o blog do Marião é uma dica valiosa – vale acompanhá-lo), do roubo do carro de sua amiga na semana passada, e de que o encontraram em poucos dias. Só que a caranga tava completamente depenada. Surrupiaram os bancos, as roupas que estavam sobre banco e até os pneus – sem falar dos CDs do grande ídolo dos mal-diagramados, Sérge Gainsbourg, que também se escafederam. Putz, só deixaram a lataria e o livro mais obceno e libidinoso que li neste ano, o PORNOPOPÉIA do Reinaldo Moraes. Será que a grossura das 475 páginas inibiram os meliantes ou foi o desprezo ao objeto livro? Ou será que leram algumas páginas e não deram relevância ao estilo solto e nada tradicional do Reinaldo? Talvez acharam o tema pesado demais. Vá saber...

E esse caso me fez lembrar a vez que a ladroagem do Rio Pequeno, no Butantã, faxinaram a casa do meu amigo Genaro. Ele e a esposa estavam trabalhando enquanto os meganhas entram e levaram quase tudo de valor do jovem e recém casal. Eu disse “quase” tudo de valor porque os caras eram seletivos: defronte a enorme coleção de elepês dos moradores, a bandidagem, que tinha tempo de sobra, fez uma seleção das bolachas de acordo com a sua preferência. Resumindo: deixaram pra trás discos do Tom Jobim, Rafael Rabelo, Tom Waits, Chalie Parker, Chet Baker (nem tocaram nos raríssimos discos do Elomar), mas levaram o meu “17 Big Golden Hits Super Quentes Mais Vendidos no Momento” (sim, o título do elepê é esse mesmo) do grupo satírico-musical Língua de Trapo que eu havia emprestando ao Genaro. Por que o roubaram? Because na contracapa havia a imagem de duas exuberantes mulatas, e assim pensaram se tratar de mais um disco de Samba, já que subtraíram também todos os Adonirans e Bezerras que encontraram. És fueda! Até eu levei preju com essa bandidagem pouco esclarecida (ou exigente, sei lá...).



terça-feira, 15 de setembro de 2009

PARA SWAYZE


“To Wong Foo, Thanks for Everything! Julie Newmar” - este nomão é o título do filme de que participou Patrick Swayze que eu mais gosto – no Brasil a tradução praticamente foi literal, “Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo”. Apesar de interpretar papéis pouco convincentes é nessa comédia musical de 1995, dirigida por Beeban Kidon, que Swayze está totalmente “desavergonhado” e muito corajoso porque logo após ser eleito galã do ano nos EUA (e o maior Sexy Simbol audoordi), o cara aparece como drag queen num divertido road movie no melhor estilo “Priscila, a Rainha do Deserto”.
Após a divulgação da morte de Swayze (que lutou bravamente durante dois anos contra um câncer), as revistas eletrônicas e os programas de tevês só falam dos filmes Dirty Dancing e Ghost. Do primeiro não tenho o que dizer pois pouco me interessou – pra mim é apenas mais uma repetição de musicais dançantes. Ghost de certa forma se torna imprescindível devido à forte presença de Whoopi Goldberg que salva o fraco roteiro do longa. E foi justamente em Ghost que vi pela primeira vez uma espécie de histeria coletiva (ou seria convulsão?). Explico: é que quando assisti ao filme em 1990 fui testemunha de um chororô infanto-juvenil em massa numa sessão cinema. Meninas (e diga-se a verdade: alguns meninos também) aos prantos deixavam suas poltronas ao final do filme – até minha então namorada (que não era mais nenhuma adolescente) chorava copiosamente. Jesus! Que coisa!

Ah! O Marião (Bortolotto) em seu blog me lembra de "RoadHouse" (que por aqui se chamou “Matador de Aluguel”) – filme de 1989, dirigido por Rowdy Harrington – em que Swayze interpreta o ex-aluno de filosofia que ganha a vida como chefe de segurança num bar de uma pequena cidade americana. O longa é fraco, mas tem excelente trilha – com a participação fodaça de Jeff Healey, aquele fantástico bluseiro cego que já esteve diversas vezes no Brasil e que infelizmente também faleceu precocemente aos 41 anos em 2008.

Trailer do "Para Wong Foo..."

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

4 RAPIDINHAS

1- O meu amigo Dinho Lima Flor está em cartaz no SESC-Paulista com o musical CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ em homenagem ao centenário do poeta popular PATATIVA DO ASSARÉ. A temporada começou em agosto e vai até 11 de outubro – de sexta a domingo, às 21h – no Espaço do 3º andar. O SESC-Paulista fica na avenida Paulista, 119. Para mais informações clique aqui.

2 - Começou nesta quinta-feira e vai até domingo a 14ª PRIMAVERA DOS LIVROS no Centro Cultural São Paulo – organizado pela LIBRE, Liga Brasileira de Editoras, o evento este ano conta com 7 mil títulos com descontos de até 40%. – De ruim é comentar que o senhor Kassab quase melou a feira ao não repassar a verba pro evento (Bueno. Esse filme a gente já conhece: falta de grana pra varrição de rua, pra cultura, mas propaganda de governo isso nunca). O CCSP fica na rua Vergueiro, 1000. Mais informações clique aqui.

3 - Hoje, dia 11 de setembro, às 19h, no Espaço Parlapatões tem festa de lançamento do livro PALHAÇO-BOMBA de Hugo Possolo, que diz ser uma reunião de suas crônicas e artigos produzidos para Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Revista Bravo, Jornal O Sarrafo, Revista do Anjos do Picadeiro além de revistas de teatro e também da coluna de Teatro Sujo, da era pré-blogs. O evento contará com leituras de trechos do livro por Ivam Cabral, Paula Cohen, Fábio Esposito e Mário Bortolloto. O Espaço Parlapatões fica na praça Roosevelt, 158 – Outras informações clique aqui

4 - Começou também nesta semana e vai até domingo no Itaú Cultural a mostra de filmes EM RITMO DE AVENTURA – O CINEMA DA JOVEM GUARDA. Uma retrospectiva de filmes realizados com a temática o Iê-iê-iê brasuca. Tem filmes com Roberto Carlos, Mazzaropi, Renato Aragão, Carlos Reichenbach, entre outros. O Itaú Cultural fica na avenida Paulista, 149 – pra ver programação completa clique aqui

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Vap-Vup do meu fim de semana"


No sábado passado fui ver o ANTICRISTO de LARS VON TRIER e de cara digo que o filme é um tremendo “psicodrama-macabro” carregado de cenas repugnantes; eu que me imaginava sem suscetibilidades me vi tapando os olhos para não ver alguns trechos fortes do longa. Pelo que li nos jornais, o filme causou polêmica e sofreu cortes em alguns países por causa dessas cenas aflitivas (graças aos deuses do cinema, as cópias que vieram pra gente estão na íntegra, mesmo que elas embrulhem estômagos mais sensíveis).

Lars Von Trier, que para 50% dos críticos é um “gênio” e que para o restante não passa de um “picareta”, neste filme exibiu umas das cenas de sexo mais belas que já vi no cinema (todo rodada em preto & branco e em câmera hiper-lenta, ao som de uma música de Hendel). Ele conta a história de um casal vivido por Charlotte Gainsbourg (filha do mito Sérge Gainsbourg com a atriz Jane Birkin) e Willen Dafoe que se recupera após a morte trágica de seu único filho. E é numa cabana, numa estranha floresta chamada “Éden”, que se dá o tratamento da mãe que ainda agoniza por não aceitar a perda.
Bueno. Pra eu não correr o risco de dar com as línguas nos dentes - contando os detalhes surpreendentes do filme - paro por aqui. Digo apenas que o longa tem cenas de sexo explicito, mitologia medieval e a atuação corajosa de Charlotte Gainsbourg ( pela qual recebeu a Palma de Ouro de melhor atriz em Cannes em 2009) que faz valer a pena ver o filme. Mas cabe aqui uma dica valorosa aos meus amigos homens: não descuide de suas mulheres.

E na sexta-feita fui ao lançamento do romance REI DO CHEIRO de JOÃO SILVÉRIO TREVISAN na Livraria Cultura do Conjunto Nacional na avenida Paulista. O livro conta a saga do paulista Ruan Carlos Coronado que tinha tudo pra ser um loser; sofria de uma sudorese insuportável que levou ao fim o seu casamento, mas que, ironicamente, o fez milionário, trabalhando no ramo dos cosméticos. No Rei do Cheiro, o autor fala da formação da elite brasileira e dos novos-ricos (os emergentes) que construíram suas riquezas durante o período da ditadura militar. Eu ainda não li o livro, mas prometo voltar aqui com mais detalhes.

Agora, o que eu queria falar mesmo é de João Silvério Trevisan e sua relação com seus leitores. Vi muita gente famosa e outras nem tanto esperando pacientemente a sua vez para receber o autógrafo numa longa fila dentro da livraria (putz!, dei de cara com o fantasma do Orestes Quércia – não sei se ele estava ali por causa do lançamento) porque o autor conversava com todos e, simpaticamente, se deixava fotografar levantando-se para as devidas poses carinhosas. E por causa de seu talento como romancista e em troca dessa simpatia, João Silvério, como se pode ver nas fotos abaixo, recebeu muitas flores de seus leitores.

INDICAÇÕES: pra quem se interessar pelo diretor Lars Von Trier eu recomendo o filme "OS IDIOTAS" de 1998 - numa grande casa, algumas pessoas dedicam-se a procurar o idiota que está dentro de cada um, entrando em "paranóia".
De João Silvério Trevisan recomendo a leitura de "DEVASSOS DO PARAÍSO" ou sua obra prima "ANA EM VENEZA", a fictícia história da escrava Ana, pertencente a Julia, mãe de Heinrich e Thomas Mann, que passa férias com a família em Veneza.

(fotos: Zezinho imagens)