quarta-feira, 26 de maio de 2010

Os Dinos do Bortolotto

Domingo passado fui ver outra peça do Bortolotto e fiquei novamente comovido, do mesmo jeito que quando vi Hotel Lancaster, Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet, Brutal, Medusa de Ray Ban, Uma Pilha de Louça Suja (?). Como sempre a gente encontra o drama de caras sem perspectiva de porra nenhuma nos textos do Marião, só que em "MÚSICA PARA NINAR DINOSSAUROS" são três velhos amigos, três sujeitos melancólicos sem o menor talento com as mulheres, por isso pagam putas para que os ouçam. Bebidas e copos espalhados. Um piano, um sofá e uma vitrola que toca Joe Cocker, Van Halen entre outros sons. Uma mesma música e um mesmo cenário se deslocando no tempo pra falar dos dinossauros expostos nas peles do Marião, do Lourenço Mutarelli e do Paulo de Tharso (o Picanha, que está divertidíssimo no seu personagem). Eu já vi o Bortolotto atuando na peça "Êxtase" (ainda em cartaz no CCBB daqui de Sampa) depois da merda toda que rolou com ele em dezembro passado. Assim que desci do taxi na rusvel vi o Marião sentado na entrada do teatro dos Parlapatões – faltavam mais de 20 minutos pro início da peça – , estava só; talvez nem se lembre mais de que foi ali que ele quase partiu pra outra. Cumprimentei-o como sempre, e ele, como sempre, atencioso com seus fãs (e eu sou fã do ator, do dramaturgo e do bluseiro Marião).
Nasci no finalzinho dos anos 60 e quem é dessa geração vai se identificar com os personagens. É que eles têm a sensação de estarem fora do tempo: quando havia a repressão da ditadura nos anos 70, a gente era criança e colecionávamos figurinhas Chapinhas de Ouro, Cavalo de Aço, e de times de futebol. Quando teve as Diretas-já, a gente era adolescente, estava rolando a abertura, mas só pensávamos em namorar. No impicha do Collor, a gente era velho demais pra virar cara-pintada. Ou seja: uma geração atrasada, deslocada, losers. Pra ninar a gente, o Marião colocou 6 gostosíssimas beldades em cena (que mesmo no lusco-fusco do palco, não dá para desgrudar os olhos). O chato é que aquela foi a última apresentação no Parlapatões. Talvez role outras duas na semana que vem no Dia do Teatro, é o que diz o blog Atire no Dramaturgo. No mais é torcer para que entre logo em cartaz outra peça do Marião (ou a mesma), porque vale à pena a gente se surpreender com os textos tocantes, honestos e poéticos do Bortolotto.

Eu, um dino emocionado.

3 comentários:

Rogério disse...

Zeca, quando souber a data exata dessas apresentações dá um toque no seu blog.

Silmara disse...

Que texto bonito, Zeca. Me avise também das apresentações da peça do Bortolotto.
Beijos.

ZECA LEMBAUM disse...

Meus amigos, coloquei o post co site onde está a programação completa da segunda festa do teatro - a peça do Marião faz parte da programação e vai estar de grátis.