segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SOBRE A BALADA LITERÁRIA - PARTE I

Uma das coisas mais bacanas desses eventos literários é o encontro do escritor com seus leitores e vice-versa (já falei mais profundamente sobre isso noutro post por aqui), então, pra começar, falo carinhosamente do bate-papo que tive com alguns autores.

João Silvério Trevisan, o homenageado dessa 4º edição da Balada Literária, foi bastante simpático comigo. Antes da primeira mesa da qual participaria, enquanto tomava meu café (na charmosa cafeteria da Livraria da Vila), ele autografou o meu “Devassos do Paraíso” (a pesquisa – com 586 páginas - mais importante sobre a homossexualidade, desde o Brasil colônia à atualidade). No bate-papo com os leitores reclamou da falta de interlocutores, da falta de uma crítica espontânea e especializada (Trevisan disse que as últimas resenhas de seus livros foram realizadas por jornalistas que mal sabiam de sua trajetória). Comentando sobre sua recente obra, o “Rei do Cheiro"- editora Record-2009, deu a receita do perfume de Deus, ou o “Cheiro de Deus”, que se encontra na Bíblia, no Êxodos 30,22. E afirmou que a melhor homenagem pro escritor é ser lido.



Reinaldo Moraes já deve ter vindo de alguma taverna antes de participar da mesa mais hilária da Balada 2009, pois chegou destravado total. Bom. Também não era pra menos: estavam com ele Mario Prata, Matthew Shirts e Xico Sá, outros amigos malucos de longas noitadas nas mercearias são-pedros da vida. O relato dele e do Prata sobre a roteirização da novela “HELENA” (que foi ao ar na extinta rede Manchete nos anos 80) foi de chorar de rir.
Reinaldo autografou o meu “Tanto Faz” (uma edição de 1981) que junto com o “Feliz Ano Velho” de Marcelo R. Paiva são os romances mais significativos dos anos 80 para mim.



Ivana Arruda Leite é uma autora cuja obra tem me impressionado. Não foi possível a gente bater papo, mas com muita simpatia autografou para mim o “Falo de Mulher - 2002” e a “Histórias da Mulher do Fim do Século - 1997” (do qual ficou tocada por eu possuir – e principalmente por gostar - desse seu esgotadíssimo livro).


Essa foi a primeira vez que vi João Gilberto Noll ao vivo – ele também foi simpaticíssimo durante o pícolo bate-papo que tivemos. E o que me impressionou profundamente, de tal forma que nunca mais o lerei do mesmo modo, foi saber que a voz de seus protagonistas são estranhamente parecidas – e bota “estranho” nisso. Imaginem uma pessoa muito idosa descrevendo algum fato com dificuldades... Pois é essa a locução imaginada por Noll de seus personagens.


E de forma alguma não posso deixar de fala aqui do escritor, poeta e professor Jomard Muniz de Brito. Eu já o tinha visto brevemente num evento na Casa das Rosas neste ano (onde comprei o documentário sobre o poeta Miró no qual há alguns depoimentos de Jomard), mas de forma alguma tinha a dimensão exata deste pernambucano (aliás: mais uma vez Marcelino Freire se cercou de conterrâneos na Balada). Tenho cá pra mim que quando eu passar dos 70, desejo ter o mesmo estilo de Jomard, o mesmo humor, e quem sabe, ser o mesmo desequilibrar de maus espíritos. Acreditem: o cara é ligado em 220 w, possui myspace e vídeos no youtube. Fala com todo mundo e é querido por todos. Participou praticamente de todas as mesas e eventos da Balada 2009 – em toda ocasião distribuía algum impresso poético (ou crítico) a todos. Conquistou corações e mentes.

3 comentários:

marcos sotter disse...

Zeca, você me fez de lembrar de uma época em que eu lia toda semana a coluna do Mário Prata no Estadão. Soube que ele começou a escrever a novela Bang-bang da Globo só que não terminou.

Silmara disse...

Como sempre, muito bacana sua cobertura dos eventos. Parabéns.

Fabiana Farias disse...

Lindo o autógrafo do Noll!