quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Caranguejo na Avenida Paulista.


Temos caranguejo na Avenida Paulista que vem de lá de algum estuário do Recife. Só que esse tem nome e sobrenome, com cheiro de lama e gosto de caos. Na semana antes do carnaval fui ver a exposição Ocupação-Chico Science, projeto que rola até o comecinho de abril no primeiro andar do prédio do Itaú Cultural. Dessa vez o Itaú traz objetos pessoais, fotos, depoimentos sobre vida e obra do músico pernambucano; principal cabeça do que ficou conhecido como movimento Mangue Beat. Críticos e especialistas em cultura costumam dizer que o som gerado por Chico e pela Nação Zumbi “reposicionou o Brasil no cenário da música, reverberando no cinema, no design, nas artes plásticas, na moda, na cibernética...” Eu não posso afirmar nada disso. Digo apenas que quando vi Chico & Nação Zumbi pela primeira vez achei o grupo uma mistura de muitos elementos visuais e musicais que eu já vira nalgum lugar. Mas quando descobri que aquilo fazia parte de uma agitação organizada, para qual havia até manifesto revelador (chamado “Caranguejo com Cérebro”) de uma “Manguetown”, aí me interessei pela coisa e fui atrás. Depois me assombrei com a quantidade de admiradores da banda; um fenômeno tocado em todos os bares e festas daqui da Sampa. Um som que misturou ritmos regionais nordestinos – como o maracatu – com rock, hip hop e música eletrônica. Bom. E o legal daquilo é que Chico e Nação Zumbi não estavam sozinhos, com eles: Mundo Livre S/A, Mestre Ambrósio, Otto, Cascabulho, Cordel do Fogo Encantado, Mombojó, Sheik Tosado. Por fim um novo pop brazuca ecoou e os caranguejos recifenses foram soltos pelo mundo. Fred Zeroquatro, músico do Mundo Livre S/A, disse que “viu o que era uma brincadeira de mesa de bar se transformar em algo que mudaria para sempre uma cidade e a história da música brasileira”
Quanto à exposição tenho de dizer que é muito restrito o espaço destinado a esse projeto Ocupação (que já expôs a obra de Paulo Leminski, Zé Celso, Nelson Lernier, entre outros). Essa mostra acontece de 4 de fevereiro a 4 de abril (de terça a sexta, das 10h às 21h; Sábs., doms. e feriados, das 10h às 19h) - Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149) Entrada franca. Informações clique
aqui
E uma versão paulista do Rec-Beat (que ganha o nome de “PompéiaBeat”) , festival de música que rola no Recife há 15 anos. A partir de hoje são 3 noites de shows de grupos pernambucanos e estrangeiros no SESC Pompéia. Abaixo segue a programação.

POMPÉIA.BEAT
De 18 a 20/02/2010 – São Paulo/SP
SESC Pompeia (Choperia) – Rua Clélia, 93
Ingressos: R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia) e R$ 6,00 (trabalhadores associados do SESC e dependentes)
Classificação indicativa: Maiores de 18 anos
Informações: http://www.recbeat.com/ / http://www.sescsp.org.br/
Programação:
QUINTA – 18/02/2010 – 20h
Kevin Johansen (Arg) e A Banda de Joseph Tourton (PE)
SEXTA – 19/02/2010 – 20h
Madensuyu (Bel) e Diversitronica (PE)
SÁBADO – 20/02/2010 – 20h
Cabezas de Cera (Mex) e Ska Maria Pastora (PE)

4 comentários:

Sr do Vale disse...

Zeca, fiquei sabendo do festival ontem no finzinho da tarde, ainda bem que deu tempo de ir a este grande show do ano.
Os pernambucanos mais uma vez mostram sua versatilidade na música, e sem dúvida nenhuma Cabezas de Cera recria no cenário musical a formula setentista, sem ficar preso ao tempo, suas músicas fundem o progressivo com o tecno, em timbres próprios, fazendo-nos balançar nossas cabeças parafinadas
abraços.

Unknown disse...

Zeca, demorei pra ver que era vc na foto. Incrível! Pensei que fosse alguém da Nação Zumbi.
Abç.

Laís disse...

Nossa! Nem eu percebi que era você, Zequinha.
Beijos.

marisa disse...

"Eu vou fazer uma embolada,
Um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado
Bom pra mim e bom pra tu
Pra gente sair da lama e enfrentar os urubus"
Zeca, voce ficou ótimo de mangueboy.
Beijo grande