terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"O Baião e Minha Musa"


O HOMEM QUE ENGARRAFAVA NUVENS de Lírio Ferreira me deixou emocionado quando saí do cinema neste domingo. O documentário é uma aula sobre baião, sobre a cultura do homem do Nordeste (com seu machismo típico), e fala da obra - e de uma parte dolorosa da vida íntima - do “doutor do Baião”, HUMBERTO TEIXEIRA; parceiro de LUIZ GONZAGA em "ASA BRANCA", "BAIÃO", "ASSUM PRETO", "PARAÍBA", "RESPEITA JANUÁRIO", "NO MEU PÉ-DE-SERRA" entre tantas. O filme traz o contexto em que a parceria Gonzaga/Teixeira catapultou o baião para outros continentes; uma música prestigiada até entre a alheia elite de Copacabana e Ipanema dos anos 40 e 50 - ficando evidente que a dupla sacou o que o migrante nordestino dos grandes centros queria ouvir (no pós-guerra, Luiz Gonzaga era quem mais vendia discos no Brasil – até Carmen Miranda passou a cantar baião).
Humberto Teixeira, compositor, advogado, deputado federal e criador de leis de direito autoral, teve que aprender flauta na infância porque, de acordo com seu pai, piano (instrumento de sua preferência) era coisa de mulher. E bom reprodutor dos valores nordestinos que era dá para se ter uma idéia de como o boêmio-compositor tratou suas belas esposas. É por imposição de Teixeira, que a sua filha, a atriz Denise Dummont (quem teve a idéia e produziu o documentário) deixou de usar o sobrenome da família quando ela quis ser artista. E, sem querer estragar o barato de quem não viu o filme, fiquei com a impressão de que o gênio criador de “Asa Branca” - música que retrata perfeitamente o espírito do retirante nordestino -, era incapaz de compreender seus laços familiares.
Foi partindo da idéia de que “as pessoas conheciam a obra de seu pai e não o que ele era” (o irônico é que em certo momento doloroso do filme, a filha confessa também não saber quem foi seu pai) que Denise Dummont convidou Lírio Ferreira (diretor do longas “Baile Perfumado”, “Árido Movie”, “Cartola: Música Para os Olhos”) para fazerem "O Homem Que Engarrafava Nuvens".
No documentario tem muita gente dando canja: Chico Buarque, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Belchior, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, David Byrne, Zeca Pagodinho, Lirinha, Otto, Bebel Gilberto, entre outros. Bom. O resultado é bem bacana e emociona. Agora resta esperar o mesmo sobre a vida de Zé Dantas, outro grande parceiro do rei do baião.
Ah! E o que me comoveu também foi rever Denise Dummont, uma de minhas musas dos anos 80. Eu era um pirralho fissurado (maluco) por aquele sorriso tremendamente obsceno que a atriz possuía (será que só eu notava isso?). Me lembro de que assisti ao fraquíssimo “Filhos e Amantes” só para vê-la nuazinha. Mas a gota d’água (para o meu arrebatamento) foi a famosíssima cena picante da piscina de “Rio Babilônia (de 82) de Neville D’Almeida entre ela e os atores Joel Barcelos e Pedrinho Aguinaga. Dizem, até hoje, que o que rolou naquela cena foi pra valer e nenhum dos atores envolvido nega o incidente. (esses filmes estão na grade do “Canal Brasil” – pra ver a cena da piscina sem cortes clique aqui ).
Em 1987, minha musa foi seduzir - com seu sorriso malicioso - o cineasta Woody Allen (outro fraco como eu), rendendo à atriz uma cena musical no clássico “A Era do Rádio”.


2 comentários:

Unknown disse...

E vc já viu Denise Dumont em Eros-O Deus do Amor?

ZECA LEMBAUM disse...

Caro, Claudio, esse filme é uma convardia à nós machos: Hugo Khouri reuniu o maior elenco de beudades femininas do cinema brasileiro e botou neste filme.
Vou pesquisar, depois boto os nomes de todas elas aqui.
Abraço.