quinta-feira, 27 de novembro de 2008

VIRA CULTURA

Rola nesta sexta e sábado (dias 28 e 29) a primeira edição do projeto VIRA CULTURA na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, que ficará aberta durante 37 horas com apresentações circenses, saraus literários, sessões de cinema, DJs, pockt shows, grupos de dança, entre outras. Parte das atrações serão digrátis (as peças teatrais terão preços populares).
Vai ter Nelson Ayres Trio, Guinga, Beto Brant (bate-papo), Banda Vanguart, Doutores da Alegria, Paulo Scott e convidados (sarau), Fabiana Cozza, Danilo Gentili (Stand-up Comedy) e Paula Lima pra encerrar o evento.

Veja programação completa no http://www.livrariacultura.com.br/vira_cultura/index.asp

terça-feira, 18 de novembro de 2008

“Dedicação Total a Você” (ou, Da Casa do Zezinho às Casas Bahia).

Abri este espaço na blogosfera para, além de dar dicas de eventos interessantes, me divertir escrevendo bobagens, mas arrisco neste momento a fugir da proposta para falar de certo assunto que pouco me agrada, que não domino e do qual não pretendo (com este post) exercer influência alguma. Quero apenas transcrever parte do texto que li e que muito me comoveu (entristeceu), já que eu também trabalho numa organização social – não governamental - que propõe idéias e atua com o objetivo de assegurar algum tipo de oportunidade a quem vive condenado pela pobreza.

Falo do “assassinato” de Alberto Milfont Júnior, de 23 anos (que freqüentou a ONG Casa do Zezinho), cometido por um segurança de uma das lojas das CASAS BAHIA, quando o rapaz e sua esposa compravam um colchão. O fato pouco repercutiu e o senhor Samuel Klein, proprietário dessa rede de lojas populares, não veio a público lamentar ato tão bárbaro que se passou numa de suas 550 filiais. De imediato a empresa divulgou nota dizendo-se lamentar do “incidente”, informando que a tragédia foi “fato isolado”.

Como disse Elio Gaspari, “Samuel Klein, hoje um dos homens mais ricos do Brasil, chegou aqui nos anos 50 com pequenas economias. Conseguiu isso porque fez freguesia entre os consumidores de baixa renda. Quando um cliente é assassinado numa de suas lojas, ele não deve permitir que o caso seja tratado como um mero episódio contratual, burocrático. Klein já conviveu, num ponto muito maior, com a banalidade do mal e a irrelevância de vida. Durante a Segunda Guerra, ele foi prisioneiro nos campos de concentração de Maidanek e Auschwitz. Salvou-se porque recebeu a graça da solidariedade humana.”


Segue o texto:
A CASA DO ZEZINHO ESTÁ DE LUTO

Em 1996, a Casa do Zezinho estava engatinhando, formando sua pedagogia do Arco Iris, que abre as portas das possibilidades de sonhos para quem dela faz parte. Sonhos de vida, sonhos de crescimento. Entre os Zezinhos que vieram para cá nesse ano, tinha um, o Alberto, com 10,11 anos, que ficou com a gente por muitos anos, até 2003. Alto, magrinho, alegre e brincalhão. Não perdia a oportunidade de mexer com os outros, de fazer a gente rir. Mas levava a sério o que fazia, participando de tudo. Das oficinas culturais, principalmente. Fazia parte do grupo de dança, que mostrou o Cidadão Zezinho para São Paulo inteiro (...). Fez parte do projeto Clowns, que criou um espetáculo chamado Barraco 3x4, que mostrava e criticava, com muito bom humor, a situação humilhante em que o povo da periferia vive (...) Mas não foi num fim de semana que mataram Alberto. Foi em plena segunda-feira, nas Casas Bahia, que é a grande oportunidade de compra para quem não tem dinheiro. Crediários a perder de vista. E quem perdeu a vista e a vida foi Alberto. Num segundo, com a nota fiscal na mão, Alberto morreu, explicando para o segurança que não era ladrão e sim cliente. Por que estava mal vestido? Ou vestido como todo mundo aqui se veste, porque não pode comprar Nike, Zoomp, ou sei lá quais são as marcas da moda. Uma violência estúpida num mundo estúpido, onde a vida está por um fio. E ninguém ouve ninguém. (...) Os sonhos, o trabalho, o projeto de vida, o filho de 5 meses, a companheira, o colchão que eles foram comprar, tudo fica para trás. Para uma próxima oportunidade.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

SEGUNDA-FEIRA

Segunda-feira é dia da primeira feira da semana.
Segunda é o segundo dia da semana;
corresponde ao segundo dia das quatro semanas de cada mês:
são ao total quarenta e oito Segundas-feiras num ano.
Primeiro dos dias úteis da semana que vai até sexta.
Mas é o segundo da semana toda.
Deus disse: “guardarás o sétimo dia da semana para o descanso" (que era o Sábado):
segunda, não.
Para estar bem na Segunda depende do Domingo.
Segundas-feiras têm instabilidades,
variações,
ressacas,
distúrbios,
letargias,
imprevisibilidades.
Segundas-feiras têm CAOS!








sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Movimentos Rápidos




O Michael Stipe tava animado e o público mais ainda, e eu não tenho a mesma empolgação de outrora pra assistir shows de rock. Achei tudo pauleira demais: tão acelerado que nem meus rápidos movimentos dos olhos captaram a catártica performance do magrelo careca Stipe, que discursou Obamizado, feliz da vida, em vários momentos da noite (com meu inglês fajuto “acho” que ele disse o seguinte: “O futuro dos EUA mudou na semana passada e eu estou animado pra voltar pra casa.” ). Pensando melhor; ainda bem que rolou assim; porque botaram um tal de “Wilson Sideral” pra fazer abertura e o cara tava me dando sono. Em suma: valeu à pena. O R.E.M. é uma das únicas bandas que vieram pra cá nos últimos anos que deu vontade de ver: Nirvana, Creedence, Pink Floyd, U2, Ozzy, e mesmo os Rolling Stones não despertaram em mim essa mesma vontade.

Não era o show do Morrissey (ex-The Smiths) , no entanto, o público tava repleto de marombados cantando em delírio todas as canções com Stipe, até as mais recentes. No palco havia um enorme telão que projetava flashes distorcidos, fora de sintonia; uma mescla de videoclipes, cenas da platéia e slogans favoráveis a Obama. Tudo muito frenético, mas que regulava o clima da noite.

Com toda certeza aquele set-list de mais ou menos 30 canções empolgaria todo mundo dentro do Via Funchal: reconheci as antigonas do disco Document (The One I Love e Its The End Of The World...) do Green (a maravilhosa Orange Crush), do Out of Time (Losing My Religion - esse disco meu irmão surrupiou de mim quando casou), do The Best Of In Time (Bad Day e Imatation Of Live – gosto demais das duas). Fiquei sabendo recentemente que Stipe é padrinho da filha de Kurt Cobain e Courtney Love e foi por isso que a platéia entoou em transe “Everybody hurts".
Bueno. Apesar da “Obamação” (ou Obamania) do show posso dizer que senti um gostinho de anos 80, fato que cai bem pros velhinhos como eu.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

R.E.M.

Amigos: verei logo mais à noite Michael Stipe e banda (digo, R.E.M.). Neste momento em que o horror econômico (financeiro) mundialmente se instalou vou, como nos meus tempos de adolescente (quando ia a shows de rock), bradar com toda intensidade It's the End of the World as We Know It (and I Feel Fine)





sexta-feira, 7 de novembro de 2008

GALERIA DO ROCK

Se você tem interesse por antropologia da cultura social (tu é metido à intelectual, né!) e curte Rock à beça: seus problemas acabaram-se! A Galeria do Rock na rua 24 de Maio, no centro velho de Sampa, é um paraíso pra você. Gente de todas as idades e de todas as tribos do Rock passa pela tal galeria num só dia; uma visita durante a semana é mais sossegada e tranqüila, mas recomendo mesmo é que você vá nalgum sábado – imagine um lugar em que desde o início dos anos 80 tornou-se ponto de encontro de punks, góticos, metaleiros, grunges, e que agora está dominado por EMOs (urg!), sem esquecer que no subsolo estão os manos e as minas do Hip-Hop. Mas ciente de que entre os agrupamentos humanos o pau comeu solto, você perguntaria: essas tribos todas se entendem? Não rola briga? Dizem que na época em que se fumava muita maconha por lá, também rolava muita porradaria entre roqueiros e “carecas” (entenda-se, skinheads), grupo que não mais frequenta a galeria, por motivos óbvios.

Veja que fato chique: a galeria foi inaugurada em 1963 - com o nome Shopping Center Grandes Galerias - para atender serviços de alfaiataria e o comércio de souvenires franceses. Mas é a partir da década de 70 que passa a ser conhecida como Galeria do Rock, quando começa a se instalar diversas lojas de discos; a mais antiga é a Baratos e Afins do Luiz Calanca, aquele que produziu discos fenomenais de Itamar Assumpção, Arnaldo Baptista (ex-Mutante), Ratos de Porão, Golpe de Estado, Vange Miliet, Bocato, Alzira Espíndola, entre outros. E diz a lenda que Bruce Dickinson (vocalista do Iron Maiden) e Kurt Cobain (ex-vocalista do Nirvana) já passaram por lá apenas para dar uma volta pelos corredores – até o manda-chuva pelego e ex-ministro José Dirceu já discursou na Galeria nos anos 60 (veja foto abaixo).

Na hilariante pagina Disciclopédia (plágio bem-humorado da Wikipédia), a “Galeria do Rock foi fundada em 350 a.C. pelos 12 apóstolos numa época onde Jesus Cristo ainda era hippie e constantemente fugia dos mandamentos de seu pai para se embebedar, praticar sexo livre e curtir um bom rock n' roll (...). Com o passar do tempo, os judeus foram confinados no prédio onde praticavam suas orgias e adoração a deuses, fundando então a Galeria do Rock, porém, após a ascensão de FHC ao poder, a galeria foi privatizada aos EMOs, que passaram a freqüentá-la cada vez mais e a transformaram no cenário cor-de-rosa que hoje se encontra. Como um câncer, eles fizeram células dentro da Galeria e se instalaram definitivamente, tornando a Galeria num mercado de acessórios para seus seguidores: a EMO Point de Sampa City (...)”

Fiz esse preâmbulo todo pra dizer que fui à Galeria nesta quinta-feira novamente, e dessa vez não foi pra comprar presente pra algum amigo ou sobrinho roqueiro como das últimas vezes; foi para consumo próprio: eu estava à procura de uma camiseta do R.E.M. que me servisse. É isso aí. Eu que pouco me importo pelo que rola no pop/rock mundial vou, na próxima terça, dia 11, assistir no Via Funchal ao show dessa oitocentista banda norte-americana - e de certa forma, procurei estar “caracterizado” para o evento. A última vez que senti vontade de fazer a mesma coisa foi no século passado pra ver uma das apresentações do QUEEN (aquela banda do histriônico Freddie Mercury) no Morumbi – nem vou contar o ano que foi senão algum aluno ou amigo vai me achar antigo demais. Bom, mesmo me sentindo fora de contexto let me sing, let me sing my rock’n’roll…












segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Festa do Boi do Morro do Querosene

“Sim. Agora tá confirmado, mesmo!” Foi o que eu disse pra Carol e pra outros amigos que queriam saber da data da derradeira festa (do ano) do boi lá no Morro do Querosene - o pessoal do Grupo CUPUAÇU me enviou mensagem eletrônica avisando que a festa da “MORTE DO BOI” vai rolar no próximo Domingo, dia 09, a partir das 10 horas – com entrada franca e várias atrações.

Putz! Saber o dia exato dessas festas do Morro é coisa pra bom detetive; o povo do Querosene não tem website e os membros de sua comunidade do Orkut são os últimos a ter conhecimento de tudo. Cada um chuta uma data (equivalente a mesma do ano anterior) e sai divulgando como a correta. Teve uma vez que mobilizei uma tropa pra ir numa dessas festas e adivinhem o que aconteceu?

A coisa é mais ou menos assim: são três festas anuais; quando chega próximo do “Sábado de Aleluia” (antes ou depois) é a vez da festa de NASCIMENTO do Boi (ou Renascimento, ou Ressurreição) ; no mês de junho, antes ou depois do dia de “São João”, rola o BATIZADO; e próximo de Finados é a MORTE do Boi.

Pra quem não sabe, os festejos do Boi-Bumbá que acontecem na praça central do Morro do Querosene foi trazido pelo cantor, compositor, artista popular, diretor, ritmista, capoeirista maranhense Tião Carvalho, que montou também o Grupo Cupuaçu a partir das oficinas de danças brasileiras que rolavam no Teatro Vento Forte em 1986.

Fiz todo o colegial ali no Vigília (EE Vigília Rodrigues Alves de Carvalho Pinto) que fica encostada à rodovia Raposo Tavares. Meus melhores amigos e as minas mais interessantes moravam no Morro do Querosene – nem preciso dizer que eu não saía de lá. Nossa turma de alunos era dinâmica: fazíamos teatro (montamos não sei quantas vezes o “Auto da Compadecida” – sei falas inteiras até hoje – e a “A Inconfidência” – texto de criação coletiva), tínhamos uma banda maluca que tocava todo o repertório do Língua de Trapo e algumas coisas do Premê, e do rock nacional.

Nosso “QG”, onde bolávamos esquetes, perfomances, shows, e outras coisas (estudar, nem tanto), era na casa do Luiz no finzinho da rua Afonso. Os pais dele eram legais com a gente e nunca estavam em casa; preciso descrever algo mais... Minha única aflição, aliás, minha doce aflição era a bela irmã do Luiz - ela me achava inteligente e divertido e nada mais. Pobre Zezinho.

Bueno. Quando descobri as festas do Boi no Morro eu não estudava mais no Vigília e não via há muito tempo a minha turma, muito menos a irmã Luiz (lembro que eu trocava as últimas palavras do refrão daquela música que o Gonzaguinha cantava com seu pai, e ficava assim: “Minha vida é andar por esse pais pra ver se um dia ‘encontro a irmã do Luiz’...”).

Durante a década de 90 acho que não perdi um ano sequer, mesmo que eu fosse apenas numa das três festas anuais. Neste novo século não tenho conseguido manter essa regularidade, mas me esforço pra ir. Não quero perder o vínculo emocional que tenho com as festas do Morro e com o próprio Morro.

SERVIÇO:
Festa Morte do Boi do Morro do Querosene

Dia 9/11, a partir das 10h.
Rua Pe. Camilo (esquina com as ruas Cícero de Alencar e Frederico Pradel)
Vila Pirajuçara - Butantã.