quarta-feira, 4 de março de 2009

"Palavra (En) Cantada"



Pois então. O projeto “Palavra (en)Cantada” - que o produtor Marcio Debellian apresentou na Bienal do Livro de 2005 - que pretendia “mergulhar no universo particular de grandes compositores brasileiros, seus livros e autores preferidos, e com a relação que cada um tem com a poesia / literatura em seu processo criativo”, virou documentário premiado e estréia no dia 13 de março aqui em Sampa.

E o resultado é que o filme dirigido por Helena Solberg e pelo próprio Marcio Debellian discute de forma descontraída e leve a relação entre poesia e música, letra e canção por meio de depoimentos de feras como Adriana Calcanhotto, Antonio Cícero, Caetano Veloso, Chico Buarque, Lenine, Maria Bethânia, Tom Zé, entre outros.

Bueno. Mas antes disso, no dia 10, vai rolar uma exibição gratuita no Cine Bombril, às 20 horas, dentro do projeto Folha Documenta, acompanhada de um debate-papo entre os diretores, os escritores Marcelino Freire e Ferréz, e o professor Luiz Tatit.
Para assistir ao trailer é só clicar aqui.
Mais informações aqui.

7 comentários:

Anônimo disse...

Nós brasileiros adoramos poesia sem saber disso. Muitos colegas que não tem o hábito de ler jáme disseram que poesia é viadagem, frescura,etc, no entanto, muitos deles adoram MPB, cantam em rodas de violão. Daí a gente pode fazer uma ponte com a questão da reforma ortográfica e o seu comentário sobre a importância de facilitar a aquisição da escrita no Brasil. Há um "aparthaid" entre língua escrita e falada no Brasil, cuja causa é complexa e profunda. A ortografia é só a ponta do "iceberg" (os estrangeirismos também). Enfim, um país cheio de abismos separando as pessoas, a começar pelo econômico. Mas enfim, estamos aí na batalha...

ZECA LEMBAUM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ZECA LEMBAUM disse...

Há sim essa contradição poesia/canção/viadagem. Concordo contigo: há um imenso caldeirão de "abismos" separatistas como você diz - a ortografia é somente um vintém.

Unknown disse...

Misteriosas palavras, Zé Del Ben. O homem em geral ama o que conhece. Como pode um povo analfabeto (ou semi) amar poesia? A propósito, o que você quer dizer exatamente com "nós, o povo brasileiro"? Sob certo ponto de vista, que ora adoto, você não se parece com o povo brasileiro. Seria um cisne que não se reconhece? Não percebe que o resto do bando te acha um patinho feio? Jovem demais? Recusa-se a enxergar? É curiosa a tendência de certa esquerda intelectualizada de se identificar com o povo brasileiro.

crisim disse...

Tá certo que "povo" e "brasileiro" são conceitos abstratos construídos e banalizados até significarem tanta coisa que no final das contas não significam coisa nenhuma. Assim como "esquerda" e "intelectual"...
No meu conceito de poesia cabem literatura de cordel, o pagode nos bons tempos de improviso, os causos contados por contadores de histórias ao pé de um fogão a lenha, muitas e muitas músicas da nossa "dita "MPB", como por exemplo as maravilhas do Cartola. Então o povo-no-conceito-de-não-ser-euzinha-classe-média-conformada conhece sim poesia. Saber ler não dá atestado a ninguém. Se fosse assim os aedos da Grécia Antiga não teriam criado a Ilíada e Odisséia, analfabetos que eram.
Valorizar o "conhecimento", outra palavrinha também muito esvaziada, faz ficar cego para muitas manifestações artísticas.
Sobre o Zé Del Ben ser povo brasileiro, não é questão cabível e para piorar, permeada de preconceitos. Se é ou não é, isso não desqualifica nem qualifica a opinião dele. É cantilena que não leva a nenhuma conversa proveitosa.

Anônimo disse...

Eu voto na Crisim!

Pobre gosta de poesia sim, meu camarada! Nem precisa saber ler pra gostar. Olha o Patativa cantando, lá longe! Moda de viola, embolada, cordel, pagode-velho, tudo poesia.

Na escola pública, habitat natural do pobre imaturo, poesia faz sucesso, desde que se dê liberdade de escolha, variedade, livros bem cuidados e um ambiente agradável e acolhedor para que se façam as escolhas, sem muita formalidade.

Unknown disse...

Caro Ioda,

O brasileiro médio não gosta de poesia, assim como não gosta de música clássica, não gosta de teatro, não gosta do chamado cinema independente. O que faz brilharem os olhinhos imaginários do abstrato brasileiro médio é mesmo novela, Big Brother, cervejinha gelada, futebol, praia, mulheres cheias de curvas, homens ricos etc. Essa mania de glamourizar o brasileiro médio é coisa bastante anacrônica, lembra Gonçalves Dias, José de Alencar.