segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"O Teatro Resiste! Bortolotto Viverá!"


UM DEPOIMENTO:


Das peças do Marião eu já vi “Nossa Vida não Vale um Chevrolet”, “Uma Pilha de Louças Sujas”, “Brutal” e “Hotel Lancaster”. Das que ele dirigiu ou atuou eu vi “O Natimorto”, “A Noite Mais Fria do Ano”, “Aos Ossos que Tanto Doem no Inverno” e outras tantas que não lembro o nome. Alguns curtas metragens com Marião em cena: “Balaio”, “Enjaulados” e “A Calda do Dinossauro”. Até livro do cara eu possuo: “Mamãe Não Voltou do Supermercado”. Pô, com tudo isso não posso negar que sou fã da obra do Bortolotto. E é por tudo isso que fiquei chocado com a violência sofrida pelo dramaturgo – e também por eu ser freqüentador dos teatros da Praça Roosevelt; aliás: já me considero um habitante do local (aqui no blog há um enorme registro de eventos dos quais participei na Roosevelt).
E não me canso de falar pros amigos de como o Marião é talentoso: escrevendo teatro, poesia, canção - seja lá o que fizer, ele deixa sua marca, seu registro bukowskiano, abandonado, sofrido e hébrio. Em seu teatro não há heróis fáceis; não espere final feliz nos textos do cara. É aconselhável levar capacete e escudo de proteção nas peças de Bortolotto, porque vai voar pedrada para todo o lado.
Algumas vezes vi sua performance bluseira com a banda “Saco de Ratos” – sua voz rouca e potente me lembra muito Tom Waits, de quem gosto demais. E o legal é que o Marião compõe Blues da melhor qualidade em bom português. Mas cá pra nós, eu tenho mais predileção é por sua banda jazzística “Tempo Instável”, onde sua voz ressoa um pouco mais natural, como na bela canção “Teste de Farmácia” do disco “Tempo Instável” cuja capa traz ilustração de Carlos Carah (também ferido na fatídica noite).
Vivo trombando com o Marião por Sampa e, no entanto, sou daqueles que evita aproximação com os ídolos, pra não deixar que o mito se desmistifique. Mas, certa vez, tomando uma cerva comigo na Mercearia São Pedro, ele me contou que se transformou em dramaturgo porque percebeu o quanto era caro montar texto de outro autor. Daí o Marião passou a escrever seu teatro autoral com seus inesquecíveis personagens auto-destrutivos, à beira do caos. E como disse Ivana Arruda, estou curioso pra ver o que o Marião vai escrever sobre essa violência depois que sair dessa. Em breve, é lógico!

3 comentários:

Laís disse...

Zeca, querido, eu não conheço esse Mario, mas gostei de seu depoimento.
Parabéns...
Bjs.

Silmara disse...

Dá pra ver que você gosta mesmo do trabalho do Mario.

Júlia Tavares disse...

Oi, Zequinha!
Estava há tempos sem visitar seu cafofo e fiquei feliz de ver/ ler tantas menções ao Bortolotto. Daqui de Minas estava meio fora do ar, sem ler repercussões bacanas, fora as notícias da Folha. E pelo seu depoimento consegui lembrar que assisti a "Pilha de louças sujas..". Como trabalhei na Vila Buarque, acompanhei as margens do renascimento da Roosevelt... E fico na torcida para que ela resista!
Bueno, da próxima vez por SP a gente bem que podia combinar uma passada por lá, não?
Ou você pode vir comer o rango mineiro direto da fonte...
Beijos!!
Júlia.