quinta-feira, 30 de outubro de 2008

RANHETICES

Ando meio ranheta ou são as intolerâncias que devo creditar a minha (pouca) idade.

Primeiro: ontem, dia nacional do livro, na saída da estação Vila Madalena do Metrô, um sujeito me aborda e tasca, a queima roupa, aquela pergunta que me causa aversão: “você gosta de poesia?” Putzgrila! Tenho muita admiração e respeito por poesia e por poetas, no entanto sinto uma vontade danada de responder que “não” (por achar essa pergunta invasiva demais), porém acabo educadamente dissuadindo esse vendedor de livro de poesia (ou seria, poeta que vende seus livros de poemas). Pô, esses caras padronizaram a forma de abordagem? Parece que todos agem assim. E se eu tiver sem grana e sem tempo pra ver o livro do cara, o que devo responder? Ao invés de me interpelarem dessa maneira porque não me perguntam se curto leitura ou se tenho tempo pra ver seus trabalhos poéticos.
Outra: acho que sucumbimos de vez. Basta uma olhada nos hipermercados (Carrefour, Extra, Lojas Americanas, Pão de Açúcar, etc.) pra perceber que está chegando o dia do RALOIM. Chapéus de bruxas, máscaras de monstros, lanternas de abóboras, e mais uma infinidade de produtos pra comemorar uma data do calendário festivo norte-americano – até a 25 de Março sucumbiu. Há pouco eu botava culpa dessa submissão (ou invasão) cultural na proliferação dos cursos de inglês voltado para o público infantil. Mas ledo “Ivo” engano. Os maternais, as escolinhas particulares e até a rede pública de Educação Infantil (as Emeis) não resistiram; hoje, mesmo, entrei num ônibus com crianças de uma escola municipal fantasiadas pro Raloim. Meu, nem quero imaginar a minha reação quando algum pivete xexelento bater a minha porta apregoando “gostosura ou travessura”.

6 comentários:

marisa disse...

Zé, aqui no Rio, por enquanto, é só a classe média das escolas particulares que festejam o Halloween, mas concordo contigo que é uma merda. Nos barzinhos daqui também tem poeta vendendo livro e fazendo a mesma pergunta.

marcos sotter disse...

Tem um pessoal que tenta revitalizar o Saci Pererê como forma de resistência contra o ralowin. A última vez que fui a Londrina, foi nesta mesma época do ano, e todas as escolas de lá comemoravam o dia das bruxas.

Anônimo disse...

Tá divertido seu blog, Zeca.
E cá pra nós; você tá um pouquinho obsoleto, né.

Laís disse...

É rala-o-hímen, Zé.

Janaína disse...

Ranhetice, né Seo Zé? O "vendedor" de poesias anda espalhado pelas ruas de Sampa há algum tempo. No espaço UNIBANCO então, não se pode tomar uma breja sussegadim sem que um desses venha fazer a perguntinha desafiadora. E lá alguém vai responder que não? E no fim o cara ainda me fila um Mallboro...

ZECA LEMBAUM disse...

1. E não é que vi uma molecada pedindo doces aqui em Perdizes... Num barzinho chique daqui contrataram um casal que se travestiram de Bruxa e Vampiro pra receber os clientes.
2. É verdade, Jana, nas calçadas do Espaço Unibanco da Augusta o assédio do vendedores de poesia é massante.
3. Monica, tô obsoleto, mas em pleno uso de todos os componentes.
4. É verdade, Marcão. Dia 31 de outubro virou dia do SACI.