quinta-feira, 3 de junho de 2010

Fatalidade


Ontem, quando fiquei sabendo do assassinato do escritor paranaense Wilson Bueno, nada atinei de sua morte, pois julgava desconhecê-lo. Mas lendo os comentários sobre a fatalidade da qual vítima, descobri que o cara fora o criador de um dos melhores jornais de poesia, conto e crônica que já pararam em minhas mãos. Tô falando do NICOLAU, um suplemento cultural famosíssimo nos anos 80 e 90. É fato que o Nicolau recebia apoio do governo estadual que bancava sua grande tiragem, no entanto tinha uma cara de independente. Um jornal fortemente regionalizado com toques da produção cultural de outros estados. A primeira vez que peguei um exemplar do Nicolau foi quando eu me preparava para o vestibular da PUC-SP, em 1987; se não estou enganado, a edição trazia o conto "ONÍRICO" de Caio Fernando Abreu. Foi no Nicolau que ouvi falar pela primeira vez de Dalto Trevisan, Mário Quintana e Alice Ruiz - nem preciso dizer que Paulo Leminski era personalidade constante no jornal. Bom. Não tenho certeza, mas acho que Nicolau não existe mais, pelo menos com o mesmo peso de antes. Numa entrevista ao site literário TRÓPICO, Wilson Bueno disse que o jornal foi até 1994 “quando entrou o [governador] Jaime Lerner, que colocou para secretário [estadual de cultura] um velho caduco, que praticamente expulsou a mim e a minha equipe” do suplemento. Além do conteúdo de primeira (divulgador de contos, poesias, resenhas, entrevistas, ensaios fotográficos, e HQs), Nicolau tinha um projeto gráfico inovador que impressionava, diferente, e muito antes das inovações tecnológicas da webdesign. Entre as quinquilharias que guardo há anos, com toda certeza, há algum exemplar do Nicolau perdido.
Wilson Bueno tinha 61 anos e escreveu mais de 10 livros, entre eles se destacam “Mar Paraguayo” de 1992, “Cristal” (1995), “Os Chuvosos” (1999), e de 2007,
“A Copista de Kafka”.


3 comentários:

Silmara disse...

Zeca, aqui em Santos, o Nicolau circulou também. Isso quando eu ainda fazia ginásio em 91. Será que acabou mesmo?
Beijos.

Rogério S. disse...

Pô, Zeca, e foi no Nicolau eu conheci Leminski, só não me lembro quando. Desculpe, mas nos anos 80 eu era criancinha. rsrsrs.

ZECA LEMBAUM disse...

O senhor, Rogério, foi criança,sim, só que lá nos idos de 50, he he he!
Abraço procê, meu chapa.