segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet

Porradaria. Pra “não” variar, no Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet do Mário Bortolotto a porradaria come solto. Que novidade há nisso? Nenhuma. Todo mundo sabe o que esperar de um texto do Mário representado pelo Cemitério de Automóveis – não tô dizendo aqui que o cara é repetitivo. É que a gente sabe que não vai ter moleza quando aguardamos na platéia o inicio de alguma montagem do cara – é fato que vi poucas peças do Cemitério e do Mário, mas as que assisti me permitem afirmar que sua dramaturgia é foda; o cara tem a manha de falar do lixo que nossas cidades ocultam. Não se trata apenas da violência que o cotidiano massacrante impõe ao excluídos; ele fala é da merda que cutuca cada um de nós, expondo aquilo que não gostamos em nós. Eu sempre encontro nos personagens do Bortolotto alguma cagada que eu também cometi; e isso incomoda.
Bueno. Mas tudo isso que falei um monte de gente, mais capacitada que eu, também já considerou. O que eu queria comentar mesmo é sobre a atuação do ator Mario Bortolotto, que pra mim surpreendeu; não pelo talento, pois isso eu já percebi em outras montagens (como por exemplo, em Aos Ossos Que Tanto Doem No Inverno), mas pela agilidade física. Sempre o vejo por aí nalgum sarau, nalgum bar, nalgum canto da Roosevelt, e me parece que o cara está sempre se arrastando com dificuldades – sei que ele operou o joelho recentemente. Por isso confesso que fiquei besta nesta sexta na reestréia do Nossa Vida.... tanto com o texto (que vi pela primeira vez) quanto com a desenvoltura “física” do ator Mário. É que pra interpretar o marginal burro e paspalhão Bortolotto deu pulos, com gestos extensos, acompanhando uma fala ágil, tudo isso com um vigor invejável – diferentemente do Marião que vivo trombando por aí.

Aviso: Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet tem somente mais 3 apresentações. Sempre as sextas, a meia-noite, no Espaço Parlapatões da Praça Roosevelt.

Um comentário:

Rodrigo Torres disse...

Zé, eu nunca fui lá nos teatros da praça Roosevelt, mas quero ir. Quando você me avise.