quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Show do Língua de Trapo


Habemos Língua de Trapo inteiramente digrátis neste próximo sábado, dia 30. O show vai ser em comemoração ao aniversário de 448 anos do bairro de Pinheiros, e como a banda fez parte da geração de artistas conhecida como Vanguarda Paulistana - movimento de grande expressão que aconteceu no teatro Lira Paulista, um porão da Rua Teodoro Sampaio (em frente à Praça Benedito Calixto), convertido em teatro de 200 lugares, que se tornou, no início dos anos 80, uma espécie de centro cultural alternativo onde se encontravam não apenas músicos, mas representantes das diversas expressões artísticas da cidade -, o grupo apresentará “Conchetta” entre outras canções que lançaram na época do Lira (eles vão tocar músicas inéditas também).

Já falei muito do Língua aqui no blog, mas pra quem ainda não conhece, o LT é uma banda paulistana com mais de 25 anos de estrada e que se mantém mordaz e atual. Sempre com composições irreverentes, sarcásticas, irônicas; no palco apresentam paródias, piadas e esquetes com muito bom humor e um pouquinho de escracho.
Em 1982, a banda produz e grava pelo selo Lira Paulistana seu primeiro LP, LÍNGUA DE TRAPO, conhecido por “Azulão", por causa da capa, cuja imagem segue abaixo.

Estarei por lá, com toda certeza.

Serviço: Show Allegro Ma Non Trappo, de graça, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros. Dia 30 de agosto, às 18h - dentro da Programação “Liras Paulistanas”, que comemora os 448 anos do bairro de Pinheiros.
Rua Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros
(esquina com Rua Cardeal Arcoverde).
Tel.30825023





segunda-feira, 25 de agosto de 2008

TOCA RAUULL!


Dia atípico foi o de quinta-feira passada pra mim. Primeiro almocei pastel de feira com garapa geladinha - luto quase que bravamente contra a fritura que faz parte de meu cardápio alimentar desde a infância, mas as quintas sou derrotado vergonhosamente. Também pudera: as melhores barracas de pastel estão na calçada em frente ao meu prédio – como que um feitiço, o cheiro dessa iguaria sobe os dez andares provocando-me. Resistir é impossível – pelégo, mesmo.

À tarde tinha intenção de ver no cine Olido, na av. São João, uma retrospectiva de curtas de Agnès Varda, era o último dia e a programação durava toda tarde até as 21h. Pouco depois de uma da tarde fui acometido por algo parecido com o “efeito bandejão” (só quem freqüentou os bandejões dos campi da USP sabe o que é uma digestão estranhamente lenta – mas ninguém sabe o agente nauseativo que fadiga alunos e funcionários há anos); resultante da comilança de pastel. Nauseabundo perco as duas primeiras horas de projeção, no entanto, por coincidência, chego no exato momento em que centenas de “malucos belezas” que, concentrados em frente ao Teatro Municipal, se preparavam para sua 18ª passeata em homenagem a Raul Seixas, a “Passeata do Raul”, como é conhecida.

Foi o próprio Raulzito quem inspirou seus séquitos, quando, em 1972, saiu, juntamente com o mago brasuca, Paulo Coelho, caminhando pelas ruas do centro do Rio e de Sampa propagandeando a auto-zombativa canção Ouro de Tolo, do genial disco Krig-Há, Bandolo! Com a morte do roqueiro em 1989, seus fãs idealizaram no ano seguinte, pro dia 21 de agosto, a primeira passeata pelo centro paulistano. O evento pegou. Chegou até a entrar pro calendário festivo da prefeitura, mas parece que foi por pouco tempo. Como eu já disse aqui em outro texto, se você bolar um evento cultural que mobilize qualquer espaço público, os administradores públicos farão de tudo pra te desestimular: inventarão normas e regras pra que sua idéia não vá pra frente. O motivo é simples: se o que você propôs não calhar com o desejo impetuoso de autopromoção desses administradores pode esquecer, meu chapa.

Pouco importando com a ausência de mídia e com o ostensivo aparato policialesco, gente de todas as idades estavam mais a fim de tomar cerveja e cantar todo o repertório do músico do que chamar a atenção do público. Aquilo não se caracterizava como uma manifestação; tava mais pra um encontro de fãs. Só de sósias do roqueiro eu contei uns 10, mais metaleiros e punks ocupavam as escadarias do Teatro pra depois seguirem o percurso até a Praça da Sé.

Acompanhei a passeata ao lado de um senhor, fã do cantor, que veio do Paraná exclusivamente pra ver o evento com as netas. Ele se dizia impressionado com tanta “gente que nem sequer tinha nascido quando Raul cuspia nas estruturas”. Os próprios organizadores dizem que essa é a “única passeata do mundo em que ninguém reivindica nada”. Com a exceção de um pequeno grupo que gritou “Fora Kassab!” ao passar na frente da prefeitura no Viaduto do Chá, o evento rolou sem entreveros; não houve brigas, tumultuo e ninguém cuspiu em nada.







terça-feira, 19 de agosto de 2008

8 Rapidinhas do Chacal





1. um momento
pronto. passou.
outro momento.
pronto. passou.
mais um momento.
de novo. passou.
pra que tanto momento
se você não me sai do
pensamento ?

2. É PROIBIDO ROLAR NA GRAMA
O jeito é deitar e rolar

3. se quer,
fique.
eu que já não sei
sequer
ficar.

4. Rápido Rasteiro.
vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.
aí eu paro, tiro o sapato
e danço o resto da vida.

5. muitos lutam por uma causa justa
eu prefiro uma bermuda larga
só quero o que não me encha o saco
luto pelas pedras fora do sapato


6. A VIDA E MUITO CURTA PARA SER PEQUENA.

7. chegue-se
dispa-se
coma-me
vista-se
e
chispe-se

8. Osama nas alturas !

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Playboy e o Intelectual que Merecemos

Nós marmanjos testosteronizados, não necessariamente quando adolescentes, manifestamos atitudes recorrentes como forma de suprimir essa descarga hormonal que nos distingui como machos da espécie. Isso é fisiologia pura. Consciente desse fenômeno corpóreo, o mundo editorial (e toda indústria do entretenimento), obviamente condizente com o domínio masculino desde os tempos idos, nos tornou fetichistas.

E esse papo-cabeça todo é pra dizer que desde o lançamento da aguardadíssima edição da Playboy com a Tiazinha (Suzana Alves), em 1999, eu não me interessava tanto pela revista. E olha que depois disso já posaram para o periódico beldades que, nós machos, consideramos supra-sumo, como Monica Carvalho, Danielle Winits, Juliana Paes e a deusa Vera Fischer.

Não sei se nós somos absurdamente fetichistas ou se o prazer feminino é boicotado pela mesma indústria mercantilizadora dos desejos dos machos. Porque eu duvido que as mulheres não cobicem ter seus referenciais masculinos estampados em capas de periódicos destinados exclusivamente a elas; isso porque, pro mundo gay, já rola.

Voltando. É somente agora que lançam a Playboy de Agosto com a belíssima Carol Castro que me interesso em foliar a revista. As poses registradas da fogosa atriz são belas, sem exageros nem acrobacias, valem pelas cores e paisagens.
Mas o que mais me tomou a atenção foi a entrevista exclusiva publicada nesta edição. Logo na capa, numa pequena manchete do canto direito, lê-se o que se seguirá: Paulo Coelho, o mago brasuca, se julgando o “intelectual mais importante do Brasil”. Isso já é demais. Sem comentários.


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Lira Paulistana (448 aniversário de Pinheiros)


Reproduzo aqui parte da programação do site (http://www.bibliotecas.sp.gov.br/) da biblioteca Alceu Amoroso Lima com os eventos em comemoração aos 448 anos de Pinheiros.

Começa hoje com bate-papo com alguns protagonistas do Lira Paulistana e eu estarei por lá - faça chuva ou frio, ou os dois.



Lira Paulistana

Pinheiros completará, no dia 15 de agosto, 448 anos. Fato marcante na sua história recente, cujos ecos ainda ressoam com força expressiva, o Lira Paulistana merece destaque nas comemorações do seu aniversário. O porão da Rua Teodoro Sampaio, convertido em teatro de 200 lugares, tornou-se, no início dos anos de 1980, uma espécie de centro cultural alternativo onde se encontravam não apenas músicos, mas representantes das diversas expressões artísticas da cidade. Na sua curta existência, foi palco de toda uma geração de artistas, incluindo os músicos desde então conhecidos como Vanguarda Paulistana. Apesar de fechado há mais de vinte anos, aquele momento ainda é extremamente representativo para o bairro e para as novas gerações que por ali circulam. Para contar um pouco sobre essa história, convidamos algumas pessoas que ajudaram a escrevê-la:

Bate-papo com Mário Manga, Skowa, Turcão e Wilson Souto Jr. (Gordo)Mediação de Laert Sarrumor Dia 15 de agosto, 6ª feira, às 19h

Bate-papo com Chico Pardal, Paulo Barnabé e Suzana Salles.Mediação de Laert Sarrumor. Dia 22 de agosto, 6ª feira, às 19h

SHOWS
Patife Band Criada em 1985 por Paulo Barnabé, a banda nasce com influência das técnicas de composição erudita contemporânea das quais surgem ritmos assimétricos, células atonais, harmonias dodecafônicas. Há também assumida influência de punk-rock, jazz e ritmos brasileiros. Com formação diferente da original, busca atualmente novas sonoridades. Com Paulo Barnabé (bateria e vocal), Paulo Braga (piano), Matheus Leston (sintetizador) e Celso Veagnoli (sax tenor barítono). Dia 16 de agosto, sábado, às 18h

Suzana Salles Integrante da chamada Vanguarda Paulistana, iniciou sua carreira com Arrigo Barnabé, na Banda Sabor de Veneno, e Itamar Assumpção, na Banda Isca de Polícia.Com eles gravou, respectivamente, Clara Crocodilo e Às Próprias Custas S/A. Tem parcerias com Itamar Assumpção, Ná Ozzetti, Chico César e Paulo Padilha.O seu último CD solo, As Sílabas, foi apontado pela crítica como um instigante instrumento de resistência dentro do atual panorama musical brasileiro. Ao lado do músico e compositor Paulo Padilha, a cantora apresentará canções de Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé e Luiz Tatit, além de relembrar momentos marcantes de sua carreira. Dia 23 de agosto, sábado, às 18h


Língua de Trapo No show Allegro ma non trappo, a banda paulistana com mais de 25 anos de estrada se mantém mordaz e atual. Com a irreverência de sempre - sarcasmo e ironia mesclando paródias, piadas e esquetes - serão apresentados os seus sucessos, agora repaginados, e ainda músicas inéditas, impagáveis sátiras de costume que são a marca registrada do grupo. No repertório: Conchetta, Tudo para o Paraguai, Força do Pensamento e Country os Brancos. Com Laert Sarrumor (voz), Sérgio Gama (voz, violão e bandolim), Marcelo Castilla (acordeon e teclado), Zé Miletto (teclados), Valmir Valentim (bateria), Cacá Lima (baixo e vocal) e Marcos Arthur (percussão). Dia 30 de agosto, sábado, às 18h

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Bienal do Livro


Alguns amigos que visitam o blog me cobram informações sobre a 20ª Bienal Internacional do Livro de Sampa que começa no dia de hoje e vai até o dia 24/08 no Anhembi. Embora eu queira ir pra ver alguns lançamentos e alguns debates, não tenho vontade alguma de divulgar esse evento. Vou explicar: As bienais de livro, tanto a de Sampa, de Minas, quanto a do Rio, têm se tornado meros feirões (sem liquidação ou descontos) de fim de estoques do mercado editorial brasuca. Nada, além disso.

Confesso que perdi a paciência na última que fui. Fiz longa jornada por vários estandes de grandes e pequenas editoras e o que mais vi foi a multiplicação de publicações de livro de auto-ajuda – tá certo, já que os organizadores dizem que a bienal é “a grande vitrine da produção editorial brasileira”. Outra coisa que me aborreceu foi os inúmeros vendedores de assinaturas de revistas; eles são invasivos pra caraca, não dão sossego. E ainda temos que pagar pra entrar.

Vejam isso: na Falha de S. Paulo de hoje, o diretor editorial da Sextante disse que “a bienal funciona como uma alavanca para as vendas de Natal”. E conclui: “o que vai acontecer lá em dez dias, entre visitação e movimento de compra, é bacana como feira”. Preciso dizer algo mais? Na verdade, as editoras tão pouco preocupadas com o leitor - com os escritores, pior ainda; logo eles que são os responsáveis pelo conteúdo do produto “livro”. É a tal visão restrita, ridícula e mercantilizadora de um objeto cultural.

Tudo bem. Alguém pode me achar ingênuo e me dizer que o “mercado” (seja ele de que gênero for) é pra vender, vender e ter lucro, principalmente isso. Mas daí eu perguntaria, e a função social que mesmo sob um mundo capitalista é regra elementar? Meu, esse é um papo chato demais...
E o pior é que até as secretarias estaduais de cultura e o MEC também colaboram com isso: a partir do momento que promovem políticas de fomento direcionado às editoras e não aos escritores e leitores. Onde trabalho como educador já cansamos de enviar ofícios solicitando doações de livros das editoras e nunca obtivemos retorno.

Uma proposta: em vez de uma bienal do livro (quero dizer, das editoras), que tal uma bienal do “Leitor”.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O Rasif (Recife) de Marcelino


Saí do Vocabulário, no sábado chuvoso da semana passada, provavelmente muito depois da meia-noite e meia. Obviamente tomei muita cerveja – antes num churrasco com amigos e depois no Espaço B_arco (onde rolava o Vocabulário). Fui à rua Teodoro Sampaio esperar o Lapa 856R que me deixaria na Afonso Bovero, de lá desceria, na sola, três quarteirões pra chegar em casa. Obviamente que o tal ônibus já tinha deixado de circular naquele horário. No meu bolso havia menos de quinze realitos que era insuficiente pro táxi. Fodeu!
Perder o busão já me aconteceu diversas vezes e isso não seria um problema – o foda era o xixi que tava na portinha. Poderia eu procurar um cantinho qualquer e me aliviar, mas o diacho é que também precisava executar o “número 2”; e esse, sim, consistia em perigo iminente.
E antes do fim do segundo tempo aparece Marcelino Freire - vindo também do Vocabulário, cujo evento ele foi um dos MCs - me oferecendo gentilmente carona em seu táxi até a avenida Dr. Arnaldo; de lá peguei outro táxi que me custou pouco mais de dez paus pra me largar em Perdizes. Ufa!

Bueno. E nesta próxima quinta, dia 14, no próprio Espaço B_arco, Marcelino lançará seu quinto livro de contos, RASIF – MAR QUE ARREBENTA. E vou lá com toda certeza, não para retribuir a gentileza, vou porque – assim como foi com seus outros livros - esse eu li empolgado. Marcelino é porreta e descreve as violências sutis que se escondem nas coisas do cotidiano. Pra mim, o grande barato de seus livros é que posso ouvir Marcelino lendo cada parágrafo desses seus textos, que lembram o ritmo, a verve e a veemência dos Cordéis (pra quem nunca o viu lendo seus textos segue um link onde ele recita e explica seu excelente conto Da Paz – que, graças aos santos, entrou em Rasif - http://br.youtube.com/watch?v=treQ9XXNQas )

Serviço: o lançamento de Rasif - Mar que arrebenta será feito em São Paulo em 14 de agosto, às 19 horas, no Centro Cultural b_arco, na Rua Dr. Virgílio, 426, em Pinheiros.
Em Recife, o lançamento ocorre no dia 29, às 17 horas, na Livraria Cultura, na Rua Madre Deus, 271.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Espírito Esportivo e os Vira-latas.


Vou proferir um bocado de xingamentos (desaforentos) no dia em que eu encontrar aquele meu professor (se é que posso chamá-lo disso) de Educação Física do Colégio Daniel, em Little River. Bom, mas nem de “Educação Física” posso me referir àquilo que esse professor oferecia a seus alunos em meados dos anos 80 do século passado. Jamais esquecerei seu nome e sua fisionomia, mesmo que eu o encontre velho e debilitado. É trauma da pior qualidade. O cara ensinou o que é “complexo de vira-lata” a sua turma de alunos. E nós aprendemos – desgraçadamente – na prática.

O que ele considerava “aula” de Educação Física consistia em dividir as molecadas (naquela época homem não dava aulas às meninas) pra formar vários times de futebol de salão, de vôlei e de basquete. Botava todo mundo pra correr em volta da quadra (como única forma de aquecimento) e depois entregava a devida bola pra que se iniciasse a partida da modalidade que seria aplicada no dia. Fundamentos, técnicas, alongamentos, preparação física, a gente nunca teve com esse professor (e tivemos que suportá-lo até o fim do ginasial).

Entre nós até que não havia aborrecimentos, já que vínhamos todos da mesma classificação social, com desajustes culturais, físicos e econômicos semelhantes. Mas nosso “amado” mestre de Educação Física era um “sádico-social”, com uma “sociopatia” dirigida exclusivamente aos não-privilegiados. Atingia o êxtase vendo-nos sucumbir diante de adversários superiormente bem nutridos, fisicamente e tecnicamente preparados pra qualquer prática esportiva.

Tomamos vareios homéricos no futebol, no basquete e no vôlei de colégios como Bandeirantes, Santa Cruz, Aplicação da USP, entre outros. Lembro até hoje da gente (os pobres e derrotados atletas do Daniel) voltando pra casa de busão (sim, não tínhamos nem que nos levasse pra esses enfrentamentos) com a cabeça baixa e com uma tristeza estranha no olhar – havíamos deparado com o “conflito entre classes” através do esporte.

Por isso eu nunca acreditei nessa balela de “espírito esportivo”. Digo sempre que acho legal praticar esporte e não tenho nada contra quem se dedica a isso. Só me recuso a acreditar em “competição esportiva” – e não me venham dizer que no esporte a competição é "saudável". Saudável é o escambau... Bota um sujeito americano concebido e criado com leite tipo “A” pra competir com um esforçado atleta oriundo da Vila Dalva (no Rio Pequeno): vai ser gozação.

E isso tudo que digo é pra deixar claro que já estou de saco-cheio dessa olimpíada de Pequim. Não suporto ver as vinhetas da poderosa Globo (e dos outros canais também) glorificando a toda hora o tal “espírito esportivo”. No dia da cerimônia de abertura vi Orlando Silva, o ministro dos Esportes, ao lado de Carlos Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), dando entrevista coletiva e se gabando de que o Brasil levava a maior delegação da nossa história a Pequim - sem comentar, é claro, que só 12% de nossa rede escolar tem quadra esportiva.

E tem mais: esses atletas todos que vão representar o Brasil são abnegados; sem apoio, boa parte, dependeu de esforço e empenho próprio pra chegar a esta olimpíada. Alguns contam com “vaquinha” feita entre os amigos pra adquirir as passagens de ida e volta da China E durante as competições serão humilhados por nações que bombam seus competidores com todo tipo de droga pra que defendam a todo custo o orgulho pátrio (não dá pra esquecer o caso do bombado americano Lance Amstrong, heptacampeão da Tour de France, que nunca foi molestado pelos agentes da comissão anti-doping, que por coincidência também eram norte-americanos) .

Enfim. Não tenho paciência nem espírito (esportivo) algum pra acompanhar o desdém do primeiro mundo contra os vira-latas.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Vocabulário Volume 2


Os poetas e escritores Chacal, Marcelino Freire, Marcelo Montenegro, Paulo Scott e Gabriel Pinheiro avisam que o VOCABULÁRIO volume 2 (“Circo Poético Lingüístico”) – que vai rolar neste sábado, dia 9, a partir das 18, no B_ARCO seguirá assim: vários artistas farão leituras e performances. Mostrarão as várias caras e sotaques da palavra falada e musicada. Entre os convidados estarão Ademir Assunção, Adrienne Myrtes, Alice Ruiz, Antônio Xerxenesky, Berimba de Jesus, Caco Pontes, Carol Bensimon, Cristine Bartchewski, Diego Grando, Guilherme Smee, Ivana Arruda Leite, Marcela Lordy, Maurício de Almeida, Mônica Montenegro, Olívia Araújo, Pedro Tostes, Pierre Masato, Reginaldo Pujol Filho, Ricardo Silvestrin, Rodrigo Carneiro, Rodrigo Ciríaco, Rodrigo Rosp, Ronaldo Gama, Rui Mascarenhas, Samir Machado de Machado e Taimee Cortino.

Nesta segunda edição do Vocabulário será exibido o curta ANA CRISTINA CESAR, com performance de Martha Nowill, dirigido por Fernanda D´Umbra. E estão prometendo grande show de encerramento com Edvaldo Santana; Flu com Simone, Arruda e Eunice. Joca Terron e Ney Piacentini prometem apresentação inusitada. Haverá também o espetáculo Profissão de Febre, com a Neuza Pinheiro e os músicos Tonho Penhasco e Ronaldo Gama.

O chato é que desta vez vão cobrar 5 reais de entrada. O Espaço Cultural B_arco fica na Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 426, em Pinheiros.
Tô com programação já marcada pro sábado, mas o Vocabulário II eu não vou perder.



segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet

Porradaria. Pra “não” variar, no Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet do Mário Bortolotto a porradaria come solto. Que novidade há nisso? Nenhuma. Todo mundo sabe o que esperar de um texto do Mário representado pelo Cemitério de Automóveis – não tô dizendo aqui que o cara é repetitivo. É que a gente sabe que não vai ter moleza quando aguardamos na platéia o inicio de alguma montagem do cara – é fato que vi poucas peças do Cemitério e do Mário, mas as que assisti me permitem afirmar que sua dramaturgia é foda; o cara tem a manha de falar do lixo que nossas cidades ocultam. Não se trata apenas da violência que o cotidiano massacrante impõe ao excluídos; ele fala é da merda que cutuca cada um de nós, expondo aquilo que não gostamos em nós. Eu sempre encontro nos personagens do Bortolotto alguma cagada que eu também cometi; e isso incomoda.
Bueno. Mas tudo isso que falei um monte de gente, mais capacitada que eu, também já considerou. O que eu queria comentar mesmo é sobre a atuação do ator Mario Bortolotto, que pra mim surpreendeu; não pelo talento, pois isso eu já percebi em outras montagens (como por exemplo, em Aos Ossos Que Tanto Doem No Inverno), mas pela agilidade física. Sempre o vejo por aí nalgum sarau, nalgum bar, nalgum canto da Roosevelt, e me parece que o cara está sempre se arrastando com dificuldades – sei que ele operou o joelho recentemente. Por isso confesso que fiquei besta nesta sexta na reestréia do Nossa Vida.... tanto com o texto (que vi pela primeira vez) quanto com a desenvoltura “física” do ator Mário. É que pra interpretar o marginal burro e paspalhão Bortolotto deu pulos, com gestos extensos, acompanhando uma fala ágil, tudo isso com um vigor invejável – diferentemente do Marião que vivo trombando por aí.

Aviso: Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet tem somente mais 3 apresentações. Sempre as sextas, a meia-noite, no Espaço Parlapatões da Praça Roosevelt.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Flap e Cemitério


E logo mais, às 19h, estarei na biblioteca Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros, para a abertura da FLAP 2008. Este encontro literário nasceu como contraponto à festa literária de Paraty (a Flip). E esta quarta edição, que começa hoje e vai até o dia 8, recebe autores nacionais e latino-americanos.
Sem o glamour de abertura das festas de Paraty, a Flap no dia de hoje apresentará os poetas Alfredo Fréssia (Uruguai), Alberto Trejo (México), Maria Eugenia Lopez (Argentina), Frederico Barbosa e Eduardo Lucena (Brasil). Também tem o lançamento da nona edição da revista “O Casulo”.
Serviço: Rua Henrique Schaumann, 777, Pinheiros – a entrada é digrátis.

E a meia-noite vou ver no Espaço Parlapatões a reestréia de NOSSA VIDA NÃO VALE UM CHEVROLET do Cemitério de Automóveis.
Serviço: praça Roosevelt, 158, entrada: 20 pilas (10, meia).

Hoje, os amigos me encontrarão fácil, fácil.



O Tesão da Tetê

Certeza eu não tinha, mas o rapaz que estava ao meu lado, com sua namorada, também achou o mesmo. De certo então estávamos vendo Tetê Espíndola entre as estantes de livro do primeiro piso da Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Ela está diferente; nem se parece com aquela cantora espalhafatosa que no Festival da Globo de 1985 uivava ao fim de Escrito Nas Estrelas. Bom, mas agora ela é uma senhora. Sim! E isso pouco importa. O que não sai de minha lembrança é ela berrando em alto e bom som, em frente das câmeras da conservadora e direitista Globo, a palavra até então proibida: TESÃO. Falo até hoje que ao proferir com ênfase essa palavra, a cantora transgrediu um monte de conceitos antiquados que muita gente (digo: mídia também) tinha com o vocabulário verdadeiramente ativo. O papo é cabeça e é longo também, e eu não quero me estender, mas vejam que até bem pouco tempo nem um ator de novela (principalmente da Globo) diria MERDA, depois de sofrer uma queda. CARACAS é uma forma quase inocente de brandir CA-RA-LHO com todo fervor, quando se tem vontade. E por aí vai....

Voltando a Tetê. Vendo a programação de shows que rolam em Sampa neste fim de semana descubro que ela vai se apresentar hoje e amanhã no Tom Jazz da Avenida Angélica; pelo nível da casa até que não estão caros os ingressos – 35 pilas.

Bueno. Segue logo abaixo um texto que fiz este ano – que fala sobre o mesmo assunto - pouco antes da minha viagem a Paris, quando eu ainda estava atrás dos documentos para obter o Passaporte.


“JOVEM: AO COMPLETAR 18 ANOS ALISTE-SE (...) !” “A SEGURANÇA DO BRASIL EM NOSSAS MÃOS.”

Amigos, duvi-de-o-dó que alguém não tenha escutado estas frases nalgum momento. Até bem pouco tempo eu pensava que o(s) autor(res) destas ‘pérolas’ fosse(m) algum tecnocrata miliciano pós-meiaquatro. Ledo Ivo engano. A coisa começa por volta de 1910, véspera da primeira Guerra Mundial, quando o então Ministro da Guerra, Hermes da Fonseca, reorganiza as Forças Armadas e institui o Serviço Militar Obrigatório – anteriormente, no Brasil, havia um misto: voluntários e convocados em caso de conflitos externos.

E pra fazer o marketing desse novo modelo de serviço à pátria, o presidente Venceslau Brás, contratou por uma “módica” quantia, o Duda Mendonça da época, o fodão, o poeta parnasiano Olavo Bilac. Sim. Aquele que “ouvia estrelas”. Muito respeitado, Bilac cunhou essas frases convocatorescas e tornou-se garoto-propaganda do serviço militar obrigatório, viajando todo o Brasil (gastando à vontade o cartão corporativo da época) pregando o patriotismo.

Bueno. Mas por que estou dizendo tudo isso? É porque nesta quinta-feira (hoje) completei 18 aninhos. Não é pra rir... Quero dizer que voltei a me “sentir” com 18 anos. Explico: pra tirar o passaporte preciso do CAM (Certificado de Alistamento Militar), que foi surrupiado por um assaltante, em 1993 (que levou outros documentos também). É que justamente hoje fui à Junta Militar da rua Guaicurus requerer a 2ª via do CAM. No local havia uma fila com uns 15 moleques se alistando – todos com 18 anos cheirando leite Ninho ainda. E eu lá, todo barbado, entre aqueles teens cumpridores do dever pátrio.

Todo procedimento reservado aos futuros recrutas foi dispensado a mim - quero dizer que aquilo é chato mesmo. Me lembrei exatamente do dia que fui me apresentar no quartel de Quitaúna - do tratamento “vip” que os Recos da unidade ofereciam à molecada que enfrentava mais de 5 horas de fila. Lembrei também de muita coisa da época dos meus 18 anos. Isso, sim, foi legal.

Aquele foi o ano em que finalmente gostei de um primeiro colocado de um festival de música realizado pela Rede Globo. Tetê Espíndola venceu cantando Escrito nas Estrelas. (no festival anterior, quem levou foi a Lucinha Lins cantando a horrorosa Purpurina) Na escola não havia um que não repetisse “pois sem você meu t-e-s-ã-o”. “Tesão” era uma palavra proibida, a gente não sabia como a censura havia liberado. A Tetê era conhecida no circuito alternativo paulistano e foi chocante vê-la quase histriônica num figurino espalhafatoso. (segue vídeo com Tetê cantando Escrito nas Estrelas
http://br.youtube.com/watch?v=S0yY-NGjtsI)

O segundo lugar quem levou foi Miriam Mirah com Mira Ira – excelente música composta por Lula Barbosa. O terceiro foi pra outra grande cantora, Leila Pinheiro, que interpretou a bossíssima Verde de Eduardo Gudin. O quarto lugar quem levou foi Emilio Santiago, cantor que o bairrismo paulista não tolera (nem eu, of course!). Naquele ano também fui ao Morumbi ver o melhor Show de Rock de mai life, QUEEN. Nem preciso dizer que adorei o histrionicíssimo Freddie Mercury.

Bem. As lembranças vinham e eram boas. Eu até que estava gostando da fila e de voltar a ter 18 aninhos. Mas fiquei fulo no momento da entrevista quando o atendente qualificou a taxa que eu deveria pagar pela 2ª via como “multa” – sina de brasileiro patriota: pagar multa por ser vítima de assalto.